Maior Observatório de Raios Cósmicos em Operação no Mundo Seleciona Proposta de Atualização
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota postada hoje (09/04) no site da
“Agência FAPESP”, destacando que o maior observatório de raios cósmicos em
operação no mundo, ou seja, Observatório Pierre Auger, seleciona proposta de
atualização.
Duda Falcão
Notícias
Maior Observatório de Raios Cósmicos
Seleciona Proposta
de Atualização
Por Elton Alisson,
de Buenos Aires
09 de abril de 2015
(Foto: Pierre Auger Observatory)
Observatório Pierre Auger estuda os raios cósmicos
ultraenergéticos que chegam até a Terra medindo os chuveiros
atmosféricos
extensos produzidos por eles na atmosfera.
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Agência FAPESP – Os 17 países-membros da colaboração Pierre
Auger, incluindo o Brasil e a Argentina, selecionaram uma proposta de
aprimoramento do maior observatório de raios cósmicos em operação no mundo,
instalado em Malargüe, na província de Mendoza, na Argentina, a 1,1 mil
quilômetros de Buenos Aires.
Detalhes da
proposta foram apresentados em uma mesa-redonda sobre grandes colaborações
científicas realizada na quarta-feira (08/04) durante a FAPESP Week Buenos
Aires.
Realizado pela
FAPESP em parceria com o Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y
Técnicas (Conicet), o evento reúne até a próxima sexta-feira (10/04), em Buenos
Aires, pesquisadores do Estado de São Paulo e de diferentes instituições de
ensino superior e de pesquisa da Argentina, com o objetivo de discutir o
aumento da colaboração científica entre os dois países.
“O Observatório
Pierre Auger é um bom exemplo de uma grande colaboração científica
internacional, com a participação efetiva da Argentina e do Brasil no projeto,
construção, operação e desempenho do sistema de detectores ao longo destes dez
anos”, disse Carola Dobrigkeit Chinellato, professora do Instituto de Física
Gleb Wataghin (IFGW) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), à Agência FAPESP.
“A proposta de
aprimoramento do Observatório Pierre Auger permitirá melhorar sua capacidade
tecnológica para que possamos complementar os dados das partículas cósmicas de
ultra-alta energia que estamos extraindo com os detectores que temos atualmente
no observatório”, avaliou Chinellato, que preside a Comissão de Publicações do
Pierre Auger.
O observatório
astronômico, que entrou em operação com tomada de dados em 2004, após mais de
dez anos de planejamento, conta com a participação de cerca de 500 cientistas,
provenientes dos 17 países-membros da colaboração. O Brasil tem cerca de 5% de
participação no projeto e a Argentina, aproximadamente, 8%.
A participação
dos pesquisadores do Estado de São Paulo na colaboração é apoiada pela FAPESP.
Já a participação de pesquisadores de outros estados é financiada por outras
agências de fomento à pesquisa do país.
“O Brasil e a
Argentina são os principais parceiros da colaboração Pierre Auger”, afirmou
Alberto Etchegoyen, diretor do Instituto de Tecnologia em Detecção e de
Astropartículas da Comissión Nacional de Energia Atómica (CNEA), da Argentina,
em palestra durante o evento.
De acordo com os
pesquisadores participantes da colaboração, o Observatório Pierre Auger
permitiu observar ao longo dos dez anos de operação dezenas de raios cósmicos
na região de energia acima de 1020 (cem bilhões de bilhões) de
elétrons-volts (eV) e confirmou que há uma forte supressão do fluxo de raios
cósmicos que chegam à Terra com energias mais altas, acima de 5,5 x 1019(55 bilhões de bilhões) de eV.
Uma das
principais questões que os pesquisadores participantes do Pierre Auger tentarão
responder por meio do plano de aprimoramento do observatório é qual a origem da
supressão do fluxo dessas partículas subatômicas mais energéticas conhecidas na
atualidade.
Dessa forma,
será possível diferenciar se a supressão é devida a perdas de energia durante a
propagação extragaláctica ou se é consequência da existência de um limite
máximo de energia das partículas em suas fontes galácticas ou extragalácticas.
“Ao identificar
a causa da supressão do fluxo será possível encontrar fontes ou regiões de
fontes de raios cósmicos de ultra-alta energia”, estimou Chinellato.
“A chave para
atingir esse objetivo está na melhoria da identificação da composição dos raios
cósmicos primários, principalmente nas faixas de energias mais altas”, avaliou.
Segundo
pesquisadores participantes da colaboração, um dos desafios para identificar a
fonte e a composição dessas partículas vindas do espaço é que elas são medidas
de forma indireta.
Quando uma
partícula cósmica ultraenergética atinge a atmosfera terrestre, ela colide com
um núcleo do ar, produzindo novas partículas que, por sua vez, também colidem e
interagem, em um efeito multiplicativo em cascata, formando um chuveiro
atmosférico extenso, constituído de um bilhão de partículas ou mais.
O Observatório
Auger estuda os raios cósmicos ultraenergéticos que chegam até a Terra medindo
esses chuveiros atmosféricos extensos produzidos por eles na atmosfera.
A expectativa é
que o programa de aprimoramento pelo qual o Observatório Auger passará permita
responder questões fundamentais sobre a natureza dos raios cósmicos de
ultra-alta energia.
“Para que o
Observatório Pierre Auger atinja esses objetivos científicos, é importante
melhorar a sensibilidade dos detectores de partículas e estender as observações
até a região de energia em que se observa a supressão do fluxo de raios
cósmicos de ultra-alta energia”, afirmou Chinellato.
Proposta Selecionada
De acordo com a
pesquisadora, foram apresentadas cinco propostas de aprimoramento do
Observatório Auger dentro da colaboração internacional. As propostas foram
avaliadas por uma comissão de especialistas externos.
Cada uma das
propostas envolve uma técnica diferente para a identificação e quantificação de
múons – partículas subatômicas ultraenergéticas – nos chuveiros atmosféricos.
A determinação
do número de múons permitirá obter informações sobre a composição dos raios
cósmicos de mais alta energia, explicou Chinellato.
A proposta
escolhida, denominada Scintillator Surface Detector (SSC), consiste em instalar detectores
com cintiladores complementares de 2 m2 no topo de cada um dos 1.660 detectores
de superfície do observatório, ao custo de US$ 12 milhões – equivalente a um
quinto do custo da construção do observatório.
Espalhados por
uma área de 3 mil km2, em uma região plana ao lado dos Andes, os detectores,
que operam ininterruptamente, consistem em tanques de polietileno, preenchidos
com 12 mil litros de água ultrapurificada e instrumentalizados com sensores
fotomultiplicadores.
Quando as
partículas de um chuveiro atmosférico atravessam a água no interior do tanque é
emitida luz que pode ser medida nos sensores.
Antenas
acopladas ao tanque transmitem os dados via rádio para a sede do observatório
em Malargüe, de onde são enviados para análise de cerca de 500 pesquisadores em
outros pontos do mundo.
Os detectores de
superfície atuais do observatório já são bastante sensíveis aos múons presentes
nos chuveiros atmosféricos. Ao complementá-los com novos detectores com
cintiladores, contudo, será possível complementar as medidas da componente
eletromagnética, explicou Chinellato.
“Já há
protótipos dos detectores cintiladores em operação e em fase de teste no
Observatório Auger”, contou. “Estimamos que nos próximos dois anos uma boa
parte dos novos detectores já estejam instalados e seja possível tirar medidas
mais completas de raios cósmicos de ultra-alta energia sem interromper a
operação do observatório”, ressaltou.
Fonte: Site da Agência FAPESP
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