Rebelo Assume MCTI em Meio a Polêmicas, Promessas e Menção ao Programa Espacial
Olá leitor!
Segue abaixo um artigo, este publicado pela redação
do Jornal do SincdCT, sobre o novo Ministro do MCTI, o Sr. Aldo Rabelo, publicado que foi na
edição de nº 34 (Fevereiro) deste jornal.
Duda Falcão
CIÊNCIA E TECNOLOGIA 2
Rebelo Assume MCTI em Meio a Polêmicas,
Promessas e Menção
ao Programa Espacial
SEGUNDO MANDATO DE DILMA
Redação
Jornal do SindCT
Edição nº 34
Fevereiro de 2015
Novo
titular da pasta, que acumula desgastes com a comunidade científica, reconhece
no discurso de posse importância do Programa Espacial Brasileiro, definido por
ele como “projeto estratégico nacional”.
O
novo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação é Aldo Rebelo, ex-presidente da
Câmara dos Deputados (2005-2007) e ex-ministro dos Esportes (2011-2014).
Deputado federal por seis mandatos pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB-
-SP), Rebelo foi relator do projeto de revisão do Código Florestal (2009),
ocasião em que se envolveu em fortes polêmicas com a comunidade científica e
grupos ambientalistas. Mas outras controvérsias marcaram sua atuação
parlamentar.
A
longa lista, que inclui desde projetos de lei tidos como contrários a
inovações, até declarações suas de questionamento do trabalho científico e
embates com nações indígenas, começou a ser levantada no instante em que Rebelo
foi convocado para assumir a pasta no segundo mandato da presidenta Dilma
Rousseff. No seu discurso de posse, Rebelo afirmou ser necessário ampliar e
fortalecer as ações e os instrumentos de apoio à inovação em toda a cadeia
produtiva.
Citou
a subvenção econômica, os fundos de investimento, os fundos de capital/semente,
além do crédito para as atividades de inovação, de pesquisa e desenvolvimento
nas empresas brasileiras como estratégias a serem adotadas. Outra iniciativa
nesse sentido será a articulação sistêmica entre universidades, institutos de
ciência e tecnologia e empresas, num esforço nacional de inovação.
O
Programa Espacial Brasileiro (PEB) também mereceu menção especial como “projeto
estratégico nacional”. O ministro não deixou de demonstrar insatisfação a
respeito do tema. “Nós estávamos numa posição avançada, há pouco tempo, e hoje
eu vejo a China colocando em órbita, a Índia faz não sei que, e nós, que vivíamos
ali entre os seis principais protagonistas, hoje não sei em que posição
estamos”, comentou Rebelo. Outro aspecto preocupante para as perspectivas do
MCTI, e em particular para o PEB, é o fato de o ministro assumir o cargo já com
um corte de R$ 1,6 bilhão no orçamento da pasta, do total de R$ 9.7 bilhões
inicialmente previstos. Rebelo afirmou que “o compromisso de qualquer ministro”
é tentar recompor a capacidade de investimento e de atuação de sua respectiva
pasta.
Mesmo
neste cenário de cortes e ajustes, ele falou em fortalecer o Sistema Nacional
de Ciência e Tecnologia e também o trabalho do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq, cujo novo presidente é o
professor Hernan Chaimovich, ex- -diretor do Instituto de Química e um dos
expoentes do pensamento conservador na USP).
Trapaça Ambiental?
Rebelo
lembrou que, no Congresso Nacional, pôde “conviver com momentos importantes
para o setor da ciência e inovação nacional”. Citou o fim da Lei da Informática
e o impacto sobre a indústria de tecnologia. “O Brasil chegou a ter a segunda
etapa da produção de computadores, apenas atrás do Japão e dos Estados Unidos”,
lamentou o ministro, que citou ainda projetos nacionais de construção de
computadores que foram abandonados, “a um custo muito elevado para o Brasil”.
Mencionou
ainda a Lei de Patentes, cujo projeto também relatou, novamente lamentando o
desincentivo à inovação no país, especialmente no setor químico e farmacêutico.
