INPE Investiga Processos Que Caracterizam o Desmatamento na Amazônia
Caro leitor!
Segue abaixo uma nota postada ontem (25/06) no site
oficial do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) destacando que o instituto
está investigando processos que caracterizam o desmatamento na Amazônia.
Duda Falcão
NOTÍCIA
INPE Investiga Processos Que
Caracterizam o Desmatamento
na Amazônia
Por INPE
Publicado: Jun 25, 2018
São José dos Campos-SP, 25 de junho de 2018
São José dos Campos-SP, 25 de junho de 2018
A floresta amazônica exerce papel vital na manutenção de
serviços ecológicos. Nela se encontra mais da metade da biodiversidade da
Terra, além de um terço das florestas tropicais do planeta. Os bosques
amazônicos contribuem ativamente para manter o equilíbrio climático com o
processo de evaporação e transpiração das árvores e funcionam como grandes
depósitos de carbono. Todavia, o desmatamento e seus inúmeros fatores têm
ocupado há algum tempo a agenda ambiental brasileira.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
monitora a floresta amazônica brasileira desde 1988, gerando dados oficiais que
auxiliam na criação de políticas públicas para o combate ao desmatamento. Em
adição, desde 2008, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa), o Instituto produz um mapeamento do uso e cobertura da terra que
qualifica as áreas desflorestadas. No entanto, devido à função desses sistemas
e às limitações dos instrumentos utilizados, categorias como as que representam
as atividades do produtor rural de pequena escala e a produção extrativista não
são contempladas.
Como componente do Projeto
Monitoramento Ambiental por Satélites no Bioma Amazônia (MSA), financiado
pelo Fundo Amazônia e executado pelo INPE em parceria com o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), desenvolveu-se uma pesquisa que
buscou oferecer um olhar mais atento e completo para a paisagem, considerando
os que vivem e convivem com a região. Trata-se do "Estudo das trajetórias
de padrões e processos na caracterização de dinâmicas do desmatamento na
Amazônia".
Segundo a pesquisadora Maria Isabel Escada, da Divisão de
Processamento de Imagens do INPE (DPI) e coordenadora deste trabalho,
"oferecer visibilidade para essas formas de produção significa dar a
possibilidade de oferecer políticas públicas às pessoas envolvidas nelas,
inserindo-as nos arranjos produtivos locais. As formas de produzir de grande
parte dessas populações levam a um menor desmatamento e, ainda assim, produzem
alimentos que abastecem as cidades e os núcleos populacionais, fazendo circular
a economia, ainda que muitas vezes de maneira informal".
A proposta da pesquisa é o diferencial frente aos
trabalhos desenvolvidos nesse âmbito, uma vez que foram associadas temáticas
que geralmente são trabalhadas em separado. "Não se quis analisar somente
a paisagem e as mudanças de uso e cobertura da terra em si, mas se buscou os
contextos urbanos dessa paisagem, os processos econômicos, humanos e sociais
intrinsecamente relacionados às transformações geradas pelas trajetórias de uso
e cobertura da terra em diferentes escalas", destaca Maria Isabel Escada.
De acordo com o pesquisador Antônio Miguel Monteiro, da
DPI/INPE, "a intensidade dos processos de ocupação regional nas últimas
décadas na Amazônia produziu um conjunto de assentamentos humanos que vão muito
além das cidades, como as vilas, distritos e várias outras formas de
organização de núcleos populacionais, que representam nós e que configuram a
trama urbana na Amazônia contemporânea. Assim, para enfrentar os imensos
desafios de uma floresta urbanizada não é possível pensar em políticas para
essa floresta que não reconheçam e envolvam sua dimensão urbana e a forma na
qual esse urbano se expressa na paisagem".
O Pará foi o grande centro desse trabalho minucioso,
palco da maioria das idas a campo. O Estado, além de ter uma relação intensa
com as dinâmicas do desmatamento, tem formas de produção bem marcantes, como o
avanço da soja numa região onde sempre predominou a agricultura familiar. Foram
abarcadas aproximadamente 200 comunidades da Amazônia, especificamente em áreas
próximas aos municípios de Santarém e Itaituba, no Pará, por onde corre o Rio
Tapajós e por onde passam as rodovias BR-230 - a Transamazônica e BR-163, esta
última, enfatizando o trecho entre os municípios de Sinop, no norte do Mato
Grosso e Novo Progresso, no sul do Pará, área conhecida pelo grande
desmatamento em função da atual expansão da fronteira agrícola.
