A Plataforma SARA e a Pesquisa nas Alturas
Olá leitor!
Segue abaixo uma notícia publicada hoje dia (27/09) no jornal do Correio Braziliense sobre o projeto da Plataforma SARA que se prepara para seu primeiro lançamento que está previsto para ocorrer em 2010.
Duda Falcão
Pesquisa nas Alturas
Brasil prepara cápsula que poderá ficar 10 dias em vôo orbital para a realização de experimentos em baixa gravidade. Primeiro teste de lançamento deve ser realizado no próximo ano
Gisela Cabral
27/09/2009
A microgravidade é uma grande aliada de estudos desenvolvidos nas mais diversas áreas, entre elas a medicina, a biologia e a biotecnologia. Por isso, o Brasil se prepara para, nos próximos anos, ser capaz de lançar ao espaço uma cápsula com a qual poderão ser realizados experimentos estratégicos em órbita de baixa altitude (cerca de 300km). A iniciativa faz parte do projeto do Satélite de Reentrada Atmosférica (Sara), desenvolvido com tecnologia e mão de obra nacionais e gerenciado pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), um dos centros de pesquisa do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), do Comando da Aeronáutica, em São José dos Campos (SP).
Não é de hoje que ambientes gravitacionais próximos a zero são utilizados em pesquisas. Exemplos disso são as estações espaciais Mir e Skylab, desenvolvidas, respectivamente, pela Rússia e pelos Estados Unidos, entre as décadas de 1970 e 1980. Segundo os cientistas, a microgravidade propicia estudos como os de novos medicamentos destinados ao tratamento de doenças diversas, como câncer e diabetes. Além disso, a cultura de células e tecidos, no ramo da biologia, e o desenvolvimento de semicondutores, voltados para a indústria eletrônica, também podem ser beneficiados.
No Brasil, a empreitada é pioneira. Segundo o gerente do Sara e pesquisador da Divisão de Sistemas Espaciais do IAE, Luis Loures, estão previstas quatro etapas para projeto. A primeira delas recebeu o nome de Sara Suborbital e poderá ser testada em 2010. Nela, a cápsula será lançada acoplada a um foguete e entrará em ambiente de microgravidade, para, cerca de oito minutos depois, retornar à Terra (veja arte). “Nessa fase, também serão desenvolvidos, entre outros fatores, a eletrônica de bordo, o conhecimento da estabilidade da cápsula em vôo na atmosfera, o sistema de pára-quedas, além do módulo para a realização dos experimentos”, explica Loures.
Segundo Veículo
Os ensaios funcionais são de extrema importância e serão feitos quantas vezes forem necessárias para a solução de problemas, segundo o pesquisador. Isso porque dados europeus mostram que as taxas de falha de alguns sistemas podem chegar a 20%. “No segundo veículo, ou etapa, criaremos um sistema de controle de altitude, importante para definir as posições relativas durante o vôo. Será desenvolvido ainda o motor de reentrada, que possibilitará a frenagem da cápsula em órbita, para que ela entre na atmosfera. Essa operação deverá ser feita com todo o cuidado, para que a cápsula caia no local pretendido”, diz.
De acordo com o responsável pelo projeto, o terceiro veículo atuará em escala orbital e terá capacidade de permanecer cerca de duas horas no espaço. O quarto e último veículo será importante para o aprimoramento do escudo térmico da cápsula, além do desenvolvimento da capacidade de armazenamento de energia. “A idéia é que cada fase dure, em média, quatro anos”, afirma. Loures diz que o objetivo é chegar a uma cápsula que possa ficar até 10 dias em órbita terrestre.
O IAE conta com o apoio da empresa de engenharia Cenic, responsável pela industrialização da plataforma de lançamento. Parte da tecnologia dos próximos veículos também está em desenvolvimento. A plataforma para controle de altitude será criada pelo projeto Sensores Inerciais Aeroespaciais (SIA), com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Já os materiais capazes de suportar altas temperaturas estão sendo criados pela Divisão de Materiais do IAE e deverão voar como experimentos na plataforma Shefex 2, sigla de um programa espacial alemão de sucesso.
O programa brasileiro pretende ser, no futuro, uma plataforma industrial orbital para a qualificação de componentes e equipamentos espaciais a um baixo custo. “O que abre interessantes chances de negócios no Brasil e no exterior, além de realizar pesquisas em microgravidade”, afirma Loures.
