Projeto SARA Prepara-se para Vôo Suborbital em 2010
Olá leitor!
Segue abaixo uma noticia postada hoje (11/09) no site do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) destacando o desenvolvimento pelo instituto do projeto conhecido como SARA (Satélite de Reentrada Atmosférica).
Duda Falcão
Brasil Desenvolve Satélite para Pesquisa de Microgravidade
11/09/2009

O nome do projeto é SARA, sigla para Satélite de Reentrada Atmosférica, em desenvolvimento pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), um dos centros de pesquisa do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), do Comando da Aeronáutica, em São José dos Campos (SP).
O SARA propõe o desenvolvimento de uma plataforma orbital para a realização de experimentos em ambiente de microgravidade, destinada a operar em órbita baixa, a 300 km de altitude, por um período máximo de dez dias. No futuro, o equipamento abrirá novas possibilidades na realização de projetos de pesquisa e desenvolvimento nas mais diversas áreas e especialidades, tais como biologia, biotecnologia, medicina, materiais, combustão e fármacos, entre outros.
Outro objetivo do projeto SARA é o desenvolvimento de estruturas que possam suportar o severo ambiente de reentrada na atmosfera terrestre. Para este fim, os quatro veículos que compõem o programa, dois suborbitais e dois orbitais, deverão alcançar gradativamente o conhecimento necessário. A sequência é semelhante ao do programa alemão Shefex (Sharp Edge Experiment), destinado à pesquisa de formas aerodinâmicas para a reentrada de veículos espaciais em regime hipersônico. Tanto o Sara como o Shefex visam o desenvolvimento de tecnologias para a criação de aeronaves e veículos hipersônicos através da análise da reentrada de veículos espaciais na atmosfera terrestre.
No primeiro veículo do programa, o SARA Suborbital, serão desenvolvidas as tecnologias de eletrônica embarcada, do módulo para a realização de experimentos e do sistema de recuperação através de pára-quedas. Segundo o gerente do projeto, Luís Loures, pesquisador da Divisão de Sistemas Espaciais do IAE, as maiores dificuldades até agora envolvem exatamente o desenvolvimento do sistema de recuperação.
Dados revelados pelos europeus dão conta de que as taxas de falha neste sistema podem chegar a 20%. A maneira que o projeto encontrou de reverter esta expectativa foi a de investir em ensaios funcionais. Todos os eventos, componentes e equipamentos deste sistema estão sendo sistematicamente investigados e seus desempenhos avaliados. “Nós não temos receio em repetir ensaios caso achemos que valha a pena”, afirma o pesquisador.
O cronograma do SARA Suborbital prevê o término do projeto detalhado para o final deste ano e a qualificação em 2010, quando a plataforma deverá estar pronta para lançamento.
Os demais veículos do programa são o SARA Suborbital 2, destinado a implementar o controle de atitude em vôo e o motor de indução de reentrada, o SARA Orbital, para verificar a capacidade de controle e o ambiente tanto em órbita como na reentrada e, por fim, o SARA Orbital 2, que qualificará o sistema de proteção térmica reutilizável. Essas etapas são necessárias para desenvolver e aprimorar cada tecnologia desse importante projeto, que cresce nas mãos dos cientistas brasileiros como um filho, que primeiro aprende a engatinhar, depois a andar e por fim a correr.

A CENIC é a empresa responsável pela industrialização da plataforma, situação definida em contrato com a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e o IAE. Para tanto, a empresa mantém um profissional constantemente à disposição do projeto. No fundo da sala, Tiago Gonçalves Faria, outro estudante da Univap, observa a versão do artigo a ser apresentado na conferência sobre veículos espaciais na Alemanha. Ambos os estudantes embarcaram no mês de junho para a Europa para representar o grupo.
Loures ressalta a política de desenvolver a capacitação da mão de obra por meio da atribuição gradativa de responsabilidades. Os trabalhos correm com supervisão de engenheiros experientes do IAE: os cálculos de Artur, por exemplo, são avaliados pelo pesquisador Guido Damilano, do Grupo de Estruturas.
