Galvão Toma Posse Como Diretor do INPE e Enfrentará Grandes Desafios
Olá leitor!
Segue abaixo a matéria publicada ontem (28/09) no “Blog
SindCT Espacial” tendo como destaque a posse do novo diretor do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Duda Falcão
Galvão Toma Posse Como Diretor do
INPE e Enfrentará Grandes Desafios
Redação SindCT
Shirley Marciano
28 de setembro de 2016
Fotos: Shirley Marciano
Ricardo Galvão assina termo de posse.
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Depois de mais de quatro meses de atraso para nomear e
dar posse ao novo diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
para os próximos quatro anos, o Ministro da Ciência, Tecnologia,
Inovações e Comunicações (MCTIC), Gilberto Kassab, passou a faixa para o novo
diretor no dia 26 de setembro do corrente, no Auditório do INPE. Portanto, sai
Leonel Fernando Perondi para a entrar Ricardo Magnus Osório Galvão. A
publicação da nomeação no Diário
Oficial União (DOU) ocorreu em 22 de setembro.
Diferente do que acontece normalmente nesses eventos de
posse, a imprensa não estava presente, mas compareceram diversas autoridades da
área aeroespacial, como José Raimundo Braga Coelho, presidente da Agência
Espacial Brasileira (AEB), o prefeito de São José dos Campos, Carlinhos
Almeida, além do Ministro Kassab. A cerimônia foi rápida e discreta. O ministro
não ficou nem para o beija-mão, e driblou os dirigentes sindicais ao escapulir
por uma saída dos fundos do INPE.
A nomeação demorou a acontecer. No dia 28 de abril a
lista com os três nomes indicados pelo Comitê de Busca já estava nas mãos da
ministra em exercício, Emília Ribeiro Curi. Essa postergação aconteceu,
possivelmente, pelo contexto político do País, mas, sobretudo, porque havia
inúmeras contestações a respeito do processo de busca do novo diretor. Mas,
apesar da consumação da posse, ainda continua em aberto dois processos
na Justiça.
É bom deixar claro que os apontamentos que o SindCT tem
feito não se referem à pessoa do Galvão, que é certamente capacitado para
assumir a função, como já foi dito a ele na ocasião de uma troca de e-mails
para uma entrevista ao Jornal do SindCT. Os questionamentos estão
relacionados à forma como foi constituído o Comitê de Busca.
Após a cerimônia das comemorações
dos 55 anos do INPE-- sim, casaram os dois eventos --, quando teve início o
protocolo de Posse. Perondi falou sobre as realizações durante o seu mandato e
agradeceu a todos. Na sequência, Galvão e Kassab assinaram os termos para
oficialização da posse ao cargo. Assim, já como diretor, Galvão destacou as
dificuldades enfrentadas no País na área econômica e o quanto isto tem afetado
as instituições.
"Estamos atravessando um problema econômico que
atinge todas as unidades de Ciência e Tecnologia, o que é muito semelhante às
dificuldades do INPE, principalmente no que diz respeito à deficiência de
pessoal e de recursos orçamentários. No entanto, a história mostra
que foi sempre em período de dificuldades que grandes instituições
científicas souberam reavaliar seus programas, aprimorar àqueles com resultados
mais contundentes e portadores de futuro, estabelecendo novas
prioridades".
Ele continua, apresentando uma reflexão paradoxal ao que
havia dito. "Por outro lado, há também exemplos de instituições que
sucumbiram em período de crise, se acomodando às glórias do passado, sem se dar
conta de que a ciência moderniza seus questionamentos e altera os seus
paradigmas".
O ponto a ser destacado nas palavras do novo diretor foi
sua retórica à respeito de uma decisão tomada pelo governo federal que
desagradou a todos-- a fusão dos Ministérios da Ciência e Tecnologia com o das
Comunicações. Com essa posição, ele fica na contramão da comunidade científica
inteira-- inclusive da Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Academia
Brasileira de Ciência (ABC), que ambas se declaram contra a junção dos dois
ministérios.
"Kassab está consciente das dificuldades enfrentadas
pela comunidade científica e atuará, eficazmente, para melhorá-las.
Aliás, já demonstrou de forma clara o seu compromisso, se
posicionando com determinação contra o contingenciamento de recursos para
a área de ciência e tecnologia, mantendo o diálogo aberto, franco e cortês com
essa comunidade, mesmo em momentos em que foi contestado por manifestantes
politicamente motivados", afirmou Galvão.
Mas, num conjunto da obra, sua exposição foi bastante
positiva. Disse em diversos momentos que pretende dialogar com os vários atores
da comunidade, que quer um assento para o INPE no Conselho da AEB e ainda disse
almejar um Programa Espacial como o dos chineses ou indianos.
Ele fez uma dura crítica a processos antigos e recentes
que deram maus resultados. "No passado e mais recentemente houve muitos
exemplos de orientações políticas e programas estabelecidos por
grupos reservados, com poderes de esferas de governo, que produziram resultados
desastrosos".
Galvão também reforçou a ideia, já proferida por diversas
autoridades, mas que até o momento não houve resultados práticos. "O
programa espacial tem que ser um programa de Estado com garantia de
continuidade e de cumprimento de metas, principalmente àquelas estabelecidas em
acordos internacionais. Por outro lado, o cumprimento das metas não pode
continuar sofrendo atrasos inaceitáveis pela incerteza de garantia de recursos
humanos e financeiros".
Por fim, ele disse também que "apesar da
ciência brasileira ter alcançado alto nível no cenário internacional, a
profundidade de seus alicerces continua muito pouca, devido,
principalmente, a um exagerado enfoque na publicação de artigos científicos.
Essa atitude levou a uma priorização das importações de equipamentos e
instrumentos, mesmo de alguns que poderiam ser produzidos no País".
Aqui
o discurso na íntegra.
Ricardo Galvão possui graduação em Engenharia de
Telecomunicações pela Universidade Federal Fluminense (1969), mestrado em Engenharia
Elétrica pela Universidade Estadual de Campinas (1972), doutorado em Física de
Plasmas Aplicada pelo Massachusetts Institute of Technology (1976) e
Livre-Docência em Física Experimental pela Universidade de São Paulo (1983).
Tem experiência na área de Física, com ênfase em Física dos Fluídos, Física de
Plasmas e Descargas Elétricas, atuando principalmente nos seguintes
temas:física de tokamaks, ondas e instabilidades em plasmas, ondas de Alfvén,
transporte em plasmas termonucleares, descargas com elétrons fugitivos e
aplicações tecnológicas de plasmas (Curriculum Lattes).
Fonte: Blog SindCT Espacial - http://sindctespacial.blogspot.com.br
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