INPE Desenvolve Equipamento Para Projeto Que Detectou as Ondas de Einstein
Olá leitor!
Segue agora uma nota postada hoje (01/06) no site do Ministério
da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC) destacando que o Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), esta desenvolvendo equipamento para
projeto que detectou as Ondas de Einstein.
Duda Falcão
Notícias
INPE Desenvolve Equipamento Para
Projeto Que Detectou as Ondas
de Einstein
Cientistas que participaram do projeto que confirmou as
ondas gravitacionais
de Albert Einstein preveem uma revolução do conhecimento
sobre o universo.
"Antes, a gente via o universo, agora a gente pode
escutar", dizem.
Por Ascom do MCTIC
Publicação: 01/06/2016 | 08:00
Última modificação: 01/06/2016 | 10:03
Crédito: Ascom/MCTIC
Pesquisador César Costa, do INPE, participou de palestra
sobre projeto que detectou as ondas gravitacionais.
|
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE/MCTIC)
está construindo equipamentos para o Observatório de Ondas Gravitacionais por
Interferometria Laser (Ligo, em inglês), responsável pela detecção de ondas
gravitacionais, em setembro do ano passado. Além de colaborar com o projeto
Ligo na análise de dados que confirmaram o fenômeno, previsto por Albert
Einstein há cem anos na Teoria da Relatividade Geral, o instituto vai fornecer
atenuadores de ruídos para a etapa do Ligo programada para entrar em operação
em 2023.
"Juntamente com o projeto de análise de dados, o
grupo de pesquisadores do Inpe trabalha com o desenvolvimento de atenuadores
físicos, porque o maior limitador da sensibilidade do Ligo em baixas
frequências é o ruído sísmico", afirmou o pesquisador César Costa, que, ao
lado de outro pesquisador, Odylio Aguiar, participou do projeto que detectou as
ondas gravitacionais.
Nesta terça-feira (31), eles ministraram uma palestra
para acadêmicos, estudantes, pesquisadores e gestores no Centro de Gestão e
Estudos Estratégicos (CGEE/MCTIC) sobre a participação dos cientistas
brasileiros no Ligo e o planejamento científico e tecnológico de longo prazo
que projetos como este exigem do país.
"Os atenuadores que estamos desenvolvendo são
basicamente pêndulos alinhados um dentro do outro que enfraquecem as oscilações
que vêm de fora. O ideal é que não passe nada. Oscilações que aqui no ambiente
teriam um metro, lá nos espelhos do Ligo, seriam muito menores que 1 mícron
(micrômetro = 1 milionésimo de metro, ou seja, uma medida microscópica)",
explicou Costa.
Segundo ele, a tecnologia é 100% nacional e está sendo
desenvolvida no Laboratório de Integração e Testes do Inpe, em São José dos
Campos (SP),com recursos da ordem de R$ 500 mil provenientes da Financiadora de
Estudos e Projetos (FINEP/MCTIC).
Ciência de Longo Prazo
Em 1915, o físico Albert Einstein propôs a Teoria da
Relatividade Geral que se tornou o mais bem sucedido modelo que a ciência
dispõe para descrever a gravitação. Várias previsões dessa teoria foram
confirmadas ao longo do tempo, a mais recente delas – as ondas gravitacionais –
precisou esperar um século para que os desafios tecnológicos necessários para a
sua verificação fossem superados.
"Todo o conhecimento que a gente tem da astronomia
vem de praticamente 400 anos para cá, desde o telescópio de Galileu até os dias
de hoje. Isso, graças ao desenvolvimento dos telescópios na janela
eletromagnética. Agora vai haver uma revolução do conhecimento que a gente tem
do universo pela abertura dessa nova janela. Porque antes a gente via o
universo, agora a gente pode escutar. A gente ouviu os buracos negros orbitando
um em torno do outro e se fundindo", afirmou o pesquisador Odylio Aguiar.
Segundo ele, esses buracos negros estariam localizados a cerca de 1,3 bilhão de
anos.
De acordo com o Ligo, a forma do sinal gerado por essas
ondas se encaixa perfeitamente na previsão da teoria de Einstein para o que
seria produzido pela fusão de dois buracos negros com massa da ordem de 30
vezes o Sol cada um. Os buracos negros são pontos do universo onde a gravidade
é tão forte que nem a luz escapa. Isso os torna invisíveis a telescópios que
captam ondas eletromagnéticas. As ondas gravitacionais mostram que, invisíveis
ou não, os buracos negros estão no universo. Ouça o som gerado
pela fusão dos buracos negros que provocaram as ondas gravitacionais no espaço.
"O Ligo deverá observar todo o universo conhecido.
Uma das coisas que faz com que a gente avance no conhecimento da física é a
falta de fatos. As teorias ficam empacadas, de certa forma, por falta de fatos.
Por exemplo, agora com as ondas gravitacionais, a gente vai poder detectar a
fusão das estrelas de nêutrons. Antes não existiam experimentos que
relacionassem as duas. O esmagamento das estrelas de nêutrons em sua fusão vai
nos dar informações sobre mecânica quântica em campo gravitacional intenso. A
gente vai aprender como funciona o relacionamento entre a força da gravidade e
a mecânica quântica, e isso, talvez, nos dê dicas de uma teoria da mecânica
quântica que nos explique essas e outras questões, como a energia escura, que a
gente não sabe o que é", explicou Aguiar.
O Ligo
Participam do Ligo mais de mil cientistas de 100
instituições de 16 países, incluindo seis pesquisadores do Inpe. Os detectores
do Ligo estão localizados em Livingston, Louisiana, e Hanford, Washington, nos
Estados Unidos. Separados por cerca de três mil quilômetros, cada observatório
é composto por duas estruturas perpendiculares entre si, com quatro quilômetros
de extensão cada, nas quais os feixes de laser "viajam" através de um
túnel de alto vácuo. O padrão de interferência desses dois feixes muda quando
uma onda gravitacional passa por esses túneis.
"O laser funciona dentro da faixa do infravermelho
próximo de 1,64 mil nanômetros. Emitido com potência inicial de 10 watts, ele
passa por um processo de reciclagem dentro das cavidades ressonantes - onde é
detectada a onda gravitacional - e com isso chega a atingir 100 quilowatts. Ou
seja, acumula luz dentro da cavidade e vai ampliando a potência. Basicamente, o
que segura os espelhos na posição em que eles se encontram é a pressão da
radiação dos fótons (de luz) batendo no espelho. Essa é uma potência muito
alta. O sol das 12h em um metro quadrado dá mais ou menos 500 watts. Se você
pegar uma área de 1 metro quadrado seria 200 vezes mais potente que o sol de
meio-dia", explicou César Costa.
Além da descoberta sem precedentes, o Ligo trouxe
benefícios paralelos para a ciência contemporânea e para o futuro da
recém-inaugurada astronomia de ondas gravitacionais. Segundo Odylio, o
desenvolvimento tecnológico e a inovação industrial gerada pelo projeto
resultaram em avanços para diversos setores. "Por conta do Ligo, surgiram
avanços no setor da ótica de lasers, no isolamento vibracional, nas medições de
grande precisão, em soldagem, dentre outras áreas."
Fonte: Site do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação
e Comunicações (MCTIC)
Comentários
Postar um comentário