Brigas, Influência Política e Gestão sem Controle no PEB


Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria publicada na revista ISTOÉ de 16/09 destacando os problemas que atualmente afligem o projeto da Base Espacial de Alcântara (leia-se ACS) e conseqüentemente o Programa Espacial Brasileiro.

Duda Falcão

Brasil

Rabo de Foguete

Brigas, Influência Política e Gestão sem Controle
Ameaçam Projeto da Base Espacial de Alcântara

Claudio Dantas Sequeira

ESTATAL Amaral Dirige a Cyclone e o PSB: Gastos e Apadrinhados

Criada em parceria com a Ucrânia para fabricar no Brasil um lançador de foguetes, a Alcântara Cyclone Space (ACS) tem dois anos de vida, mas está a anos-luz de cumprir sua missão. Brigas internas, descontrole administrativo e loteamento político da companhia binacional ameaçam sabotar o projeto, segundo relatório confidencial elaborado por um órgão de inteligência do governo e obtido por ISTOÉ.

Até hoje a empresa não recebeu sequer o alvará de funcionamento. Mas, mesmo sem ter colocado um único foguete no espaço, já consumiu dos cofres públicos mais de R$ 87 milhões. Diretor-geral da Cyclone e presidente em exercício do Partido Socialista Brasileiro (PSB), o ex-ministro Roberto Amaral reconhece que o empreendimento não deslanchou. Mas afirma que a verba milionária foi gasta com pessoal, equipamentos e contratação de serviços.

"Não existe aparelhamento político na Cyclone", nega Amaral. A afirmação, no entanto, não convence alguns parlamentares espantados com o custo e o desempenho da empresa. "É mais uma caixa-preta construída com dinheiro público", critica o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR). Um dos benefícios mais contestados é o auxílio moradia pago a alguns funcionários, entre eles a chefe de gabinete, Patrícia Patriota, filha do deputado Luiz Gonzaga Patriota (PSB-PE).

Patrícia recebe salário de R$ 14,1 mil e mais R$ 1,8 mil de auxílio moradia. "Nem todos recebem este benefício", diz Amaral. Os ucranianos também cometem desvios. Nataliya Lyzikova, que acaba de deixar a ACS, recebia R$ 10,7 mil como analista de marketing, mas ficava a maior parte do tempo na Ucrânia, usando um blackberry com linha de Brasília. "É um escândalo. Vou pedir uma auditoria especial ao TCU", diz o deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE).

Apesar do caráter estratégico, a ACS foi instalada num edifício empresarial, dividindo o cabeamento de internet, telefone e energia elétrica com a Microsoft e outras multinacionais. Em outro exemplo de pouco-caso com o dinheiro público, a administração da ACS gastou cerca de R$ 500 mil com a locação de três carros por mais de um ano, num contrato que deveria ser emergencial.

Aceitou também uma cláusula draconiana no aluguel da sede, em Brasília, que prevê o pagamento de R$ 280 mil em caso de rescisão. A ACS enfrenta um dilema estratégico: o acordo de salvaguardas assinado em 2002 proíbe a modificação ou reprodução por parte do Brasil de "veículos de lançamento e dados técnicos", essência da transferência de tecnologia. Além disso, a Ucrânia tem tido dificuldade de conseguir da Rússia licenças para usar determinados equipamentos. Os prazos se encurtam e a tensão cresce, e o sonho de lançar um foguete de Alcântara até 2010 está indo para o espaço.

Socos e Palavrões

Em reunião na Agência Espacial Brasileira (AEB), há duas semanas, Roberto Amaral quase saiu no tapa com o brigadeiro Antonio Hugo Pereira Chaves, diretor de transporte espacial da AEB. Crítico da gestão de Amaral na Cyclone, Chaves defendeu um acordo com os quilombolas que vivem em Alcântara para evitar protestos contra futuros lançamentos. Amaral chamou o brigadeiro de "filho da p." e bateu com a mão na mesa. Em seguida, tentou atirar um copo d'água em Chaves, que, ao reagir, fez Amaral cair no chão. Mas quem caiu mesmo foi Chaves, já que o PSB de Amaral tem o domínio do Ministério da Ciência e Tecnologia.


Fonte: Revista ISTOÉ - Edição 2079 - 16 SET/2009

Comentário: Plagiando o competente jornalista Boris Casoy, isto é uma vergonha. O senhor Roberto Amaral tem demonstrado ser incompetente na administração dessa empresa comercial criada para apoiar com recursos (pelo menos na visão do lado brasileiro, leia-se IAE) ao verdadeiro Programa Espacial Brasileiro que é capitaneado pelo programa do VLS e seus derivados. No entanto, está servindo como um ralo descontrolado onde os parcos recursos do programa estão indo literalmente para o espaço sem qualquer retorno ao PEB. A ponto de se chegar a pagar a uma estrangeira um salário estratosférico para a mesma não fazer nada de prático enquanto o salário mínimo do brasileiro é de R$ 465,00. Isto é uma vergonha, um absurdo e demonstra mais uma vez o quanto a presença desse senhor na direção dessa pseudo empresa tem sido danosa ao Programa Espacial Brasileiro. Além de atrapalhar quem realmente tem como objetivo trabalhar em prol do PEB (tentando atrapalhar o programa de foguetes lançadores do IAE) ainda é responsável por essa lambança. Lamentável! Cabe ao Congresso Brasileiro se posicionar o mais rapidamente possível contra isso.

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