50 Anos da Pesquisa em Busca de Vida Extraterrestre


Olá leitor!

Segue abaixo um artigo publicado dia (02/10) no site “Ciência Hoje On-Line” abordando os 50 anos da pesquisa científica em busca de vida extraterrestre.

Duda Falcão

NOTÍCIAS - ASTRONOMIA E EXPLORAÇÃO ESPACIAL

Eles (Ainda) Não Estão Entre Nós

A Pesquisa Científica em Busca de Vida Extraterrestre
Completa 50 anos com Muito Trabalho Pela Frente

Isabela Fraga
Ciência Hoje On-line
02/10/2009


Em setembro de 1959, foi publicada uma hipótese até então encarada apenas sob a capa confortável da ficção científica: a busca pela vida em outros planetas que não a Terra. Esse artigo científico pioneiro sugeria que, na falta de teorias consistentes que afirmassem o contrário, a vida extraterrestre é, sim, algo provável. Seus autores ainda iam além: para entrar em contato com tais seres, a captação de sinais de rádio do espaço seria a forma mais promissora.

Hoje, cinquenta anos depois do artigo escrito pelo físico italiano Giuseppe Cocconi (1914-2008) e o físico norte-americano Philip Morisson (1915-2005) – intitulado “Buscando comunicações interestelares” –, a pesquisa científica acerca da procura por vidas extraterrestres se sofisticou. Surgiram programas como o Seti (Search for Extra-Terrestrial Intelligence), nos Estados Unidos, dedicado exclusivamente ao desenvolvimento de pesquisas e atividades da astrobiologia.

Primeira parte do artigo original de Giuseppe Cocconi e Philip Morisson,
publicado na revista Nature em 19 de setembro de 1959.
No texto, os físicos afirmam: “...a presença de sinais interestelares é
totalmente consistente com tudo que conhecemos, e (...) se sinais estão
presentes, os meios para detectá-los estão agora sob nosso controle.”

Engana-se, contudo, quem acha que desse artigo só vingou a hipótese básica. A forma sugerida pelos físicos para a busca de vida extraterrestre ainda é considerada uma das mais viáveis e baratas. “Surpreendentemente, até mesmo 50 anos depois do artigo, muitos experimentos do Seti ainda apostam nessa simples sugestão: apontar antenas para sistemas estelares e captar sinais de frequência próxima a 1420 Mhz”, comenta Seth Shostak, astrônomo sênior do Seti, em entrevista à CH On-line.

Além de as hipóteses sugeridas há cinco décadas continuarem basicamente as mesmas, os resultados, infelizmente, também não mudaram muito. “Ainda não encontramos qualquer evidência conclusiva de vida fora da Terra”, declara Shostak. “No entanto, há um número tão grande de planetas na nossa galáxia que é difícil imaginar que nós somos os únicos seres vivos do universo”, completa.

A bióloga Claudia Lage, pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do grupo de pesquisa AstroBio Brazil, concorda que não devemos estar sozinhos. E acrescenta: “Muitas descobertas inesperadas e imprevisíveis podem ser feitas durante esse tipo de investigação.”


À esquerda, o físico italiano Giuseppe Cocconi e, à direita,
o físico norte-americano Philip Morisson, autores do artigo
científico pioneiro em que defendiam a possibilidade da
existência de vida em outros planetas (fotos: Seti e Nasa).

Estados Unidos e Brasil

As iniciativas para que esse cenário um tanto solitário finalmente mude são várias. O Seti começou a usar 42 antenas no norte da Califórnia (EUA) para examinar os campos de estrelas nas regiões mais centrais da galáxia; e a Universidade Harvard (também nos EUA) tem um telescópio de espelhos para procurar sinais de lasers de outros planetas. “Também há a missão Kepler, da Nasa, que vai nos dizer se outros planetas parecidos com a Terra são comuns ou raros, descoberta que vai ser extraordinária não importa qual seja o resultado”, arremata Shostak.

Os Estados Unidos investem uma quantidade considerável de dinheiro em programas como o Seti. Mas o Brasil, por sua vez, não está no marco zero da pesquisa astrobiológica, embora ainda galgue seus primeiros passos nessa área.

Lage afirma que recentemente começaram a surgir trabalhos de mestrado e doutorado sobre o tema e núcleos de pesquisa como o Laboratório de Astrobiologia (ExoLab), que será instalado no Observatório da USP em Valinhos (SP). “Os prognósticos são promissores”, diz. “O governo brasileiro, por intermédio das suas agências de fomento, tem reconhecido a importância dessas pesquisas, principalmente no que se refere ao potencial de aplicação tecnológica.”

ET... Minha Casa

Mesmo que ainda não tenha sido captado nenhum sinal de vida alienígena, a curiosidade sobre possíveis extraterrestres permanece. Seriam os ETs de fato como pintam as histórias mais clichês – corpos humanoides, verdes, com antenas e extremamente inteligentes – ou é provável que sejam criaturas mais primitivas?

“Não há dúvida de que vidas inteligentes fora da Terra vão diferir nos níveis de desenvolvimento”, explica Shostak. “Mas nós não receberemos sinais de mundos onde a vida é menos tecnicamente avançada do que a nossa. Então, se o Seti captar um sinal, as chances de ele ser de espécies muito mais sofisticadas são altas.”

Rádio Observatório de Hat Creek, na Califórnia (EUA), onde
são feitas pesquisas para a busca de vida extraterrestre
(foto: Kathleen Franklin).

Já Lage tem uma visão diferente sobre o assunto. Para ela, se já é sabido que seres menos complexos são mais adaptáveis a alterações ambientais, “é muito mais provável que encontremos formas mais simples de vida, como os microrganismos”. Dessa forma, a vida extraterrestre seria descoberta não por meio de sinais de rádio, mas por sondas, satélites ou outros tipos de imagens dos planetas.

Com uma coisa, entretanto, os pesquisadores parecem concordar. O fato de ainda não ter sido encontrado ou detectado qualquer vestígio de vida extraterrestre não significa que ela não exista. “Há, sim, a possibilidade de detectarmos vida extraterrestre nos próximos 20 ou 10 anos”, sugere Lage.


Fonte: Site Ciência Hoje ON-Line

Comentário: A pesquisa nessa área no Brasil está ainda engatinhando, mas é bom notar que a mesma esta caminhando e tendo a devida atenção do governo, o que certamente fará com que o país no futuro venha prestar a sua contribuição nessas pesquisas. No entanto, parece-me que o ser humano ainda terá de evoluir muito como espécie, para que possa conviver com a possibilidade e a descoberta da existência de vida inteligente em outros mundos. Principalmente se a mesma estiver localizada num planeta muito próximo da terra. A descoberta de vida microbiana, bacteriológica ou mesmo de animais e insetos em outros mundos, apesar de ser extraordinária para o conhecimento humano, não representaria qualquer abalo nas estruturas de nossa sociedade. No entanto, a descoberta de vida inteligente num planeta distante ou numa hipótese pior ainda do planeta ser próximo da terra, seria impactante e não só abalaria as estruturas de nossa sociedade e sim as destruiriam. Afinal, além de nossa espécie ter o costume de atirar primeiro e fazer perguntas depois, somos arrogantes a ponto de acharmos que o nosso deus é o criador do universo. A espécie humana em minha opinião ainda não está preparada para um contato como esse e teremos ainda muito que amadurecer.

Comentários