Auditoria do Tribunal de Contas Apoia Alteração na Governança da AEB e PEB
Olá leitor!
Segue abaixo uma interessante matéria publicada na edição
de Fevereiro e Março do ”Jornal do SindCT“, destacando que uma
auditoria realizada pela Secretaria de Controle Externo do Estado de São Paulo
(SECEX/SP) do Tribunal de Contas da União (TCU) apoia alteração na governança
da AEB e PEB.
Duda Falcão
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
RELATÓRIO FOI DIVULGADO EM DEZEMBRO DE 2016
Auditoria do Tribunal de Contas Apoia Alteração na Governança da AEB e PEB
Auditores do TCU respaldam avaliação do corpo técnico da
Agência Espacial de
que é necessária a vinculação direta à Presidência da
República, de modo a
coordenar diversos órgãos do Estado
Shirley Marciano
Jornal do SindCT
Edição nº 55
Fevereiro e Março de 2017
Uma auditoria para “identificar possíveis objetivos e
ações de controle relativos ao Programa Espacial Brasileiro [PEB], como foco
nas atividades relacionadas ao desenvolvimento de satélites pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)” foi realizada entre 18 de julho e 19 de
agosto de 2016 pela Secretaria de Controle Externo do Estado de São Paulo (SECEX/SP)
do Tribunal de Contas da União (TCU). Dela resultou um relatório com 45 páginas
(TC 016.582/2016-0), disponibilizado em dezembro na página digital do TCU. Na
visão dos auditores, há um problema de governança no topo do Sistema Nacional de
Desenvolvimento de Atividades Espaciais (SINDAE), responsável pela execução do
PEB.
Após relatar o histórico de surgimento e progresso do
PEB, os auditores traçaram um panorama dos órgãos envolvidos e de seus
processos, em especial do INPE e da Agência Espacial Brasileira (AEB), focos
principais da pesquisa. Ouviram pessoas, sem nominá-las no relatório, mas, por
óbvio, do INPE supõe-se que tenham sido os membros da Coordenação de Engenharia
(ETE) e do Laboratório de Integração e Testes (LIT), que são os responsáveis
pela execução do desenvolvimento de satélites, além do diretor do instituto.
Quanto à AEB, é provável que tenham entrevistado o presidente da Agência e seus
diretores. Além disso, visitaram as instalações desses órgãos.
O relatório observa que, embora a AEB seja uma autarquia
atualmente vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações (MCTIC), compete a ela realizar a coordenação geral de um sistema
que envolve outras pastas e órgãos, em especial o Ministério da Defesa (MD), ao
qual se subordina o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA); e
no caso de projetos como IncraSat e SCD-Hidro, o Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Agência Nacional de Águas (ANA)
respectivamente.
“Esses fatos constituem indícios de que, com vistas a uma
melhor governança do SINDAE, seria recomendável que a AEB estivesse posicionada
em um nível superior, à semelhança do previsto no art. 1º de sua lei de criação
(lei 8.854/1994), que a vinculava à Presidência da República, respondendo, de
modo direto, ao Presidente da República. Nesse nível, a AEB teria maior
respaldo institucional para exercer seu papel de coordenação geral. O caráter
estratégico de que se reveste esse papel é revelado, em grande medida, pela
relação de competências elencadas no art. 3º da Lei 8.854/1994”.
O SINDAE, coordenado pela AEB, é constituído pelo DCTA,
que dirige o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), o Centro de Lançamento de
Alcântara (CLA) e o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI); pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE); e por universidades e empresas
privadas. O relatório do TCU deixa claro que esse entendimento de “fragilidades
na governança do SINDAE” é do próprio corpo técnico da AEB.
