Saiba Mais Sobre a Operação Rio Verde
Olá leitor!
Segundo foi divulgado no final de agosto passado pelo
Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), em novembro agora será iniciada a
campanha de lançamento do foguete VSB-30 da “Operação Rio Verde”, operação esta
que terá como missão levar ao espaço num voo suborbital oito experimentos científicos
e tecnológicos do “Programa Microgravidade” da nossa Agencia Espacial de Brinquedo
(AEB).
Vale lembrar que o Programa Microgravidade foi criado pela
AEB em 27 de outubro de 1998 tendo como objetivo colocar o ambiente de microgravidade
à disposição da Comunidade Técnico-Científica Brasileira, provendo meios de
acesso, e suporte técnico e orçamentário para a viabilização de experimentos
nesse ambiente de vácuo espacial. O gerenciamento das atividades é de
responsabilidade da própria AEB e conta com a colaboração do IAE e da Comunidade
Acadêmica Nacional pertencente aos cursos de Engenharia Aeroespacial.
No entanto leitor, não há como negar que, apesar da
grande significância deste Programa da AEB e da existência no país de
tecnologia e de uma infraestrutura humana e física de acesso ao espaço suborbital
extremamente confiável, em momento algum desde a sua criação o Programa
Microgravidade foi conduzido com a dinâmica necessária para apresentar
resultados contínuos e significativos como ocorre em programas similares de
outros países.
Esta missão de agora está relacionada ao “4ᵒ Anuncio de
Oportunidade (4ᵒ AO)” da agencia (mesmo que a agencia esteja escondendo essa
informação, ação típica deste órgão inócuo dirigido por um banana) e quando foi
lançado estava divido em três chamadas, ou seja, três missões que seriam
realizadas por três foguetes VSB-30. A seleção
dos experimentos de duas dessas chamadas foram concretizadas pela Agencia,
sendo na época selecionados dez experimentos. Foram eles:
Na 1ª Chamada:
* “Sistema Para
Ensaio Funcional do Estágio Propulsivo Líquido (EPL)”, do Instituto de
Aeronáutica e Espaço (IAE);
* Solidificação de
Ligas Eutéticas em Microgravidade (SLEM), do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE);
* Plataforma de
Aquisição para Análise de Dados de Aceleração (PAANDA II), da Universidade
Estadual de Londrina (UEL);
* Novas
Tecnologias de Meios Porosos Para Dispositivos Com Mudança de Fase, da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); e
* Os Efeitos
da Microgravidade Real no Sistema Vegetal de Cana de Açúcar Utilizando o
Foguete de Sondagem VSB-30, da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN).
E na 2ª Chamada:
* Desempenho
Térmico de Nanofluidos em Microgravidade (NFM), da Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC);
* Forno
Multiusuário em Foguetes Suborbitais (EFOMU), do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE);
* Os Efeitos da
Microgravidade nas Atividades Biológicas e Farmacológicas de Extratos de
Plantas e Polissacarídeos de Algas, da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte (UFRN);
* Miniloop Heat
Pipe Utilizando Evaporador Capilar Com Estrutura Porosa Cerâmica Para
Transferência de Calor em Microgravidade, da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná (UTFPR); e
* Estudo do
Desempenho Térmico de Tubo de Calor Pulsante em Microgravidade (TCP), da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Já a terceira chamada esta se quer foi realizada,
caracterizando assim a tremenda baderna que infelizmente se transformou este
importante programa para o desenvolvimento científico e tecnológico do país,
graças à falta
de foco, planejamento adequado e uma gestão eficiente, o programa
virou uma espécie de estica e puxa, e realiza com esta missão de agora o seu
primeiro voo deste Anuncio de Oportunidade com oito experimentos.