Diversos estudantes também participam do projeto. Um deles é Artur Arantes, 23 anos, aluno da Universidade do Vale do Paraíba (Univap). Para ele, a experiência é encarada como um grande aprendizado profissional. “No momento, estou atuando nos cálculos estruturais e me sinto lisonjeado por participar de algo tão importante”, enfatiza. Já o aluno de doutorado do Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA) Eduardo Henrique de Castro, 28, também auxilia na coordenação do projeto. “É uma área que tende muito a crescer e pode servir para o desenvolvimento de pesquisas de extrema importância”, avalia.
Ouça pelo link abaixo a entrevista do pesquisador da Divisão de Sistemas Espaciais do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), Luis Loures, que fala sobre o projeto SARA:
http://www.correiobraziliense.com.br/page/215/podcast.shtml#video_21845
OBS: Caso o leitor quiser receber uma cópia da arte apresentada na matéria com uma melhor resolução é só entrar em contato pelo e-mail do blog que enviarei com o maior prazer.
Fonte: Jornal Correio Braziliense - 27/09/2009
Comentário: Sou um entusiasta desse projeto e da tecnologia de reentrada atmosférica que esta sendo desenvolvida para a Plataforma SARA desde que a mesma foi proposta há quase 10 anos. O domínio dessa tecnologia (somente os EUA, a Rússia e a China dominam a tecnologia atualmente) permitirá ao Brasil um grande salto tecnológico abrindo um enorme leque de oportunidades para novos projetos e parcerias estratégicas com outros países. No entanto, a notícia de que cada fase (serão mais três) durará em média, quatro anos, o que significaria mais 12 anos no mínimo (2022), é muito frustrante, levando-se em conta que o projeto foi proposto há quase dez anos. Sinceramente faço votos que não seja necessário tanto tempo para que essa tecnologia seja alcançada. Outra coisa importante a se observar e que não vem a meu ver tendo a importância devida é a utilidade que o foguete VS-40 estará alcançando nos próximos três anos tanto no Brasil quanto no exterior. Além do mesmo ser utilizado no vôo da Plataforma SARA suborbital no segundo semestre de 2010 e no vôo do experimento europeu SHEFEX-2 em março do mesmo ano, o VS-40 foi escalado também para ser usado no lançamento do primeiro vôo teste da espaçonave brasileira não tripulada 14-X em 2012. Com isso, esse foguete que até então havia feito somente dois vôos (Operação Santa Maria em 1993 e na Operação Livramento em 1998) começa demonstrar a sua versatilidade como plataforma de lançamento para diversos projetos no Brasil e no exterior. Caso o mesmo saia vitorioso nessas missões, certamente estará atraindo o interesse dos europeus da mesma forma que o seu primo VSB-30 atraiu, abrindo assim uma nova oportunidade de mercado para o Brasil.
Não é de hoje que ambientes gravitacionais próximos a zero são utilizados em pesquisas. Exemplos disso são as estações espaciais Mir e Skylab, desenvolvidas, respectivamente, pela Rússia e pelos Estados Unidos, entre as décadas de 1970 e 1980. Segundo os cientistas, a microgravidade propicia estudos como os de novos medicamentos destinados ao tratamento de doenças diversas, como câncer e diabetes. Além disso, a cultura de células e tecidos, no ramo da biologia, e o desenvolvimento de semicondutores, voltados para a indústria eletrônica, também podem ser beneficiados.
No Brasil, a empreitada é pioneira. Segundo o gerente do Sara e pesquisador da Divisão de Sistemas Espaciais do IAE, Luis Loures, estão previstas quatro etapas para projeto. A primeira delas recebeu o nome de Sara Suborbital e poderá ser testada em 2010. Nela, a cápsula será lançada acoplada a um foguete e entrará em ambiente de microgravidade, para, cerca de oito minutos depois, retornar à Terra (veja arte). “Nessa fase, também serão desenvolvidos, entre outros fatores, a eletrônica de bordo, o conhecimento da estabilidade da cápsula em vôo na atmosfera, o sistema de pára-quedas, além do módulo para a realização dos experimentos”, explica Loures.
Segundo Veículo
Os ensaios funcionais são de extrema importância e serão feitos quantas vezes forem necessárias para a solução de problemas, segundo o pesquisador. Isso porque dados europeus mostram que as taxas de falha de alguns sistemas podem chegar a 20%. “No segundo veículo, ou etapa, criaremos um sistema de controle de altitude, importante para definir as posições relativas durante o vôo. Será desenvolvido ainda o motor de reentrada, que possibilitará a frenagem da cápsula em órbita, para que ela entre na atmosfera. Essa operação deverá ser feita com todo o cuidado, para que a cápsula caia no local pretendido”, diz.