A ocorrência de revisões de projeto, como nos EUA e na Europa, é comum e realizada por uma banca composta de especialistas do IAE, do INPE e da Embraer, que avalia o estágio de desenvolvimento do projeto. O engenheiro Tertuliano, bolsista AEB/CNPq, coordenador dos trabalhos entre o IAE e a Mectron, responsável pelas Redes Elétricas do Sara, organizava no momento a documentação para uma revisão de projeto a ser realizada nesta semana na sede da empresa.
Parte da tecnologia a ser empregada nos próximos veículos SARA já está em desenvolvimento: a plataforma para controle de atitude será a desenvolvida pelo projeto SIA (Sensores Inerciais Aeroespaciais), os materiais para alta temperatura estão sendo testados pela Divisão de Materiais do IAE e deverão voar como experimentos na plataforma Shefex 2, enquanto a capacidade de modelar o ambiente aerotermodinâmico e sua averiguação em túnel (Mach 7 a 25) correm em conjunto com o projeto do veículo hipersônico 14-X do Instituto de Estudos Avançados (IEAv), outro núcleo de pesquisa do DCTA. Criar as sinergias necessárias para o desenvolvimento é uma estratégia clara do projeto, afinal, “nossos recursos financeiros e humanos são limitados”, explica Loures.
No futuro, o SARA pretende ser uma plataforma industrial orbital para a qualificação de componentes e equipamentos espaciais a um baixo custo, o que abre interessantes chances de negócios no Brasil e no exterior, além de realizar pesquisas científicas em microgravidade. Ao mesmo tempo, os desenvolvimentos em curso de materiais especiais, como o carbono/carbeto de silício, e da capacidade de modelar os fenômenos físicos, permitirão que o país se mantenha conectado com uma nova geração de veículos de reentrada.
Outras aplicações estão relacionadas com as pesquisas para a 2ª geração de veículos lançadores reutilizáveis (a 1ª foi o Space Shuttle, da NASA, e o russo Buran) e com a tecnologia a ser empregada em aeronaves hipersônicas, capazes de realizar um vôo de Los Angeles a Sidney em poucas horas.
Na prática, o SARA vem aperfeiçoando a forma do IAE conduzir projetos, com novas técnicas de gestão e uma nova aproximação da industrial nacional. “É um projeto pequeno, porém muito complexo. Nós não temos todas as respostas, mas não temos receio de procurá-las, pois contamos com fatores que superam obstáculos: o entusiasmo e a determinação da nossa equipe”, afirma o gerente do projeto.
Fonte: Site do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE)
Comentário: Maravilhoso, estupendo. É por exemplos como esse que eu ainda acredito no PEB, apesar da falta de foco e de seriedade que imperam no programa. No entanto, é bom saber que a primeira Plataforma SARA Suborbital cumprirá seu cronograma de vôo em 2010 e melhor ainda saber, que a mesma esta diretamente envolvida com o programa alemão Shefex (Sharp Edge Experiment) do "Programa Europeu de Microgravidade" e com outros programas brasileiros em desenvolvimento como o do projeto dos Sensores Inerciais Aeroespaciais (SIA), e indiretamente com projeto do veículo hipersônico 14-X do IEAv. Como já havia dito aqui no blog, o ano de 2010 será um ano importante para o Programa Espacial Brasileiro, e sinceramente espero que até lá não seja feita alguma cagada política que venha atrapalhar os gols previstos pelo programa para o ano em questão, ano este que poderá ser muito marcante para o PEB. Não posso deixar também de parabenizar o IAE pelo modelo adotado para o desenvolvimento desse projeto, que inclui a participação desde o inicio das empresas privadas (CENIC e Mectron) e de uma universidade (UNIVAP), e desejar que esse mesmo modelo seja aplicado em projetos como os dos foguetes de sondagens, os dos foguetes lançadores e os dos motores a propulsão líquida atualmente em desenvolvimento no instituto.
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