Astronauta Brasileiro Narra Treinamento Russo em Novo Livro
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota postada hoje (17/04) no site da
versão em português da “Gazeta Russa” destacando que o astronauta brasileiro, Marcos Pontes, irá narrar o seu treinamento russo em novo livro.
Duda Falcão
Ciência e Tecnologia
Astronauta Brasileiro Narra Treinamento Russo
Quanto tempo leva para ir
ao espaço? O que pôr na bagagem?
Marcos Pontes responde a
essas e outras perguntas em novo livro.
Sergio Maduro
Especial para Gazeta Russa
17/04/2015
Foto: Divulgação
Pontes com o americano Jeff Williams e o russo Pável Vinogradov |
A inspiração
vinda do cosmonauta soviético Iúri Gagárin (1934-1968) dá a linha do
novo livro de Marcos Pontes, primeiro astronauta brasileiro a viajar
ao espaço.
“Caminhando
com Gagárin: Crônicas de uma Missão Espacial” é mais um modo que o
tenente-coronel encontrou de homenagear seu ídolo - que também estampava a
camiseta levada por Pontes ao cosmos.
Pontes chegou
a Moscou em novembro de 2005 para finalizar a preparação iniciada sete anos
antes nos EUA. A fase final de treinamento na Rússia, que durou quase
cinco meses, justificava-se, entre outras razões, porque a nave que o
transportaria para o espaço era uma Soiuz, de fabricação russa.
O
foguete que levou Pontes partiu de Baikonur, no Cazaquistão, com destino
à ISS (da sigla em inglês, Estação Espacial Internacional) em
março de 2006, e retornou à Terra em abril do mesmo
ano. O russo Pável Vinogradov e o americano Jeff
Williams foram seus companheiros de viagem na Soiuz TMA 8.
Nacionalismo
e Autoajuda
No novo
título, o astronauta conta histórias, em forma de diário, selecionando 20
dias dos cinco meses que passou na Rússia, além dos 10
dias em que esteve no espaço.
Recheado
de fotos e trazendo uma biografia do autor, o volume tem como proposta
principal explicar os preparativos a que o autor se submeteu no Centro de
Treinamento de Cosmonautas Iúri Gagárin, na Cidade das Estrelas, a cerca
de 25 km de Moscou.
Seguindo
essa diretriz, a obra passa pelo funcionamento dos simuladores de
voo, o aprendizado da língua russa, os treinamentos de sobrevivência e os
exames médicos, e entra até em detalhes engraçados, como
a explicação de como um astronauta faz suas necessidades no espaço.
Convém
lembrar que, embora a profissão de astronauta seja uma função civil, Pontes
iniciou a carreira como militar da Aeronáutica, chegando a piloto de caça
da FAB (Força Aérea Brasileira).
Como
todo soldado, foi treinado para defender a pátria, seguir estratégias e não
recuar diante de obstáculos. Seu livro expressa, em parte, a visão de um
militar de combate.
Muitas
vezes usando um tom messiânico e nacionalista, afirma, por exemplo, que sua
aventura visou incentivar o civismo, e garante que estava disposto a
oferecer a vida pela missão espacial a fim de levar “a bandeira brasileira
e milhões de corações pela primeira vez para além das palavras e fronteiras,
para fora do planeta”.
Pontes usa a escrita
também para oferecer em conta-gotas uma visão pessoal sobre suas experiências
de treinamento com porções generosas de autoajuda, ligando as
dificuldades encontradas por um astronauta ao dia a dia das pessoas
comuns.
Homem Multitarefa
Além
de engenheiro, candidato derrotado a deputado federal, embaixador
honorário da ONU e presidente de uma fundação que leva seu nome, Pontes
também se identifica como palestrante, coach e consultor técnico. Além, é
claro, de escritor.
“Caminhando
com Gagárin” é o quarto livro desse homem multitarefa. Ele também é autor de um
volume de autoajuda focado na realização de projetos, outro contando os
bastidores da primeira missão espacial brasileira, e de uma autobiografia para
crianças que ele mesmo ilustrou.
Idealista,
Pontes diz “querer influenciar positivamente mais e mais pessoas”. E conta em
palestras e livros a experiência de ter uma origem humilde e se
tornar o primeiro brasileiro a sair do planeta. Sua lógica simples indica
que, se não foi impossível para ele, não deve ser para ninguém.
Mas sua
explicação é pouco animadora e dá a dimensão da nossa
insignificância: “Embarcados nessa espaçonave chamada Terra, viajando
juntos pelo espaço a mais de 100.000 km/h, todos nós somos, de certa forma,
astronautas”.Ou seja, para o Universo, cada um de nós é pouco menos que uma
bactéria desesperada, agarrada à casca frágil de um ovo em órbita.
“Vejo
política como missão”
O que o
inspirou em Gagárin?
Seu pioneirismo
e respeito pelas pessoas. Sempre procurei seguir essas características
dele.
Quais outros
cosmonautas você admira?
[Vladímir]
Komarov [1927-1967], por sua dedicação e sacrifício na
amizade com Gagárin.
Quais
as principais diferenças entre o treinamento russo e o americano?
Eles são
similares, mas o russo é mais apoiado no fator humano, e o
americano, no equipamento.
E suas
impressões da Rússia?
Parece
meio estranho, mas desde o início me senti como se já tivesse vivido lá por
muito tempo. Não senti qualquer dificuldade em me adaptar. Foi maravilhoso.
De seu
aprendizado na Rússia o que pode ser aplicado no Brasil?
Determinação em objetivos.
Nosso programa espacial sofre de uma certa falta de constância.
Talvez o
fato das dificuldades enfrentadas pela Rússia com guerras e clima
tenha ajudado a formar essa característica, que considero
muito importante para o sucesso.
Por que
você se candidatou a deputado federal em 2014? Vai se
candidatar novamente?
O Brasil
sofre de falta de políticos dedicados aos projetos públicos e com conhecimento
técnico e experiência para propor e avaliar projetos importantes.
Meu
objetivo era provocar uma nova tendência na escolha de políticos. Talvez eu me
candidate novamente a deputado federal em 2018. Vejo a política como
missão, não como carreira.
Fonte: Site da versão em Português da Gazeta Russa - http://gazetarussa.com.br/
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