“Baixa Relevância”
O relatório dos auditores registra que, “na apresentação
realizada pelas áreas técnicas da AEB para a equipe de levantamento, foram
relacionadas, entre as principais dificuldades enfrentadas”, as seguintes:
1) “baixa relevância do Programa Espacial como
Programa de Estado”, pois “carece de maior relevância política e
estratégica para o país, considerando não só as questões de soberania e
autonomia nacionais, mas principalmente pelos importantes retornos
socioeconômicos em benefício da sociedade”;
2) “baixa capacidade e descontinuidade no
uso do poder de compra do Estado, como instrumento de indução de
políticas e desenvolvimentos do setor espacial, voltados para a promoção do
desenvolvimento econômico e social do país, e geração de empregos de alto nível
de qualificação”;
3) “fragilidades na Governança do Sindae”,
cuja concepção (Decreto 1.953/1996) “é ultrapassada e carece de revisão da sua
Governança e organização sistêmica do conjunto das suas atividades e ações, da
articulação e integração dos seus instrumentos e mecanismos de acompanhamento,
avaliação e controle, bem como da integração e coordenação das ações entre os diversos
(stakeholders)”.
Ainda segundo a apresentação da AEB, incorporada pelo
relatório do TCU, o PEB é complexo, “com caráter multi-institucional e
multissetorial”, portanto requer “aperfeiçoamento do modelo do sistema e
fortalecimento do papel do seu principal órgão superior de coordenação”. Assim,
propôs-se a “revisão do Decreto 1.953/1996 que institui o SINDAE, com realce
nos mecanismos de governança (liderança, estratégia e controle) e a gestão de
seus processos”. A AEB, acrescenta o documento, entende que “o estabelecimento
de políticas, estratégias e prioridades para o setor espacial [deve] ocorrer em
instância situada no mais alto nível de decisão político-governamental”. E
conclui: “Essa visão da AEB constitui mais um indício da existência de
problemas na governança do SINDAE”.
Diversos trechos do relatório apontam ausência de clareza
quanto às atribuições do INPE e as da indústria privada, em especial após o
surgimento da Visiona. No entanto, assinala-se que essa delimitação de papéis
do INPE e da Visiona não consta no Programa Nacional de Atividade Espaciais
(PNAE 2012-2021), até porque a empresa joint-venture — associação entre
Telebrás, estatal, e Embraer — não havia sido criada à época da formulação
desse programa. Por essa razão, o INPE continua voltado ao atendimento das
“antigas” diretrizes do programa espacial, e, conforme diz o relatório do TCU,
“desalinhado da nova concepção que vem sendo esboçada pela AEB”.
Os auditores deram bastante destaque à questão da
legislação no que tange à aquisição de bens e serviços. O relatório reforça a
tese de que a lei 8.666/1993 (Lei de Licitações) não contempla as
peculiaridades do processo de desenvolvimento tecnológico, dificulta a gestão
dos contratos de desenvolvimento de satélites e de seus subsistemas. Disso
decorreria a edição das leis 10.973/2004 e 13.243/2016. No entanto, os gestores
do INPE informaram que a maior parte dos subsistemas envolvem contratos
firmados ainda sob a lei 8.666/1993. E que a lei 10.973/2004 não foi utilizada porque é muito
vaga, deixando lacunas quanto à relação que deveria ser estabelecida entre o instituto
e as empresas.
Confira aqui a íntegra do documento do TCU:
https://drive.google.com/file/ d/ 0B6pfjGnkcKzqRElIcFp0TlFRdGc/ view?usp=sharing
Fonte: Jornal do SindCT - Edição 55ª – Fevereiro e Março de 2017
Comentário: Uma matéria muito interessante realizada pela jornalista Shirley Marciano que em nossa opinião deveria ser discutida e debatida por aqueles que estão envolvidos de alguma forma com as atividades do Programa Espacial Brasileiro (PEB).
https://drive.google.com/file/
Fonte: Jornal do SindCT - Edição 55ª – Fevereiro e Março de 2017
Comentário: Uma matéria muito interessante realizada pela jornalista Shirley Marciano que em nossa opinião deveria ser discutida e debatida por aqueles que estão envolvidos de alguma forma com as atividades do Programa Espacial Brasileiro (PEB).
O link não funciona
ResponderExcluirOlá Bernardino!
ExcluirInfelizmente ele foi publicado desta forma, deve esta faltando algo.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
A "Justiça" no Brasil virou uma arma política. Vejam o caso do almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, o líder do programa nuclear brasileiro.É preciso olhar isso com cuidado.
ResponderExcluirOlá Galera!
ResponderExcluirInformo que o link acima foi corrigido e está disponível para consulta.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)