Diamante Sintético Desenvolvido no LAS do INPE Permite Aplicações Espaciais e de Saúde
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria postada na edição de setembro do
”Jornal do SindCT“, destacando que Diamante Sintético desenvolvido no Laboratório de Sensores e Materiais (LAS) do INPE permite Aplicações
Espaciais e de Saúde.
Duda Falcão
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
Diamante Sintético Permite
Aplicações Espaciais e de Saúde
Nos satélites,
tecnologia é utilizada no lubrificante sólido e nas janelas ópticas
Shirley Marciano
Jornal do SindCT
Edição nº 50
Setembro de 2016
Pesquisas com carbono
realizadas pela equipe do LAS, o Laboratório de Sensores e Materiais do INPE,
resultam em aplicações tanto para utilização em satélites como na área da
saúde: novas brocas dentárias eliminam dores e ruído. Uma coisa é certa: para
muitas pessoas, e principalmente para crianças, uma consulta odontológica pode
ser traumática.
Mas os sentimentos
negativos associados aos consultórios dentários podem estar com os dias
contados, porque uma tecnologia inovadora na instrumentação odontológica
promete revolucionar os procedimentos, tornando os tratamentos menos dolorosos,
sem o perturbador ruído da broca giratória e sem necessidade de anestesia em
80% dos casos.
A matéria-prima dessa
tecnologia de ponta é o carbono, tratado para ser transformado em diamante
sintético. Embora tenha as mesmas propriedades físicas e químicas do diamante
natural, o diamante sintético é um fino revestimento de cor grafite que recobre
instrumentos metálicos, como é o caso dos equipamentos odontológicos.
A técnica consiste na
deposição química a vapor assistida por filamentos quentes. Há um controle da
temperatura, do fluxo de gás, da pressão interna, e assim os diamantes
sintéticos crescem no formato de uma pedra única. Em seguida, conforme a
finalidade pretendida, se controla a rugosidade, a aderência, os tamanhos, as
espessuras.
No caso dos instrumentos
odontológicos, atualmente, para se retirar uma cárie, efetuar uma limpeza
dentária, moldar em resina e amálgama ou ainda fazer alguma perfuração nos
dentes, é preciso usar a broca de alta rotação, que emite um som desagradável.
O diamante sintético na ponta do instrumento, ligado a um aparelho de
ultrassom, fará o mesmo trabalho de abrasividade, embora a técnica e o material
sejam totalmente diferentes: ao invés do giro com ruído, a vibração do
ultrassom, e a emissão de som a uma frequência superior àquela que o ouvido do
ser humano pode perceber: aproximadamente 20.000 Hz.
Além disso, o processo
será indolor e sem sangramento, porque o diamante atinge somente a estrutura
dura, evitando-se assim, portanto, ferir a gengiva e os vasos sanguíneos.
Lembrando que o diamante sintético é anticoagulante e biologicamente
compatível. As pesquisas relacionadas a essa tecnologia, de comprovada eficácia
na aplicação, com as devidas patentes (e tendo sido já premiada), foram
desenvolvidas pela equipe do Laboratório de Sensores e Materiais (LAS), um dos
quatro vinculados à Coordenação de Laboratórios Associados do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (CTE- -INPE). Os de Plasma (LAP) e Computação e
Matemática Aplicada (LAC) foram objeto de reportagens nas edições 48 e 49,
respectivamente, do Jornal do SindCT.
Existe ainda o de
Combustão e Propulsão (LCP). As descobertas relativas a aplicações de saúde
desse material tiveram origem, porém, em pesquisas destinadas ao setor
espacial. As pesquisas espaciais estão entre as que mais geram tecnologia para
o segmento da saúde, explica o pesquisador Vladimir Jesus Trava-Airoldi,
responsável pela linha de pesquisa denominada Diamante e Materiais Relacionados
(Dimare), do LAS.
Transparência
Hoje a principal
aplicação dessa tecnologia nos satélites é o lubrificante sólido na forma de um
filme bem fino, porque no espaço não é possível usar graxa ou qualquer outra
substância semelhante, porque evaporaria. Também é utilizado nas janelas
ópticas dos satélites, porque possui um intervalo de transparência que nenhum
outro material possui.
Ou seja: é possível, por
exemplo, enxergar nele no infra-vermelho e no ultravioleta. A eficácia do
diamante sintético está em sua estrutura que, se tratada para essa finalidade,
torna-se muito lisa (tendo o mesmo coeficiente de atrito do
politetrafluoretileno, conhecido como teflon), além de ser apropriada por sua natureza
rígida. O diamante é o mais duro dos materiais atualmente conhecidos, além de
ser durável e não se desgastar. “Desenvolvemos tecnologias com diamantes para
diversas aplicações. Um bom exemplo é a superfície antiaderente, semelhante ao
teflon.
Também facas muito
cortantes, duráveis e com função bactericida e fungicida. Temos os perfuradores
ósseos que evitam necrose por vibrar numa temperatura mais baixa, menor que 39°
C”, explica Airoldi. Uma empresa de inovação, a CVD Vale, de São José dos Campos,
fabrica os produtos desenvolvidos a partir das pesquisas realizadas pelos
pesquisadores do INPE.
Além da linha denominada
Dimare, outras pesquisas são desenvolvidas no âmbito do LAS, como explica o
chefe César Boschetti:
GDF (Dispositivos Fotovoltaicos): pesquisa e
desenvolvimento em sistemas fotovoltaicos, processos em microeletrônica e
sistemas de caracterização óptica e elétrica.
Labemac (Eletroquímica e Materiais Carbonos): pesquisa,
desenvolvimento e inovação na aplicação de materiais carbonos na medição e
monitoramento de variáveis ambientais e na área aeroespacial.
Matcon (Matéria Condensada): pesquisa básica em áreas da
Física de Materiais, com ênfase na modelagem de dispositivos semicondutores e
sistemas epitaxiais.
Mimec (Micromecânica em Silício): desenvolvimentos de
dispositivos micro- -eletromecânicos de alta precisão, por meio de corrosão
iônica reativa profunda em reator de plasma do tipo DRIE (Deep Reactive Ion
Etching).
Tecamb (Micro e Nanotecnologia de Cerâmicas e
Compósitos): pesquisa e desenvolvimento em síntese, novos processos de
fabricação e de caracterização de cerâmicas e compósitos micro e
nano-estruturados para usos aeroespacial e monitoramento ambiental.
Tecmat (Física e Tecnologias em Materiais): pesquisa em
filmes epitaxiais de compostos semicondutores IV-VI voltados para aplicações em
sensores de infravermelho e experimentos de solidificação de ligas sob microgravidade
em foguetes suborbitais.
O LAS dispõe de
atividade de infraestrutura, responsável pela operação e manutenção de
facilidades multiusuários para caracterização de materiais, e possui serviços
de oficina mecânica e de eletrônica.
Fonte: Jornal do SindCT - Edição 50ª – Setembro de 2016
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