IPEA Propõe Planejamento de Longo Prazo Para Setor Espacial Brasileiro
Olá leitor!
Segue abaixo um artigo publicado na edição de nº 34 (Fevereiro) do Jornal do SincdCT, destacando que o IPEA propõe planejamento de longo prazo para o Setor Espacial Brasileiro.
Duda Falcão
CIÊNCIA E TECNOLOGIA 3
IPEA Propõe Planejamento de Longo
Prazo Para Setor Espacial Brasileiro
ESTUDO DESTACA POTENCIAL ECONÔMICO
Antonio Biondi
Colaborou Caio
Ramos
Jornal do SindCT
Edição nº 34
Fevereiro de 2015
Pesquisa
do Instituto defende repasses regulares de recursos e política de formação de
pessoal qualificado para reduzir o hiato entre o Brasil e outras nações
emergentes, como China e Índia.
Há
enorme potencial para o crescimento da indústria espacial no Brasil. Além de
promover importantes saltos no desenvolvimento tecnológico no país, ela pode
gerar ganhos econômicos relevantes.
A
experiência de outros países emergentes reafirma tais perspectivas. Para que
isso aconteça, no entanto, o governo deve destinar recursos para esse setor de
modo mais planejado e com maior regularidade, diminuindo o hiato entre o
Programa Espacial Brasileiro (PEB) e as iniciativas de outros países.
A
conclusão é do estudo “Desafios e Oportunidades para Uma Indústria Espacial
Emergente: o Caso do Brasil”, de Flávia de Holanda Schmidt, técnica de
planejamento e pesquisa e diretora-adjunta de Estudos e Políticas Setoriais de
Inovação, Regulação e Infraestrutura do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA), órgão federal. O estudo, apresentado por Flávia na audiência
pública realizada pelo Senado Federal sobre o PEB, em novembro de 2014
(noticiada na edição 33 do Jornal do SindCT), destaca que, no ano 2000, o setor
empregava 22,1 mil trabalhadores no Brasil.
Em
2010, esse número já havia quase dobrado, totalizando 42,5 mil postos de
trabalho nas empresas do setor. Os dados, obtidos no Ministério do Trabalho e
Emprego, apontam ainda que, em 2008, essas empresas chegaram a empregar 45,4 mil
pessoas. O potencial do setor e sua importância para o Brasil também são
comprovados por dados da Satellite Industry Association (SAI) apresentados na
pesquisa. Em 2010, a indústria espacial mundial movimentou US$ 276,5 bilhões,
ao passo que a indústria de satélites em geral (não somente os de
telecomunicações) movimentou US$ 168,1 bilhões.
Já
a indústria de telecomunicações em geral movimentou mais de US$ 4 trilhões no
mundo. O trabalho do IPEA aponta que empreendimentos espaciais dão oportunidade
para que os países avancem na cadeia de valor, diversifiquem as trocas
comerciais e evitem a “fuga de cérebros”, mantendo no país os engenheiros e
cientistas necessários ao avanço tecnológico.
“Países
como China e Índia exemplificam casos bem-sucedidos em que a atividade espacial
foi considerada estratégica e contou com apoio do governo para a consecução de
resultados expressivos, como prova o desenvolvimento observado nos últimos 20
anos”, afirma Flávia. A China, além de ter criado uma arma antissatelital
(ASAT), tornou-se em 2008 o terceiro país do mundo a enviar seres humanos ao
espaço. Igualmente impressionantes são os feitos espaciais da Índia.
Os
indianos, que lançaram a sonda lunar Chandrayaan-1 em 2008, chegaram bem mais
longe em setembro de 2014, quando o satélite Mangalyaan entrou na órbita de
Marte. O primeiro- -ministro Narendra Modi destacou que a missão do Mangalyaan
custou “menos que um filme de Hollywood”, segundo a BBC, pois foi orçada em 4,5
bilhões de rúpias (cerca de US$ 74 milhões), “o que, para os padrões
ocidentais, é incrivelmente barato”.
No
Brasil, o setor espacial tem demandas (e potencialidades) crescentes de várias
instituições. Entre elas estão órgãos do governo, universidades e centros de
pesquisas, organizações não governamentais, empresas de vários tipos de
atividade e a mídia. Segundo o estudo do IPEA, no entanto, essas necessidades
não são levadas em conta para se orientar um planejamento de médio e longo
prazo do setor.
Esse
maior planejamento não deveria ficar restrito às políticas industriais, defende
Flávia. Como o setor espacial é dependente de força de trabalho altamente
especializada, composta de engenheiros e outros profissionais qualificados,
também seria necessária uma política educacional de formação desses
profissionais.
Setor Privado
A
diretora-adjunta do IPEA assinala que a importância das empresas privadas na
área espacial brasileira tem crescido, mas que o poder de compra do Estado
ainda é decisivo: “Não há como se falar em desenvolvimento da indústria
espacial local sem abordar a necessidade de articulação da demanda
governamental por produtos e serviços espaciais, o que exige uma abordagem mais
coordenada e estratégica para a questão do que a atualmente existente, com
regularidade e cadência na disponibilização dos recursos”, diz ela.
O
trabalho identificou 177 empresas que fornecem serviços e produtos para o setor
espacial brasileiro (veja tabela).
Elas
foram analisadas em aspectos como conteúdo tecnológico, perfil da mão de obra,
exportações e importações, utilização de financiamento do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e participação em grupos de pesquisa
do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) ou em
projetos dos fundos setoriais.