São eles:
* MPM-A: Os minitubos de calor são
dispositivos que fazem uso do calor latente de fusão e do efeito capilar para
transportar energia de uma fonte quente para uma fria. Esses dispositivos são
utilizados para o controle térmico de equipamentos eletrônicos tanto no espaço
como em terra. A Universidade Federal de Santa Catarina é responsável pelo
desenvolvimento desse experimento;
* MPM-B: Também desenvolvido pela UFSC, esse
experimento tem a mesma finalidade do MPM-A, mas enquanto o fluido de trabalho
do experimento MPM-A é o metanol, o MPM-B utiliza o fluido refrigerante
denominado HFE7100;
* VGP2: Trata-se de um experimento biológico
desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) com o
objetivo de avaliar os efeitos na microgravidade sobre o DNA da cana de açúcar.
Para tanto, amostras de cana de açúcar serão levadas ao espaço;
* E-MEMS: Desenvolvido pela Universidade
Estadual de Londrina (UEL) este experimento tem por objetivo a determinação de
altitude de foguetes e satélites. Com essa informação é possível efetuar
correções na trajetória de um foguete que possua sistema de controle, bem como
manter satélites em suas órbitas nominais;
* SLEM: Este experimento contempla o
desenvolvimento, construção e qualificação de um forno elétrico com capacidade
de fundir ligas eutéticas. As amostras são alojadas no interior de um forno
cuja temperatura de operação é de 300 oC. Ao atingir o ambiente de
microgravidade, o forno é desligado e ocorre a solidificação das ligas. Ao
serem recuperadas, as amostras são levadas ao laboratório para análise
microscópicas;
* Circuito de
Comutação e Acionamento: Desenvolvido pelo IAE, este circuito pode ser entendido como um sistema de
inteligência embarcado no veículo, realizará o seu primeiro teste em voo. Dele
partem ordens pré-programadas para ignição do segundo estágio do foguete e a
separação da carga-útil, por exemplo;
*Sistema de
Posicionamento Global (GPS) Para Aplicação em Veículos Espaciais: realizará
seu sétimo voo ao espaço. O projeto é resultado de uma parceria entre o IAE e a
UFRN no desenvolvimento de um equipamento para voos em altas velocidades. Este
equipamento fornece dados em tempo real de latitude, longitude e altitude da
carga-útil durante todas as fases de voo.; e
* Sensor Mecânico
Acelerométrico: Este será o terceiro
voo de qualificação deste dispositivo mecânico de segurança que é usado para
evitar o acionamento intempestivo de sistemas pirotécnicos, sistemas estes que
fazem o uso de pequenas cargas explosivas. Ao ser submetido à aceleração
resultante da ignição do motor do primeiro estágio o sensor ativa, por exemplo,
a linha de ignição do motor do segundo estágio. O sensor não leva à ignição do
motor, mas permite que, uma vez dado o comando, o motor seja ignitado.
Nos últimos dias tenho sido questionado por leitores se
esta “Operação Rio Verde” e a mesma que alguns sites internacionais denominam
de MICROG-2 e aproveito para esclarecer esta confusão.
Na realidade o IAE denomina MICROG-2 a plataforma (carga útil) onde
serão alojados os oitos experimentos da missão, plataforma esta de origem alemã
fornecida pelo DLR (Centro Aeroespacial Alemão), já que infelizmente o Brasil
ainda não dispõe de uma plataforma qualificada desta natureza.
Vale lembrar ao leitor que já está em desenvolvimento pelo
IAE em parceria com a empresa brasileira Orbital Engenharia (creio eu em fase
final, isto é, se o projeto não foi descontinuado) uma plataforma denominada “Plataforma Suborbital de Microgravidade (PSM)” que visa justamente
prover o país de uma plataforma semelhante. Veja abaixo:
Plataforma Suborbital de Microgravidade (PSM) em desenvolvimento pelo IAE/ Orbital. |
Desde o início de 2016 já se sabe que é pretensão do IAE realizar
em 2017 uma campanha de lançamento de foguete denominada “Operação Mutiti” através
de um foguete VS-30/Orion, mas ainda não foi divulgado qual seria a missão desta
campanha de lançamento. Será o vôo de qualificação da PSM? Infelizmente não temos esta informação e no momento só podemos
especular.
Duda Falcão
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