A Europa Precisa de Foguetes Reutilizáveis Para Alcançar a SpaceX de Musk, Disse o Chefe da ESA

Prezados entusiastas da exploração espacial,
 
Credito: Space Daily
Josef Aschbacher, diretor da ESA.

No dia de ontem (10/10), o portal Space Daily noticiou que segundo o que disse o diretor da Agência Espacial Europeia (ESA), Josef Aschbacher, em entrevista à AFP, a Europa precisa rapidamente de seu próprio lançador de foguetes reutilizável para alcançar a dominante SpaceX, do bilionário Elon Musk.
 
De acordo com a nota do portal, embora a empresa norte-americana lidere amplamente o setor em expansão de lançamentos espaciais, uma série de contratempos — incluindo a retirada dos foguetes russos — deixou a Europa sem uma forma independente de lançar suas missões ao espaço.
 
Esse hiato de um ano terminou com o primeiro lançamento do muito adiado foguete Ariane 6, em julho de 2024. Mas o sistema não é reutilizável, ao contrário do confiável Falcon 9 da SpaceX.
 
“Precisamos realmente recuperar o atraso e garantir que cheguemos ao mercado com um lançador reutilizável relativamente rápido”, disse Aschbacher na sede da AFP em Paris.
 
“Estamos no caminho certo” para alcançar esse objetivo, acrescentou ele, antes do conselho ministerial da ESA na cidade alemã de Bremen, no próximo mês.
 
Mudança de Paradigma
 
A ESA já anunciou uma lista restrita de cinco empresas aeroespaciais europeias que estão concorrendo para construir o primeiro sistema de lançamento reutilizável do continente.
 
Esse número será eventualmente reduzido para duas — ou até mesmo uma só —, disse Aschbacher.
 
“O Ariane 6 é um excelente foguete — é muito preciso”, afirmou Aschbacher. “Já tivemos três lançamentos”, com mais dois esperados até o fim do ano, acrescentou.
 
Apesar de finalmente conseguir lançar o Ariane 6 e o novo, menor, foguete Vega C, a ESA decidiu por uma “mudança de paradigma”, disse Aschbacher.
 
“A próxima geração de lançadores será muito diferente”, declarou à AFP.
 
Quando o Ariane 6 foi planejado, mais de uma década atrás, a reutilização não era considerada viável, devido ao custo e tempo adicionais.
 
Mas ele passou a ser criticado em comparação ao relativamente barato e reutilizável Falcon 9, que já realizou mais de 100 lançamentos somente este ano.
 
Por isso, a ESA decidiu seguir o exemplo da NASA, que também costumava desenvolver seus próprios foguetes, mas agora terceiriza os lançamentos para empresas privadas como a SpaceX ou a Blue Origin, de Jeff Bezos.
 
Uma Starlink Europeia?
 
Muitos dos voos do Falcon 9 levaram ao espaço mais de 8.000 satélites que compõem a rede de internet Starlink, de Musk.
 
A União Europeia está planejando criar sua própria constelação de satélites de internet, chamada IRIS², que deverá entrar em operação em 2030.
 
“A Europa precisa disso com urgência absoluta”, disse Aschbacher.
 
“Precisamos garantir que temos foguetes para levar nossos satélites ao espaço.”
 
Ele destacou que o IRIS² será “muito diferente” da Starlink, com menos satélites, e com foco maior em “comunicação segura”.
 
A constelação representará um avanço tecnológico, mesmo que a Europa às vezes fique “alguns anos atrás” de seus concorrentes, disse Aschbacher.
 
Ele observou que o sistema europeu de navegação por satélite Galileo e o programa de observação da Terra Copernicus começaram com 10 a 15 anos de atraso em relação aos concorrentes norte-americanos GPS e Landsat.
 
Agora, ambos os programas europeus são “os melhores do mundo”, afirmou.
 
Aschbacher lamentou que o investimento público europeu em espaço esteja diminuindo, mesmo com o crescimento da economia espacial global.
 
Ele pediu um “engajamento financeiro muito forte” por parte dos 23 Estados-membros da ESA — que incluem o Reino Unido — na reunião ministerial do próximo mês.
 
Impacto de Cortes de Trump?
 
Nos Estados Unidos, o governo do ex-presidente Donald Trump propôs cortes significativos no orçamento da NASA, sinalizando a intenção de cancelar a missão conjunta de retorno de amostras de Marte com a ESA.
 
Se os cortes forem adiante, Aschbacher disse que eles também podem afetar missões compartilhadas, como o uso da Estação Espacial Internacional e o programa Artemis, que visa levar astronautas de volta à Lua.
 
As três missões da ESA mais propensas a serem impactadas são a missão EnVision para Vênus, o observatório de ondas gravitacionais LISA e o telescópio de raios X NewAthena, segundo Aschbacher.
 
No entanto, a Europa pretende concluir essas “missões emblemáticas” mesmo que os EUA desistam — talvez envolvendo novos parceiros, acrescentou.
 
Aschbacher também disse que houve “interesse por parte de nossos colegas nos Estados Unidos” em se candidatar a empregos na ESA.
 
Brazilian Space
 
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