Impressora 3D Viabiliza Protótipos de Aeronaves e Modelos Hipersônicos Com Economia
Olá leitor!
Dias atrás postamos aqui no Blog (veja aqui) uma notícia sobre a compra
por parte da Divisão de Aerotermodinâmica e Hipersônica do Instituto de Estudos
Avançados (IEAv) da Força Aérea Brasileira (FAB) de uma impressora 3D para
suprir as necessidades dos projetos hipersônicos em curso no IEAv. Pois então,
veja agora a nota oficial da FAB sobre esta compra postada hoje (20/09) no site
oficial da mesma.
Duda Falcão
TECNOLOGIA
Impressora 3D Viabiliza Protótipos de
Aeronaves e Modelos Hipersônicos
Com Economia
Instituto de Estudos Avançados Investiu na Tecnologia
Para Confeccionar Peças Experimentais
Por Ten Jussara Peccini
IEAV/Agência Força Aérea
Publicado: 20/09/2016 12:14h
Término do modelo impresso.
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Os projetos desenvolvidos na Divisão de Aerotermodinâmica
e Hipersônica do Instituto de Estudos Avançados (IEAV) contam com a tecnologia
3D para construir modelos em escala de aeronaves e de peças experimentais de
hipersônica. Os modelos são usados em ensaios em túnel de choque, capazes de
suportar cargas mecânicas e térmicas para a produção de dados aerodinâmicos
confiáveis.
“Tradicionalmente, nossos experimentos sempre exigiram
muito tempo e recursos, o que representava grande óbice ao andamento dos
projetos envolvidos. É isso que está mudando com a utilização deste
equipamento”, explica o Capitão Giannino Ponchio Camillo.
Atualmente, o Instituto é a única instituição de pesquisa
da América Latina que possui um equipamento de prototipagem 3D deste porte, uma
Stratasys - Fortus 900 mc. O novo recurso, em teste desde dezembro de 2015,
passou a ser aplicado neste ano na confecção dos protótipos das peças
experimentais. De acordo com o pesquisador responsável pela Subdivisão de
Hipersônica Experimental, doutor Israel da Silveira Rego, a tecnologia 3D
permitiu dar mais qualidade no suporte aos desenvolvimentos experimentais em
hipersônica no Brasil, além de manter a segurança das informações dos projetos
sensíveis.
Retirada do modelo.
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Em comparação aos modelos convencionalmente usinados em
metal, os modelos prototipados podem apresentar até 90% de economia em custo e
mais de 80% de redução de peso, facilitando seu manuseio e instalação nos
túneis de choque”, detalha o pesquisador.
O tempo de produção dos modelos também foi reduzido. O
processo anterior com usinagem em metal, como o aço, envolvia de quatro a seis
meses até a entrega do modelo para montagem nos túneis, pois envolviam
fornecedores externos que dependiam de processos licitatórios. “Os modelos
preparados para impressão neste novo equipamento estão prontos para uso em
menos de uma semana. Além disso, estamos salvaguardando informações
eventualmente sensíveis dos projetos relacionados”, explica o Capitão Giannino.
A impressora de prototipagem rápida 3D é de grande porte,
com capacidade para produzir peças de quase um metro de comprimento, com
precisão de 0,09 mm, em 12 diferentes materiais termoplásticos. As equipes têm
explorado as capacidades da impressora para obter modelos com geometria mais
complexas, como é o caso de um modelo de rampa com injeção de combustível. De
acordo com o capitão, o módulo de injeção de combustível tem uma disposição
interna bastante elaborada e que seria impossível usinar a partir de uma peça
sólida de metal.
Criação do modelo para a impressora.
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Vale destacar que a injeção de combustível em um
escoamento com velocidade maior que a velocidade do som, caso em estudo nos
projetos CSLaser e PROPHIPER, pode ser elencada como um dos maiores problemas
no projeto de um motor a combustão supersônica, pois a interação entre o
combustível injetado e o escoamento externo gera diversos efeitos secundários”,
afirma. “A possibilidade de variar livremente a geometria que será responsável
por injetar esse combustível representa uma grande vantagem para o
desenvolvimento da tecnologia”, complementa.
