CBERS-4A Acelera Para Ser Lançado no Final de 2018

Olá leitor!

Segue abaixo uma interessante matéria  postada que foi na edição de janeiro do ”Jornal do SindCT“, destacando que o Projeto do Satélite CBERS-4A acelera para ser lançado no final de 2018.

Duda Falcão

CIÊNCIA E TECNOLOGIA

INTEGRAÇÃO E TESTES SERÃO REALIZADOS NO BRASIL

CBERS-4A Acelera Para Ser
Lançado no Final de 2018

Apesar disso, especula-se que este pode ser o último satélite da série a ser executado
pelo INPE, porque a Visiona, contratada para montar o SGDC, estaria em expansão:
“Ela está avançando em outras áreas”, diz gerente do CBERS

Shirley Marciano
Jornal do SindCT
Edição nº 54
Janeiro de 2017

Foto: Shirley Marciano
Antonio Carlos de Oliveira Pereira Junior,
gerente do Programa CBERS

A parceria com a China no Programa CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres) pode estar em xeque, restando ao INPE ficar fora do jogo ou com outro tipo de participação. Isto porque, com a criação da Visiona para integrar o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicação (SGDC), cogita-se transferir para ela os satélites encomendados pelo governo.

Embora não exista nada oficial, essa ideia, que circula há bastante tempo, toma corpo porque o próprio diretor do INPE, Ricardo Galvão, expôs na entrevista concedida ao Jornal do SindCT sua posição de que o instituto deve criar suas próprias demandas de pesquisas, de modo a ocupar seus servidores com satélites científicos. Ele disse ainda que o INPE não deve ser uma “fábrica de satélites”, e esboçou preocupação com o número reduzido de servidores, que segue numa tendência de queda, em virtude das aposentadorias e de não haver possibilidade imediata de reposição.

No caso do CBERS-4A, contudo, não há possibilidade de mudanças, pois os contratos já foram assinados e o cronograma definido. “As agências espaciais brasileira (AEB) e chinesa (CNSA, sigla em inglês) estão discutindo os CBERS-5 e 6, mas a parte técnica ainda não está sendo debatida, principalmente no que diz respeito ao processo de execução. Portanto, não me arrisco a responder sobre esse assunto. Se vai ter participação da Visiona, eu não sei”, comenta Antonio Carlos de Oliveira Pereira Junior, engenheiro do INPE e gerente do Programa CBERS pela parte brasileira. “Há sim, por parte das agências, uma intenção de maior participação das indústrias. Sobre qual será o papel do INPE, ainda não há nada definido. Mas não tem como negar que a Visiona é uma realidade”, prossegue Pereira Junior na conversa exclusiva com o Jornal do SindCT. “Não sei se ela foi criada só para o SGDC. Ela está avançando em outras áreas; entrando no mercado”.

Cronograma

Com relação ao cronograma do CBERS-4A, há uma preocupação para conseguir executar tudo até o final de 2018, quando ocorrerá o lançamento. As verbas só foram disponibilizadas no dia 23 de novembro de 2016, com a sanção presidencial do Protocolo Complementar, que seguiu o rito após aprovação no Congresso em agosto. Este protocolo tem o objetivo de estender a parceria entre os dois países. Na verdade, ficou muito tempo parado na Casa Civil devido à falta de um dos documentos, a Cláusula de Solução de Controvérsia, que é um item praxe nos contratos de cooperação internacional (confira em http://migre.me/w0K6p).

“Somente no dia 6 de dezembro assinamos o contrato com a fundação de apoio [FUNCATE – Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologia Espaciais] para compra dos equipamentos. Estou ‘no sufoco’ para viabilizar isso [a integração, teste e lançamento do satélite], porque só pudemos atuar na parte de compras a partir de novembro de 2016. Mas não ficamos parados. Nós tivemos várias reuniões com os chineses, mexendo com documentação e tratando de outros assuntos. Lembrando que parte dos nossos equipamentos já está fabricada, porque são remanescentes do CBERS-4. No entanto, mesmo com o desafio do tempo curto, está mantido o lançamento para 2018”, assegura o gerente do CBERS

Ainda de acordo com Pereira Junior, há duas semanas ele, Galvão e representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) estiveram na China. Na ocasião, tornou-se palpável o atraso brasileiro. “Eles já estavam com tudo comprado e integrado em modelo de voo”, compara.

Os equipamentos já foram especificados para que a FUNCATE possa adquirir. A ideia é que o teste final de integração do modelo de voo aconteça em 12 meses, e deve começar ainda este ano. A integração e teste de todo o satélite serão realizados no Brasil, cumprindo o acordo de revezamento com a China. O Laboratório de Integração e Testes (LIT--INPE) já se prepara para executar todo esse trabalho. Um dos grandes desafios será trabalhar em tempo exíguo com recursos humanos insuficientes.

Preocupações

Mesmo havendo sinal verde para dar início às aquisições dos equipamentos, ainda assim há preocupações financeiras, porque existe dúvida de quanto será efetivamente repassado ao programa. Todo ano, o Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) é votado e, assim, reservam-se determinados valores para cada ministério e projeto. Porém, mesmo depois de votado e aprovado, esses montantes não necessariamente chegam aos órgãos ou instituições destinatários. Isso porque podem ocorrer os temidos “contingenciamentos”.

“Eu tenho preocupação com relação ao que de fato será disponibilizado de verbas. Ou seja, um orçamento não se traduz no valor que será recebido, diferentemente do que acontecia em outros anos. Em 2016, tivemos a sorte de receber aquele dinheiro de repatriação [R$ 50,9 bilhões arrecadados pela Receita Federal, oriundos de recursos mantidos ilegalmente no exterior], que foi para vários ministérios, inclusive para o MCTIC. Foi o que salvou”, desabafa Antonio Carlos.

Outro temor quanto ao orçamento é a entrada em vigor da famigerada emenda constitucional que institui um teto para os gastos públicos, a ex-PEC 55. Ela fará a equipe econômica do governo cortar R$ 4,7 bilhões do Orçamento Geral da União em 2017. Até o momento não está claro se o MCTIC também será afetado e em que medida.

Há também o receio de eventuais embargos do governo Trump que venham a prejudicar a aquisição de matérias-primas ou componentes, como o alumínio aeronáutico que é comprado dos EUA. Mas o gerente do CBERS afirma que até o momento não houve sinalização negativa a esse respeito.


Fonte: Jornal do SindCT - Edição 54ª – Janeiro de 2017

Comentários

  1. Pensando no CBERS-4A e eu nem ví imagens do CBERS-4, já conseguiram diminuir o desmatamento na Amazônia?

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    Respostas
    1. Olá Rodrigo!

      As imagens coletadas pelos Satélite CBERS-4 estão disponíveis no site do INPE.

      Abs

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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