INPE Desenvolve Metodologia Para Mapear Risco de Deslizamento de Terra
Olá leitor!
Segue abaixo um artigo postado hoje (27/03) no site da
“Agência FAPESP”, destacando que Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
desenvolveu uma metodologia para Mapear Risco de Deslizamento de Terra.
Duda Falcão
Notícias
INPE Desenvolve Metodologia Para
Mapear Risco de
Deslizamento de Terra
Por Elton Alisson
27 de março de 2015
(Foto: IPT)
Sistema usa dados e softwares livres e pode auxiliar
municípios
que ainda não possuem levantamentos de regiões vulneráveis.
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Agência FAPESP – Pesquisadores do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE) desenvolveram uma metodologia para mapear áreas
suscetíveis a deslizamentos de terra em municípios brasileiros a partir de
dados e softwares de domínio público.
Desenvolvida no
âmbito do Projeto Temático “Assessment of impacts and
vulnerability to climate change in Brazil and strategies for adaptation option”,
realizado com apoio da FAPESP, a metodologia foi descrita em um artigo
publicado na revista Natural Hazards and Earth System
Sciences.
“A ideia de usar
dados e softwares livres foi para possibilitar que a metodologia possa ser
utilizada de forma prática e confiável por gestores públicos de municípios
brasileiros que ainda não possuem mapeamentos de áreas suscetíveis a
deslizamentos de terra e que muitas vezes sofrem com esse tipo de problema”,
disse Pedro Ivo Camarinha, doutorando no INPE e um dos autores da metodologia,
à Agência FAPESP.
A metodologia
utiliza um sistema de processamento de informações georreferenciadas chamado Spring,
desenvolvido pelo INPE e disponibilizado gratuitamente na internet, além de um
banco de dados geomorfométricos do Brasil, denominado Topodata, também criado pelo INPE a partir de
dados da missão Shuttle Radar Topography Mission (SRTM).
Realizada em
fevereiro de 2000 pelo ônibus espacial Endeavour, da agência espacial americana
(NASA), a SRTM teve o objetivo de obter a mais completa base de dados
topográficos digitais e de alta resolução da Terra por meio de um sistema de
radar.
“O Topodata
conseguiu melhorar a resolução dos dados de topografia fornecidos pela SRTM –
que era de 90 metros – para toda a América do Sul e, especialmente para o
Brasil, oferecendo ao usuário uma série de dados topográficos com resolução
espacial de 30 metros”, disse Camarinha.
“Isso colabora
para elaboração de mapas de suscetibilidade a deslizamentos de terra de
municípios brasileiros com resolução aceitável”, avaliou.
Serra do Mar
A fim de avaliar
sua confiabilidade, a metodologia foi usada inicialmente para estimar a
suscetibilidade e riscos de deslizamento de terra nos municípios de
Caraguatatuba, Ubatuba, Santos e Cubatão, situados na região da Serra do Mar,
no litoral paulista.
De importância
estratégica para a economia do estado e do país em razão de concentrar portos,
estradas, oleodutos e gaseodutos, além de serem centros turísticos, os quatro
municípios registram frequentemente desastres naturais envolvendo deslizamentos
de terra devido, entre outros fatores, às características geofísicas e ao
crescimento populacional desordenado, que levou à ocupação de áreas próximas a
encostas e morros.
Por essas
razões, essas quatro cidades têm sido consideradas prioritárias nos mapeamentos
de áreas de risco de deslizamentos feitos pelo Serviço Geológico do Brasil
(CPRM) – o órgão oficial de assessoramento dos municípios e da Defesa Civil na
gestão de riscos de desastres naturais.
“Os municípios
de Caraguatatuba, Ubatuba, Santos e Cubatão já contam com um mapeamento de
áreas suscetíveis a deslizamentos de terra, elaborado pelo CPRM, devido a seus
históricos de desastres naturais relacionados a esse tipo de processo
geológico”, disse Camarinha.
Ao comparar o
levantamento de suscetibilidade a deslizamento de terra feito com a metodologia
desenvolvida pelo INPE com o levantamento de áreas de risco de deslizamento
realizado pelo CPRM nesses quatro municípios, os pesquisadores constataram que
a metodologia é bastante eficiente.
Além de áreas de
risco de deslizamentos de terra já identificadas pelo CPRM em campo, a
metodologia indicou que há regiões com suscetibilidade alta e muito alta nos
quatro municípios situadas, em sua maioria, em áreas de expansão urbana.
“A metodologia
que desenvolvemos foi capaz de identificar com considerável precisão onde estão
localizadas as áreas de risco de deslizamento de terra nos quatro municípios
analisados”, afirmou Camarinha.
“Ela pode ser
usada tanto em cidades que já possuem mapeamento de suscetibilidade a
deslizamento de terra para reforçar e nortear as análises feitas in loco pelo CPRM, como também por municípios
que ainda não têm esse tipo de levantamento”, afirmou.
Levantamento Nacional
De acordo com a
The International Emergency Disasters Database (EM-DAT) – uma base de dados de
desastres ocorridos em todo o mundo desde 1900 –, no período de 1900 a 2013
foram registrados 150 grandes desastres naturais no Brasil, que afetaram 71 milhões
de pessoas, causaram mais de 10 mil mortes e perdas estimadas em US$ 16
bilhões.
Devido ao
aumento da frequência e intensidade de desastres naturais relacionados a
deslizamentos de terra nas cidades brasileiras nas últimas duas décadas –
especialmente nas regiões Sudeste e Sul do país –, o CPRM começou a realizar a
partir de 2013, por solicitação do governo federal, um mapeamento de
suscetibilidade, perigo e risco em 821 municípios considerados prioritários por
registrarem o maior número de ocorrências.
O trabalho vem
avançando nos últimos anos, mas ainda há uma série de municípios prioritários
que ainda não possuem esse tipo de mapeamento, apontou Camarinha.
“Além desses
municípios considerados prioritários, há uma série de outros onde também ocorrem
deslizamentos de terra, mas com menor frequência e intensidade”, afirmou.
“Para esses
casos, a metodologia que desenvolvemos pode auxiliar a Defesa Civil e
secretarias municipais que tratam de riscos de desastres naturais a fazer um
planejamento urbano melhor, como também identificar áreas de risco a
deslizamentos de terra”, avaliou
Além de
Caraguatatuba, Ubatuba, Santos e Cubatão, após ser validada, a metodologia
também foi usada para avaliar a suscetibilidade a deslizamento de terra em
cerca de outros 60 municípios paulistas, situados na Baixada Santista, Litoral
Norte, região metropolitana de Campinas, Serra da Mantiqueira e no Vale do
Paraíba.
Os pesquisadores
também estão avaliando a possibilidade de adaptar a metodologia para analisar
áreas de risco suscetíveis à inundação, que representa o tipo de desastre
natural mais frequente (58% do total) e que causa maior número de óbitos no
Brasil, seguido por deslizamentos de terra (15,6%), segundo o Atlas Brasileiro
de Desastres Naturais, elaborado pelo Centro Universitário de Estudos e
Pesquisas sobre Desastres (CEPED) da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC).
Fonte: Site da Agência FAPESP
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