As
informações foram obtidas para o período de 2000 a 2010. De acordo com o
estudo, a maioria absoluta dessas firmas (77,8%) situa-se em São Paulo, reflexo
da localização, nesse Estado, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE) e do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE). O setor emprega mais de 40
mil profissionais. Em 2010 eles tinham formação com cerca de 11,6 anos de
estudos, e ganhavam em média R$ 2,5 mil.
As
empresas espaciais têm uma proporção de 33% dos seus funcionários com nível
superior, número que cai para 20% nas companhias de outros ramos. Elas também
contam com uma quantidade média maior de engenheiros, pesquisadores e pessoal
científico.
“Cabe
a ressalva de que a cadência irregular dos investimentos do Programa Espacial
Brasileiro dificulta a sustentabilidade das atividades dessas firmas apenas com
base em atividades espaciais. Assim, é possível que grande parte delas tenha
buscado ao longo de sua existência a diversificação de suas atividades”,
comenta Flávia.
Nessa
perspectiva, fica claro que essa força de trabalho qualificada pode acabar
sendo empregada em outros mercados, relacionados ou não ao setor espacial. A
pesquisa do IPEA também revelou que as empresas que atendem ao setor espacial
brasileiro atuam no comércio exterior. Quase metade delas importa sistemas que
ainda não são produzidos no Brasil. Mas elas também exportam, em especial itens
de suas outras unidades de negócios, como o setor aeronáutico.
“Estratégia
Nacional de Defesa”
O
setor espacial é descrito como uma prioridade na Estratégia Nacional de Defesa
(END), documento de 2008 do governo federal.
Ela
se baseia na reorganização das Forças Armadas e na reestruturação da indústria
de material de defesa. No tocante ao setor espacial, a END defende a garantia
do acesso ao espaço, por meio do projeto de um veículo lançador de satélites; o
desenvolvimento de competências para o projeto e fabricação de satélites; e o
desenvolvimento de tecnologias de satélites para funções de comando e controle,
computação, comunicações, inteligência, vigilância, reconhecimento e
determinação de posicionamento.
A
END descreve vários obstáculos para que o país alcance esses objetivos, como a
já citada falta de um planejamento e de alocação de recursos por parte do
governo, e a pequena quantidade de profissionais especializados nesse setor. Se
a indústria de defesa já é considerada indutora de inovação, vale destacar que
apenas as exportações espaciais e aeronáuticas podem ser consideradas de alta
tecnologia, uma vez que as exportações militares brasileiras tem padrão
tecnológico médio-baixo.
Desse
modo, a pesquisadora do IPEA defende que os investimentos espaciais militares
possuem potencial para gerar vantagens competitivas em outros segmentos, a
exemplo das áreas relacionadas às tecnologias de GPS e de imageamento. A versão
completa do estudo está disponível em http://www.ipea.gov. br/portal/images/stories/
PDFs/TDs/td_1667.pdf , ao passo que o link para a versão resumida é: http:// www.ipea.gov.br/portal/
images/stories/PDFs/comunicado/ 120711_comunicadoipea0153. pdf
Fonte: Jornal do SindCT - Edição 34ª - Fevereiro de 2015
Comentário: E vamos nós de novo. Pois é leitor, este é mais
um estudo que chega a conclusões semelhantes das que já são conhecidas há mais
de duas décadas. Cara senhora Flávia de Holanda Schmidt, Programa Espacial é estratégico para
qualquer nação do planeta, seja na Área Comercial, seja na Área de Defesa, seja
na Área Climática, seja na Área Científica e Tecnológica, seja na Área Política
e de afirmação de imagem de uma nação perante as decisões planetárias junto a comunidade internacional. O que
está descrito no END ou no PNAE sobre as atividades espaciais no Brasil é pura palhaçada,
pois na atual conjuntura política, jamais o que esta escrito nesses documentos,
ou qualquer outro que venha surgir, será comprido, seja pelo PT, PSDB, PC do B,
PSB, ou qualquer dessas inúmeras legendas de merda que infestam danosamente o
setor político do país. O motivo disto é simples, ou seja, como a importância do PEB é
de total ignorância da maioria do Povo Brasileiro, e principalmente de classe
dominante (que tem seus próprios interesses e o PEB não é um deles) esta classe
de energúmenos não tem o menor interesse neste programa, já que o mesmo não
pode ser utilizado com eficácia como peça política na luta pelo poder, ou seja,
não gera voto. Já passou da hora da sociedade esclarecida e preocupada com os
rumos do Brasil entender de que não vivemos num pais sério e que essa gente não entra na política para construir
uma nação, um estado, uma região ou uma cidade, e sim para se dar bem e viver
as custas do erário público brasileiro formando e passando de pai para filho esta cultura e
saqueando a nação. Portanto, qualquer programa que não tenha apelo popular Sra.
Flávia Schmidt, não tem a mínima chance de obter apoio desses energúmenos.
Enfim, apesar da grande relevância de seu estudo e de suas conclusões, a senhora que me perdoe à sinceridade, mas o seu trabalho deverá acabar em alguma gaveta do Congresso. Isto é, se não for jogado na lata
do lixo.
Parabéns à Sra. Flávia pelo trabalho realizado.
ResponderExcluirParabéns a ela pelo estudo, e o Duda esta correto em seu comentário.
ResponderExcluirA avaliação do Duda está correta, exceto pela pá de cal no final do comentário: estudos como esse devem ser incentivados! Infelizmente não temos muito o que fazer e devemos continuar divulgando os problemas, aliás como o Duda faz muito bem através do blog.
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