O
tom do discurso contrastou com o teor de um dos projetos polêmicos apresentados
por Rebelo no Congresso Nacional: o PL 4.502/1994, que proibia a adoção de
“tecnologias poupadoras de mão de obra” por órgãos públicos de administração
direta e indireta. Arquivado em 2007, por questões regimentais, o PL foi
duramente criticado por alguns setores, por supostamente representar um entrave
ao desenvolvimento tecnológico. Mas, pelo menos nesse caso, Rebelo parecia
estar do lado certo do ponto de vista social, ao defender a manutenção de
postos de trabalho.
Os
dois principais elementos na tumultuada relação do atual ministro com a
comunidade científica não passaram em branco durante a posse, em 2 de janeiro.
Rebelo citou especificamente o Novo Código Florestal, do qual foi relator. Por
muitas vezes, foi acusado de defender os interesses do agronegócio, em
detrimento das evidências científicas do enorme impacto ambiental das
monoculturas e da pecuária. No auge das discussões, o então deputado federal
chegou a declarar que a presidenta Dilma Rousseff estava mal informada sobre o
assunto, por sofrer influência demasiada do “lobby ambientalista”.
Também
durante os debates sobre a revisão do Código, Rebelo deu declarações
negacionistas a respeito do aquecimento global, contestando a influência da
ação humana sobre o fenômeno. “Ciência não é oráculo”, escreveu ele à época.
“De
verdade, não há comprovação científica das projeções do aquecimento global, e
muito menos de que ele estaria ocorrendo por ação do homem e não por causa de
fenômenos da natureza. Trata-se de uma formulação baseada em simulações de
computador”, escreveu o agora ministro, em uma carta pública intitulada “A
trapaça ambiental”. O texto era uma resposta a um artigo de Marcio Santilli,
então coordenador do Instituto Socioambiental (ISA), uma das organizações não
governamentais envolvidas no debate do Código.
A
atuação de Rebelo na elaboração do novo Código foi, na verdade, desdobramento
de uma refrega anterior do parlamentar do PCdoB, que se alinhou aos grandes
produtores de arroz de Rondônia e aos comandantes militares que se opunham à
demarcação da reserva ianomami Raposa-Serra do Sol, à política indigenista em
geral e à atuação, na Amazônia, de ongs como a ISA e outras.
O
alinhamento do PCdoB com os interesses do agronegócio foi a senha que
credenciou Rebelo a tornar-se relator do projeto de lei do novo Código
Florestal. No discurso de posse, porém, Rebelo contemporizou. Classificou a
discussão do Código Florestal como “um debate difícil”, em que foi preciso
buscar “interesses legítimos e às vezes contraditórios”. Indicou que a ciência,
responsável por estabelecer leis universais, precisa dialogar com as leis
civis, que trazem “a marca dos interesses nacionais, interesses que persistem
em dividir os povos”. “E nós temos que estar atentos aos interesses do Brasil”,
afirmou. Resta saber quais interesses entram no MCTI com Aldo Rebelo.
Novo Ministro Sinaliza Que Vai Buscar Apoio no Congresso
José
Aldo Rebelo Figueiredo nasceu em 23 de fevereiro de 1956, na cidade alagoana de
Viçosa. Cursou direito na Universidade Federal de Alagoas, mas não completou a
graduação, optando pelo jornalismo. Ajudou a reconstruir a União Nacional dos
Estudantes, da qual foi presidente entre 1980 e 1981, na fase final da Ditadura
Militar, quando já militava no então clandestino PCdoB. Em São Paulo, foi
eleito deputado estadual constituinte em 1989, e conquistou uma cadeira na
Câmara dos Deputados em 1991.
A
partir de então, exerceu seis mandatos consecutivos no parlamento e tornou-se
uma das principais figuras públicas do seu partido. Rebelo foi ministro da
Secretaria de Coordenação Política e Relações Institucionais entre 2004 e 2005,
no primeiro mandato do presidente Lula. Dois meses depois de deixar o governo
elegeu- -se presidente da Câmara, cargo que ocupou até 2007.