O equipamento foi adquirido por meio de recursos do
Projeto Combustão Supersônica Assistida por Laser com Aplicação Aeroespacial
gerenciados pela Finep, empresa pública brasileira de fomento à ciência,
tecnologia e inovação. Foram investidos aproximadamente R$ 1,4 milhão.
Três perguntas sobre o uso de protótipos 3D:
Agência Força Aérea - Há perspectiva de novos
testes com combinação de materiais ou outras iniciativas que o equipamento
permita?
Capitão Giannino - Novos testes serão
realizados à medida que se encerrem os experimentos com os modelos existentes.
Ainda temos modelos em metal que serão ensaiados nos nossos túneis de choque até
o final deste ano. Os resultados destes experimentos nos permitirão projetar
novos modelos de testes, que usufruirão da capacidade que adquirimos na
prototipagem em 3D. Como temos no IEAV uma oficina mecânica capaz de entregar
peças menores em diversos tipos de metais, provavelmente passaremos a trabalhar
com modelos que combinem partes em material prototipado e partes em metal.
Agência Força Aérea - O equipamento vai permitir
ampliar e/ou acelerar a produtividade e a flexibilidade das pesquisas?
Capitão Giannino - O equipamento vai, sim,
acelerar a produtividade e a flexibilidade de todos os projetos que fizerem uso
dele. Inicialmente, os projetos que deverão utilizá-lo são o de Propulsão
Hipersônica 14-X (PROPHIPER), e o de Combustão Supersônica Assistida por Laser
(CSLaser). O aumento da produtividade será devido ao domínio integral do
processo de produção de peças dentro do Instituto, sem a necessidade de
processos licitatórios e outros mecanismos que tomam muito tempo, no qual a
pesquisa pode estagnar, a depender do tipo de ensaio que se pretende fazer. Já
o aumento da flexibilidade se deve à natureza de fabricação de peças adotada
pela prototipagem 3D. Em uma usinagem em metal, por exemplo, parte-se de uma
peça maciça inicial, e dela são retiradas partes utilizando brocas de furação,
fresas, tornos, etc. Regiões que devem ser trabalhadas nas partes internas à
peça ou que apresentem curvatura podem demandar extenso planejamento, tendo em
vista a necessidade de acesso para as ferramentas de usinagem e o caminho a ser
percorrido por elas, ou podem até se mostrar eventualmente impossíveis de
manufaturar. No caso da prototipagem 3D, este tipo de preocupação não existe,
pois a máquina parte de um material líquido e o solidifica conforme o deposita,
camada a camada, permitindo obter praticamente qualquer configuração interna e
externa.
Agência Força Aérea - Quais as possibilidades que a
tecnologia 3D oferece na confecção de protótipos com geometrias diferenciadas e
complexas?
Capitão Giannino - A usinagem em metal tem
limitações que podem ser vencidas com o uso da prototipagem 3D. É importante
destacar que metais em geral possuem qualidades mecânicas superiores aos
polímeros usados na prototipagem. No entanto, a usinagem de metal é trabalhosa,
cara e limitada, e os testes que já fizemos com modelos prototipados forneceram
dados tão bons quanto aqueles obtidos com modelos usinados. Deste modo, para as
nossas aplicações, boa parte do que hoje usamos usinagem em metal poderá ser
substituído parcialmente por prototipagem 3D. Dito isso, pode-se dizer que as
possibilidades que a prototipagem 3D oferece na confecção de modelos com
geometrias complexas são praticamente ilimitadas, desde que as peças sejam
projetadas corretamente. Isso inclui considerar peculiaridades da impressão 3D,
como a direção de deposição dos filamentos de polímero, e a realização de
análises computacionais de resistência a carregamentos externos, tanto na peça
como um todo quanto em locais específicos de maior fragilidade, capacidades já
dominadas pelas equipes dos projetos envolvidos.
Fonte:
Site da Força Aérea Brasileira (FAB) - http://www.fab.mil.br
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