Brasil Está Na Vanguarda das Pesquisas Sobre Amazônia e Clima, Diz Carlos Nobre
Olá leitor!
Em entrevista ao Portal do MCTIC o pesquisador Carlos
Nobre afirma que o Brasil está na vanguarda das pesquisas sobre Amazônia e Clima.
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Brasil Está Na Vanguarda das Pesquisas
Sobre Amazônia e Clima, Diz Carlos Nobre
Vencedor do Volvo Environment Prize, ele alerta para os
riscos do aumento da
temperatura e do desmatamento. "A floresta, como a
conhecemos hoje, só
sobreviveria no oeste do Amazonas, na Colômbia e no
Peru."
Por Ascom do MCTIC
Publicação: 27/10/2016 | 16:17
Última modificação: 27/10/2016 | 16:23
Crédito: Volvo Environment Prize
Pesquisador Carlos Nobre vai receber o Volvo Environment
Prize
em cerimônia em Estocolmo, na Suécia, em novembro.
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O Brasil está na vanguarda das pesquisas sobre a
interação entre a floresta amazônica e o clima. A afirmação é do climatologista
Carlos Nobre, referência mundial nos estudos sobre mudanças climáticas.
Recentemente, foi anunciado vencedor do Volvo Environment Prize, um dos
principais prêmios internacionais sobre o tema. A cerimônia de entrega está
marcada para 30 de novembro, em Estocolmo, na Suécia.
"Mais até que o reconhecimento pessoal, é o
reconhecimento da excelência da pesquisa que se faz no Brasil voltada para os
estudos climáticos e ambientais, especificamente na Amazônia. Elas estão
relacionadas ao entendimento das mudanças climáticas e a influência delas no
mundo todo", disse.
Seu currículo é extenso. Só na Amazônia, atua desde 1975.
É pesquisador do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e coordena o Instituto Nacional de
Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas. Foi secretário de Políticas e
Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia,
Inovações e Comunicações, diretor do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas
de Desastres Naturais (CEMADEN) e presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Em entrevista ao Portal do MCTIC, Carlos Nobre alertou
para os riscos do aumento da temperatura e do desmatamento na Amazônia. Segundo
ele, caso a temperatura na região cresça mais que 4ºC e o desmatamento atinja
40% da cobertura vegetal, grandes extensões da floresta amazônica se
transformarão em savana.
"Esses limiares são resultado de estudos de campo e
de modelagem climática, das interações entre a floresta e a atmosfera, do ciclo
de carbono da Amazônia, entre outras iniciativas. As porções leste e sul da
floresta amazônica podem ser substituídas por um tipo de savana muito
empobrecida, bastante diferente do cerrado do Brasil Central. A floresta, como
a conhecemos hoje, só sobreviveria no oeste do Amazonas, na Colômbia e no
Peru", explicou.
MCTIC: Como o senhor recebeu a nomeação para o Volvo
Environment Prize?
Carlos Nobre: Julgo que, mais até que o reconhecimento
pessoal, é o reconhecimento da excelência da pesquisa que se faz no Brasil
voltada para os estudos climáticos e ambientais, especificamente na Amazônia.
Elas estão relacionadas ao entendimento das mudanças climáticas e a influência
delas no mundo todo.
MCTIC: Que conclusões já foram alcançadas pelas
pesquisas sobre clima?
Carlos Nobre: Em nossos estudos, vimos que há dois
pontos de ruptura do equilíbrio floresta-clima, que, se acontecerem, terão
consequências drásticas para a floresta e, consequentemente, para o planeta: a
temperatura na região amazônica aumentar acima de 4ºC e o desmatamento da
cobertura vegetal não pode chegar a 40% da mata virgem. Desde o início dos
nossos estudos, há 25 anos, a temperatura subiu 1,2ºC, e o desmatamento está na
faixa de 20%. Esses limiares são resultado de estudos de campo e de modelagem
climática, das interações entre a floresta e a atmosfera, do ciclo de carbono
da Amazônia, entre outras iniciativas. E é uma pesquisa liderada pelo Brasil,
com muita contribuição de pesquisadores estrangeiros e aceita mundo afora.
MCTIC: Qual seria o impacto direto dessas alterações
climáticas sobre a floresta?
Carlos Nobre: As porções leste e sul da floresta
Amazônia podem ser substituídas por um tipo de savana muito empobrecida,
bastante diferente do cerrado do Brasil central. A floresta, como a conhecemos
hoje, só sobreviveria no oeste do Amazonas, na Colômbia e no Peru. Essas
regiões concentram características climáticas e de regimes de chuvas que
possibilitam que a vegetação da floresta possa perpetuar.
MCTIC: Há possibilidade de redução da capacidade de
absorção de carbono da floresta em um futuro próximo? Que impactos traria para
o planeta?
Carlos Nobre: Temos estimativas hoje para projetar
cenários futuros. Se passarmos dos limiares de aumento de temperatura e do
desmatamento da floresta, a Amazônia pode não conseguir absorver a quantidade
de carbono disponível. As simulações matemáticas e de modelos climáticos
indicam isso. Esse é um elemento importante a ser considerado e que traria
impactos imensos sobre o clima do planeta, especialmente com aumento da
temperatura em âmbito global.
MCTIC: Como a Torre Atto vai contribuir para as
pesquisas sobre o clima?
Carlos Nobre: A Torre Atto é importante porque
monitora o ar que passa por ela a uma altura bastante elevada. É um ar que
interagiu com a biosfera ao longo de mais de mil quilômetros de floresta
tropical. As medições um pouco acima das copas das árvores dão resultados
diferentes, porque o ar que passa pelos sensores interage com uma área muito
menor da floresta. Ela é um grande medidor do balanço de carbono da floresta.
Se há maior quantidade de carbono, então haverá aumento da biomassa, porque as
árvores vão ter condições para crescer e aumentar a cobertura vegetal. Por
outro lado, uma menor quantidade de carbono indica que a floresta vem perdendo
cobertura. A Torre Atto nos dá o estado atual da floresta para avaliarmos o
ciclo de carbono do planeta.
MCTIC: O senhor considera que os pesquisadores
brasileiros estão na vanguarda dos estudos sobre o clima?
Carlos Nobre: O Brasil está na vanguarda das
pesquisas sobre a interação entre a floresta amazônica e o clima. Os limites do
sistema climático global sempre têm a Amazônia como uma referência e como peça
fundamental da regulação do clima no planeta. Os trabalhos desenvolvidos pelos
pesquisadores brasileiros neste campo são referência em todo o mundo.
Fonte: Site do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação
e Comunicações (MCTIC)
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