De acordo com o responsável pelo projeto, o terceiro veículo atuará em escala orbital e terá capacidade de permanecer cerca de duas horas no espaço. O quarto e último veículo será importante para o aprimoramento do escudo térmico da cápsula, além do desenvolvimento da capacidade de armazenamento de energia. “A idéia é que cada fase dure, em média, quatro anos”, afirma. Loures diz que o objetivo é chegar a uma cápsula que possa ficar até 10 dias em órbita terrestre.
O IAE conta com o apoio da empresa de engenharia Cenic, responsável pela industrialização da plataforma de lançamento. Parte da tecnologia dos próximos veículos também está em desenvolvimento. A plataforma para controle de altitude será criada pelo projeto Sensores Inerciais Aeroespaciais (SIA), com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Já os materiais capazes de suportar altas temperaturas estão sendo criados pela Divisão de Materiais do IAE e deverão voar como experimentos na plataforma Shefex 2, sigla de um programa espacial alemão de sucesso.
O programa brasileiro pretende ser, no futuro, uma plataforma industrial orbital para a qualificação de componentes e equipamentos espaciais a um baixo custo. “O que abre interessantes chances de negócios no Brasil e no exterior, além de realizar pesquisas em microgravidade”, afirma Loures.
Diversos estudantes também participam do projeto. Um deles é Artur Arantes, 23 anos, aluno da Universidade do Vale do Paraíba (Univap). Para ele, a experiência é encarada como um grande aprendizado profissional. “No momento, estou atuando nos cálculos estruturais e me sinto lisonjeado por participar de algo tão importante”, enfatiza. Já o aluno de doutorado do Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA) Eduardo Henrique de Castro, 28, também auxilia na coordenação do projeto. “É uma área que tende muito a crescer e pode servir para o desenvolvimento de pesquisas de extrema importância”, avalia.
Ouça pelo link abaixo a entrevista do pesquisador da Divisão de Sistemas Espaciais do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), Luis Loures, que fala sobre o projeto SARA:
http://www.correiobraziliense.com.br/page/215/podcast.shtml#video_21845
OBS: Caso o leitor quiser receber uma cópia da arte apresentada na matéria com uma melhor resolução é só entrar em contato pelo e-mail do blog que enviarei com o maior prazer.
Fonte: Jornal Correio Braziliense - 27/09/2009
Comentário: Sou um entusiasta desse projeto e da tecnologia de reentrada atmosférica que esta sendo desenvolvida para a Plataforma SARA desde que a mesma foi proposta há quase 10 anos. O domínio dessa tecnologia (somente os EUA, a Rússia e a China dominam a tecnologia atualmente) permitirá ao Brasil um grande salto tecnológico abrindo um enorme leque de oportunidades para novos projetos e parcerias estratégicas com outros países. No entanto, a notícia de que cada fase (serão mais três) durará em média, quatro anos, o que significaria mais 12 anos no mínimo (2022), é muito frustrante, levando-se em conta que o projeto foi proposto há quase dez anos. Sinceramente faço votos que não seja necessário tanto tempo para que essa tecnologia seja alcançada. Outra coisa importante a se observar e que não vem a meu ver tendo a importância devida é a utilidade que o foguete VS-40 estará alcançando nos próximos três anos tanto no Brasil quanto no exterior. Além do mesmo ser utilizado no vôo da Plataforma SARA suborbital no segundo semestre de 2010 e no vôo do experimento europeu SHEFEX-2 em março do mesmo ano, o VS-40 foi escalado também para ser usado no lançamento do primeiro vôo teste da espaçonave brasileira não tripulada 14-X em 2012. Com isso, esse foguete que até então havia feito somente dois vôos (Operação Santa Maria em 1993 e na Operação Livramento em 1998) começa demonstrar a sua versatilidade como plataforma de lançamento para diversos projetos no Brasil e no exterior. Caso o mesmo saia vitorioso nessas missões, certamente estará atraindo o interesse dos europeus da mesma forma que o seu primo VSB-30 atraiu, abrindo assim uma nova oportunidade de mercado para o Brasil.
Amigo Duda,
ResponderExcluirJá a algum tempo tenho tentado obter copia da arte desse projeto. Não consegui localizar o seu e-mail, por isso informo o meu - fagmp@hotmail.com para que você envie cópia.
Grato
Fernando Molina
Ok Fernando,
ResponderExcluirLhe envio a cópia, já já.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)