"Nos trabalhos de campo, realizados nas regiões
ribeirinhas e de terra firme, observamos diferentes formas e dinâmicas de
desmatamento vinculadas aos diferentes sistemas produtivos existentes na
Amazônia. Além da pecuária extensiva e do cultivo de grãos, que são atividades
que demandam grandes quantidades de terra e de áreas de floresta, observamos a
presença de formas de produção baseadas em sistemas agroflorestais, como a
produção do cacau, que demanda uma pequena quantidade de terra e utiliza
espécies arbóreas nativas para o sombreamento dessa cultura", diz Maria
Isabel Escada.
Para observar o processo de conversão da cobertura
florestal em conjunto com o arranjo espacial da população as equipes
entrevistaram populações tradicionais, produtores rurais, representantes das
comunidades e das instituições locais para coletar informações que subsidiaram
análises posteriores. "Nesta pesquisa não bastava analisar apenas imagem
de satélite, era imprescindível o contato humano para verificar a
correspondência dos padrões encontrados nas imagens com a realidade",
ressalta a Maria Isabel Escada.
Entre os resultados desse trabalho, têm-se o
desenvolvimento de ferramentas para análise de imagens e dos dados provenientes
delas - um sistema de mineração de dados para mapear a paisagem em consonância
com os padrões que estão associados a alguma atividade econômica ou processo
produtivo e um sistema para mapear e processar imagens de radar. Com o TerraRadar
a equipe desenvolve classificadores e realiza testes com os pontos de controle
e dados coletados em campo. E com o TerraHidro foi possível trabalhar com
delimitação automática de bacias, a extração de drenagens e definição de áreas
para uma melhor caracterização do uso da terra nas bacias presentes na área de
estudo.
"A bacia hidrográfica é unidade de manejo importante
para análises envolvendo mudanças de uso da terra e seus efeitos sobre os
recursos hídricos. O diagnóstico do uso e cobertura do solo no interior da
bacia mostra a relação entre as mudanças antrópicas e a perda da floresta e
seus impactos nos rios. O sistema TerraHidro possibilita delimitar áreas para
as análises tanto em pontos isolados de uma bacia de forma automática, como também
de um inteiro sistema fluvial", enfatiza o pesquisador da DPI/INPE, Sérgio
Rosim.
É importante mencionar também outra temática abordada
durante o projeto, que contou com a observação e realização de medidas de campo
em corpos d´água para compreender a composição e circulação das águas entre
rios e os lagos da planície de inundação, em momentos de cheia e vazante,
gerando subsídios para o mapeamento - com imagens de satélite, e caracterização
das massas d´água e das dinâmicas de uso e cobertura da terra. A equipe do
Laboratório de Instrumentação de Sistemas Aquáticos (Labisa/DPI/INPE) realizou
expedições de campo para obter medidas radiométricas e limnológicas para
calibração de modelos.
"Esses modelos permitirão monitorar, a partir de
imagens de satélites, as dinâmicas de composição das massas de água que
circulam pela planície, de modo a relacioná-las com as dinâmicas de uso da
terra. Os resultados derivados deste monitoramento poderão ser utilizados como
suporte ao desenvolvimento de cenários sobre os impactos de mudanças climáticas
e/ou de uso da terra sobre previsão de serviços ecossistêmicos fornecidos pela
planície de inundação e para a manutenção de sua biodiversidade", explica
Claudio Clemente Barbosa, pesquisador e coordenador do Labisa, ligado à
DPI/INPE.
O Projeto
Monitoramento Ambiental por Satélites no Bioma Amazônia (MSA), teve início
em 2014 e ocorreu para apoiar o desenvolvimento de estudos sobre usos e
cobertura da terra no bioma Amazônia, bem como a ampliação e o aprimoramento do
monitoramento ambiental por satélites realizado pelo INPE. Foi executado pelo
Instituto através de sua instituição de apoio, a Fundação de Ciência,
Aplicações e Tecnologias Espacias (FUNCATE) e o BNDES, com recursos do Fundo
Amazônia. Nos dias 13 e 14 de agosto, no INPE em São José dos Campos (SP)
ocorre o seminário de encerramento do projeto, onde serão apresentados e
discutidos os resultados obtidos durante sua execução.
No interior da Amazônia, as equipes do projeto entrevistaram
populações tradicionais, produtores rurais, representantes
das
comunidades e das instituições locais.
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O Pará foi o grande centro desse trabalho minucioso,
palco
da maioria das idas a campo.
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Fonte: Site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE)
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