Órbita da Terra Já Acumula 7,5 mil Toneladas de Sucata
Olá leitor!
Segue abaixo a primeira
matéria de um especial de três matérias publicado ontem (29/04) no site do jornal
“O Estado de São Paulo”, tendo como destaque o lixo espacial que está se
acumulando na Órbita da Terra.
Duda Falcão
CIÊNCIA -
ESPECIAL
Órbita da Terra
Já Acumula
7,5 mil Toneladas de Sucata
Concentração de
lixo espacial teve aumento crítico nos últimos anos e ameaça saturar
vizinhanças do planeta; Agência quer programa de limpeza orbital em 2023.
Fábio de Castro,
O Estado de
S.Paulo
29 Abril 2018 |
03h00
Foto: Nilton
Fukuda/Estadão
Laboratório Nacional de Astrofísica, em Minas, monitora
lixo espacial.
|
No início de
abril, a estação espacial chinesa Tiangong-1 - que pesava 8,5 toneladas e
estava fora de controle e inoperante desde 2006 - caiu no Oceano Pacífico,
chamando a atenção do mundo para a questão da sucata espacial. Mas, segundo
estudos feitos pela Agência Espacial Europeia (ESA), o problema é bem mais
grave do que a queda de um módulo em pane: a quantidade de lixo aumentou
consideravelmente nos últimos anos, deixando o espaço orbital da Terra cada vez
mais próximo do limite de saturação.
Em 60 anos de
atividade espacial, mais de 5 mil lançamentos de foguetes fizeram com que a
órbita da Terra ficasse repleta de dejetos. A ESA estima que satélites
inoperantes, partes de foguetes, peças de espaçonaves e pedaços de objetos
relacionados a missões espaciais já somam 7,5 mil toneladas de lixo
orbital.
Esses detritos
viajam em torno da Terra em velocidades alucinantes, que podem passar dos 28
mil quilômetros por hora. Nessas condições, a colisão de um pequeno parafuso
com um satélite pode ter o efeito de um tiro de canhão.
“Se reduzirmos
os lançamentos espaciais a zero hoje mesmo, o número de objetos vai continuar
aumentando da mesma forma. Isso porque cada colisão espalha um grande número de
detritos, que continuam viajando no espaço em grande velocidade, produzindo
novas colisões”, disse ao Estado o diretor do Escritório de Detritos
Espaciais da ESA, Holger Krag.
Rastro de Detritos
Em 60 anos de
atividade espacial, o espaço nas vizinhanças da Terra já acumula mais de 7,5
mil toneladas de lixo em órbita.
Veja o
infográfico que acompanha esta matéria pelo link:
De acordo com
Krag, esse efeito cascata, que tende a aumentar exponencialmente os riscos de novas
colisões, praticamente inviabilizando o uso da órbita terrestre para atividades
espaciais, foi previsto em 1978 por um consultor da Nasa, Donald Kessler.
Quatro décadas depois, a chamada “síndrome de Kessler” já é uma
realidade.
]
“Há cinco anos,
concluímos que a síndrome de Kessler já acontece em algumas regiões do espaço e
então corremos para implementar nosso programa de redução do lixo espacial.
Estamos desenvolvendo tecnologias de remoção ativa dos detritos. Se
conseguirmos recursos, o programa entrará em ação em 2023”, afirmou Krag.
Ele conta que a
prioridade é retirar do espaço os objetos grandes - que são a maior fonte de
novos detritos - e os mais próximos à Terra, onde se concentra mais lixo.
“Objetos menores também são perigosos, mas têm mais chance de cair na
atmosfera, desintegrando-se.”
Segundo Krag, o
tempo entre duas colisões está ficando cada vez mais curto. “Hoje, acontece uma
colisão a cada cinco anos, provocando milhares de fragmentos. Nesse ritmo, em
poucas décadas a órbita baixa da Terra ficará impraticável.”
Segundo Krag, em
2009 foi registrada a primeira colisão entre dois satélites de comunicação: um
deles, russo, desativado, e o outro, americano, em operação. “Só nesse episódio
foram lançados mais de 2 mil fragmentos de lixo. Por isso é tão urgente
rastrear e eliminar esses objetos maiores.”
Já foram
rastreados até agora mais de 23 mil detritos com mais de 10 centímetros na
órbita da Terra. Outros 750 mil fragmentos têm entre 1 e 10 centímetros.
Estima-se que haja ainda 166 milhões de dejetos com menos de 1 centímetro, que
não podem ser rastreados.
Fonte: Site do
Jornal O Estado de São Paulo – 29/04/2018
Comentário:
Muito interessante e preocupante toda esta situação. A ONU deveria está neste
momento fazendo um esforço para cobrar de seus países membros uma solução
conjunta para este problema. Aproveitamos para agradecer publicamente ao nosso
leitor Bernardino Silva pelo envio desta matéria.
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