Novo Diretor do INPE Quer Mais Autonomia ao Setor Espacial Brasileiro
Olá leitor!
Segue abaixo uma entrevista postada dia (14/10) no site
“G1” do globo.com, com o novo diretor do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE), Dr. Ricardo Galvão.
Duda Falcão
VALE DO PARAÍBA E REGIÃO
Novo Diretor do INPE Quer Mais
Autonomia ao Setor
Espacial Brasileiro
Pesquisador Ricardo Osório assumiu cargo de direção no
fim de setembro.
Ele quer garantir avanços e definir objetivos a longo prazo para o Brasil.
Poliana Casemiro
Do G1 Vale do Paraíba
14/10/2016 - 09h36
Atualizado em 14/10/2016 - 10h26
(Foto: Poliana Casemiro/G1)
Ricardo Osório, 68 anos, assumiu o INPE em setembro.
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Com o desafio de atrair mais recursos em infraestrutura e
mão de obra, o novo diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE),
Ricardo Galvão, quer também garantir avanços e definir objetivos a longo prazo
para o programa espacial brasileiro.
O
físico assumiu o cargo no fim de setembro e substitui Leonel Perondi, que
ocupou a direção do instituto de 2012 a 2016. Galvão é professor do
Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), formado em engenharia
de telecomunicações. O pesquisador já passou por institutos como o Centro
Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), no Rio de Janeiro.
Além de buscar mais estrutura, o novo diretor do INPE
também terá a missão de conseguir a compra de um novo supercomputador para o
Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC). O equipamento vai
substituir o 'Tupã', que opera no limite da vida útil.
Em entrevista ao G1, o pesquisador comentou quais os principais
desafios frente ao órgão, como a captação de recursos e os planos de um INPE
aberto à comunidade. Veja abaixo:
Déficit de Pessoal e Recursos Orçamentários
O nosso déficit maior não é por equipamento, por exemplo,
mas por servidor. O gargalo do INPE está na administração, a carreira de
gestão. Não acredito que serão abertos concursos para o próximo ano e nós temos
atendido às demandas por contratos de terceirização, mas depende de mais
orçamento. Ainda assim existem atividades fins que por lei precisam serem
feitas pelo funcionalismo público. Nós estamos envolvidos com o CBERS [satélite
desenvolvido em parceria com a China] e tem uma lei que permite as instituições
de pesquisa a contratarem pessoal para esse pacote de serviços. Mas ainda é
para alguns cargos.
Essa é uma bandeira da minha gestão. Nós entendemos o
problema da crise que passamos agora e dependendo da reposição, a instituição
vai ter que rever metas e isso traz sérios prejuízos para as pesquisas.
Teríamos que mudar prazos, por exemplo.
Aquisição de Novo Supercomputador
Nós precisamos do supercomputador para a unidade do INPE
em Cachoeira Paulista. Na gestão anterior, já começaram junto ao deputado
Eduardo Cury para conseguir
uma emenda para comprar isso. Vamos retomar essa ação para comprar esse
equipamento, que custaria cerca de R$ 70 milhões. Isso é essencial porque o
centro de previsão do tempo, ele prevê informações para todo o país e isso
depende deste equipamento.
No passado, o Cury fez uma emenda, que não foi aprovada.
Mas ele já nos procurou de novo porque ele está na Comissão de Ciência e
Tecnologia da Câmara e já se dispôs a resgatar essa emenda e propô-la.
Parceria Com a China
A parceria com a China foi importante para a capacitação
brasileira. Quero estimular mais a parceria científica. A participação
brasileira do ponto de vista técnico foi de 50%. E alguns elementos cruciais o
Brasil não domina, como posicionamento de satélite. Essa parceria não permitiu
que a gente buscasse isso. Tanto que os novos satélites, o Amazônia, o sistema
de controle estamos importando.
Precisamos caminhar para dominar toda essa tecnologia.
Esse é meu sonho no programa espacial. A marca da minha gestão é trazer domínio
para a nosso plano espacial.
Objetivos do Programa Espacial Brasileiro
O Plano Nacional de Atividades Espaciais tem um defeito
grande: ele não coloca qual o objetivo a longo prazo. Ou seja, queremos
simplesmente colocar satélites ou queremos um programa audacioso como a China?
O objetivo a longo prazo não está definido e qualquer coisa que se faça precisa
ter algo a longo prazo, para saber em que direção nós vamos.
O INPE tem desenvolvido satélites, mas na minha visão tem
que ser de pesquisas espaciais e aí definir a nossa missão para atuar próximo a
comunidade cientifica, trazer mais resultados.
Fortalecer o desenvolvimento de instrumentação científica. Tudo o que se produz
aqui é feito com equipamentos que vem comprado do exterior. Nenhum país que
tenha feito grandes descobertas e evoluções científicas o fez sem desenvolver
equipamento de ponta. Tem muita coisa que já se faz, mas eu gostaria que atuasse
mais como laboratório, que isso fosse mais forte.
A produção própria é almejável, esse deve ser o nosso
objetivo. Qualquer país que entra em tecnologias de ponta e não a domina, ele é
vulnerável. E aí os outros países podem negar fornecer algo que inviabiliza
essa produção. Nessa década, a atividade espacial, a nano e a biotecnologia vão
mudar o mundo. E ainda temos que evoluir muito nisso, é uma preocupação nossa.
Fonte: Site “G1” do globo.com – 14/10/2016
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