No
primeiro mandato de Dilma Rousseff, foi nomeado ministro dos Esportes e
coordenou a realização da Copa do Mundo no país. No dia 2 de janeiro, na
cerimônia de transmissão do cargo, no qual substituiu o ex-reitor da UFMG
Clélio Campolina (que assumira o MCTI em abril de 2014), Rebelo valorizou a
relação com o parlamento: “Nós dependemos do Congresso em muitas coisas, em
primeiro lugar do próprio orçamento. Muitas das decisões da agenda de CT&I
são políticas”, afirmou, segundo a assessoria de comunicação do ministério
(“Ministro Aldo Rebelo defende valorização da agenda de CT&I no Congresso
Nacional”: http://goo.gl/Pk3t5f).
Mesmo
porque, disse o novo ministro, a ciência e a tecnologia estão associadas ao
desenvolvimento do país, à elevação do padrão de vida da população e à
democratização da sociedade: “São temas que devem ser tratados em relação
estreita e profunda com a política, com o Congresso e o governo”.
Mais Recursos?
Rebelo
comprometeu-se a ampliar os recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (FNDCT): “É recompor, principalmente, os recursos para
o FNDCT para compensar os recursos que foram perdidos e ampliá-los (o fundo),
para cobrir necessidades do horizonte alargado que nós queremos para o
desenvolvimento científico e tecnológico do país”; comprometeu-se a dar
continuidade ao Programa Nacional de Plataformas do Conhecimentos (PNPC),
lançado por Campolina; e anunciou que pretende recompor e ampliar os
investimentos na expansão e consolidação do Sistema Nacional de Ciência,
Tecnologia e Inovação, bem como fortalecer a atuação do CNPq e da Financiadora
de Estudos e Projetos (Finep) “como agências promotoras de desenvolvimento
científico e tecnológico”.
O
novo ministro voltou a enfatizar, na ocasião, o apoio à inovação e ao
incremento de produtividade das empresas nacionais, o que, explicou ele, é uma
recomendação da presidenta Dilma Rousseff. Campolina, por sua vez, ao
despedir-se da pasta destacou o lançamento do edital dos Institutos Nacionais
de Ciência e Tecnologia (INCTs) com recursos iniciais de R$ 641,8 milhões
(cofinanciados por MCTI, MEC e fundações de amparo à pesquisa, ou FAPs).
A
chamada deu continuidade ao programa, que, desde 2009, resultou na criação de
126 INCTs que abrigam pesquisas básicas e aplicadas em todas as regiões do
país. Ainda conforme a assessoria de comunicação do MCTI, “Campolina mencionou
o edital do Proinfra, no valor de R$ 500 milhões, que proporcionou apoio às
universidades para manutenção e construção de infraestrutura de pesquisa”, e
lembrou o lançamento bem-sucedido do satélite CBERS-4, “que consolida uma
parceria muito promissora do Brasil com a China no campo espacial”.
Fonte: Jornal do SindCT - Edição 34ª - Fevereiro de 2015
Comentário: “Novo titular da pasta, que acumula desgastes com a comunidade
científica, reconhece no discurso de posse a importância do Programa Espacial
Brasileiro, definido por ele como Projeto Estratégico Nacional”. Bom leitor, só
com esta declaração o novo ministro começou muito mal, quando endossa uma
mentira política de décadas, já que desde a implantação dos governos civis após
a ditadura, o Programa Espacial Brasileiro (PEB), jamais, em momento algum foi
tratado como “Programa Estratégico Nacional”, há não ser em discursos sensacionalistas como este e principalmente na gestão desastrosa desta debiloide que infelizmente
esta no poder... Enfim, ta aí o artigo para que você leitor possa conheçer mais
sobre este novo energúmeno que agora vem prestar seus desserviços ao Setor de
C&T do país.
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