O SGDC e os Benefícios Para a Base Tecnológica Industrial
Olá leitor!
Segue abaixo mais um artigo este escrito pelo Sr. Eduardo
Bonini (presidente da Visiona) e postado hoje (13/03) pelo companheiro André
Mileski em seu no Blog Panorama Espacial.
Duda Falcão
O SGDC e os Benefícios Para
a Base Tecnológica Industrial
Eduardo Bonini
A construção do Satélite Geoestacionário de Defesa e
Comunicações (SGDC) segue seu cronograma com a aprovação, no final do ano
passado, do início da fabricação do satélite após a conclusão da Revisão
Crítica do Projeto “Critical Design Review”, em inglês). Na medida em que
ingressamos, agora, na segunda metade do projeto, é conveniente refletir sobre
o que alcançamos e que desafios temos à frente. O impacto do uso de satélites
na economia e na vida do nosso País é enorme, de forma que é relevante discutir
qual modelo de indústria espacial queremos para o Brasil.
O SGDC promoverá uma pequena revolução nas
telecomunicações, em particular nas regiões menos assistidas. A partir da sua
ativação, o satélite proverá acesso à internet banda larga a todos os
municípios brasileiros, mesmo os mais distantes. Tendo em vista a demanda
reprimida existente e a necessidade de garantir a redundância do serviço nesses
locais, logo será necessária uma avaliação sobre aumento da disponibilidade
desse tipo de oferta.
As oportunidades, no entanto, vão muito além das
telecomunicações. O Brasil poderia se beneficiar enormemente do uso da
tecnologia espacial em uma série de setores chave como os da agricultura,
proteção ambiental ou segurança, para citar apenas alguns. Arrisco mesmo a
dizer que o Brasil é atualmente o país com maior carência em projetos espaciais
no mundo. Notem que não estou me referindo a missões de cunho estritamente científico
– também importantes numa visão de futuro – mas do estabelecimento de uma
infraestrutura espacial operacional, com pronto retorno do investimento à
sociedade.
Nossa indústria deverá ter papel primordial no
estabelecimento dessa infraestrutura. A indústria espacial é pródiga no
desenvolvimento de tecnologias de ponta, que depois serão aplicadas em outros
setores da economia, os chamados transbordamentos tecnológicos. Empresas da
base industrial espacial brasileira, hoje, aplicam tecnologias desenvolvidas em
missões espaciais passadas em áreas tão díspares como óleo e gás, aeronáutica e
biomédica. Mas o desenvolvimento de uma base industrial no setor do espaço
requer, sobretudo, planejamento e continuidade de políticas e projetos.
A base tecnológica e industrial que temos hoje é fruto de
décadas de investimento, é um ativo do nosso País. A incorporação de sistemas e
componentes nacionais em projetos de grande porte requer investimento prévio e
coordenado com pesquisa e desenvolvimento, qualificação de processos produtivos
e missões espaciais para validação de tecnologias. Nossa base industrial
precisa de encomendas recorrentes para manter as suas competências, de
instrumentos financeiros de incentivo à inovação e à exportação e de missões
experimentais para qualificar suas tecnologias e criar herança de voo. É a
única maneira de se conseguir transformar esta base industrial em fornecedores
de classe mundial.
Aqui está o grande desafio: conseguir manter uma base
industrial sadia e operacional, através de programas espaciais que tragam
retorno efetivo para o investimento realizado. Para que isso ocorra, esses
projetos precisam ser executados com dinâmica industrial, superando requisitos
de desempenho, atingindo prazos e custos previstos. O SGDC permitiu a criação
de uma integradora de sistemas espaciais, lacuna por diversas vezes
identificada, e trará novas tecnologias à nossa base industrial. É necessário
manter as iniciativas e desenvolver oportunidades onde essas competências
possam ser aplicadas.
Por fim, é imperativo que exista uma forte coordenação
entre a indústria, institutos e universidades, com os setores chave do governo,
demandantes e viabilizadores do Programa Espacial Brasileiro. Temos que buscar
a racionalização do uso dos recursos, concentrando os investimentos em poucos
projetos que tenham a capacidade de mobilizar o setor, que alinhem os esforços,
e para os quais seja garantida a continuidade dos investimentos. Juntando
forças seremos capazes de fazer mais e de atender à maioria das necessidades da
Agência Espacial Brasileira e do Ministério da Defesa com um grau crescente de
geração de tecnologia, conteúdo nacional e soberania.
N. da R.: Eduardo Bonini é presidente da Visiona
Tecnologia Espacial S.A.
Artigo publicado
na edição especial de Tecnologia
& Defesa sobre atividades espaciais, em fevereiro de 2015.
Fonte: Blog Panorama Espacial - http://panoramaespacial.blogspot.com.br/
Comentário: Bom leitor, neste artigo o Sr. Eduardo Bonini
se utiliza de um discurso verdadeiro de mais de duas décadas para defender o
seu peixe, ou seja, a criação da Visiona e o projeto do SGDC. Na verdade nem
uma coisa nem outra são positivas para o Brasil. Não que a ideia de uma empresa integradora não seja uma boa ideia, acho até que é diferentemente do
que pensa o SindCT. Entretanto não com a conotação política que motivou a
criação desta empresa, e muito menos como foi conduzido o projeto deste satélite
SGDC, que não contribui em nada para o desenvolvimento tecnológico do país,
coloca em risco o Sistema de Defesa do país, além de levantar suspeitas sobre a
lisura do seu contrato. Um desastre por completo que trará sérias consequências ao erário público, ao PEB e ao país.
Duda
ResponderExcluirInstituição responsável (e com experiência) na integração de satélites já existe há bastante tempo. Chama-se INPE !! Porque criar uma VISIONA ? Será que o governo considera o INPE incompetente ? A legislação emperrou as ICT ? Ou porque uma ICT como o INPE não pode fazer "doações" de campanha ? A Visiona pode...
Caro Sr. Heisenberg.
ExcluirPorque o senhor achar (entre outras coisas) que em minha opinião há algo de muito errado nessa história de Visiona? Agora, quanto a existência de uma empresa integradora, acho a ideia boa sim, não só para satélites como para foguetes, desde que seja feita da forma correta, coisa que não é o caso da Visiona. E desde que no processo envolva a participação do INPE. Tanto o INPE como o IAE devem atuar como institutos de pesquisas, desenvolvendo tecnologias que o PEB precisa e tecnologias inovadoras para o setor, e não atuar como empresas integradoras. Entretanto, isto só funcionaria num universo de seriedade e responsabilidade política, coisa que estamos ainda muito longe de alcançar no Brasil.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)