Crise do VLS Desnuda AEB

Olá leitor!

Segue abaixo o interessante editorial da edição de junho do “Jornal do SindCT”.

Duda Falcão

EDITORIAL

Crise do VLS Desnuda AEB

Jornal do SindCT
Edição nº 38
Junho de 2015


As dificuldades do nosso país são proporcionais ao seu tamanho. Requerem o que o brasileiro tem de melhor, capacidade criativa; e de pior, amadorismo e improvisação. Ainda não temos planejamento estratégico de país e isto nos tem consagrado como um reles mercado de aporte da tecnologias de massificação. Tudo está por construir: infraestrutura básica de portos, aeroportos, comunicação. Somos tratados pelo que somos: um grande mercado consumidor, ávido por todo o tipo de novidades.

Esta edição lança um olhar sobre as incongruências do Programa Espacial Brasileiro (PEB), sob a coordenação da fraca e equivocada Agência Espacial Brasileira (AEB), que não consegue promover as atividades do setor. Faz tempo que o VLS, mais especificamente o VSisnav, foguete de certificação do sistema de navegação do VLS, está enroscado no emaranhado jurídico em que se tornaram os contratos de fornecimento das redes elétricas de potência do foguete. A Mectron-Odebrecht já recebeu pelo produto contratado, mas não conseguiu entregar nenhuma placa de circuito integrado sequer.

Como o parque industrial aeroespacial é parco, o Satélite Amazônia/Plataforma Multimissão (PMM/AMZ-1) também enroscou na mesma empresa. A contratante é a AEB, a quem cabe acompanhar, fiscalizar e adotar sanções no caso de eventuais desvios contratuais. Quais serão as consequências, quais os impactos financeiros e atrasos impostos a estes programas? Quem é do ramo sabe que alguns programas são hipersensíveis à extrapolação do seu ciclo de desenvolvimento. Nas tecnologias sofisticadas a obsolescência mata os projetos: não dá para remendar, tem que (re)começar do zero.

Estes dois casos mostram a fragilidade do desenvolvimento tecnológico espacial brasileiro. A AEB nem tinha corpo técnico próprio à época destas contratações: sua força de trabalho era integralmente formada por cargos comissionados. Nestas condições, sua atuação como principal contratante pode ser entendida como intervenção, cuja ação “mediadora” mais atrapalha do que ajuda a implementação dos programas.

Telecomunicações

Mudando para a Telebras: ficou o nome e a marca, trata-se de outra empresa estatal, inteiramente nova, constituída da capacidade criativa e laboriosa do trabalhador brasileiro. Depois de precarizadas, as teles brasileiras foram todas privatizadas.

Em seu lugar amargamos hoje empresas privadas predadoras e ineficientes, supostamente monitoradas por uma Anatel desprovida de instrumentos coercitivos que possam debelar afrontas às regulamentações. Sofremos com péssimos e caros serviços, que tendem agora ao oligopólio. Não seria de se esperar tal resultado, de uma política de constante desvalorização do serviço público e dos servidores?

A Telebras, felizmente, parece apontar agora para outra direção: fortalecimento de uma empresa estatal fundamental no setor das telecomunicações, com o intuito de oferecer serviços públicos de qualidade para a população, na (boa) contramão do perverso processo de privatização. O melhor dos cenários seria o dos serviços públicos eficientes, voltados a atender às necessidades do povo e não à ótica excludente da economia de mercado.

A falta de uma visão de Estado nos levou a adquirir satélites que já deveríamos saber produzir. Assim também o VLS, pelo bem do Brasil, precisa ser página virada do processo de construção da autonomia de acesso do país ao espaço, mesmo que tenha sido sucateado pelo atraso no seu ciclo de projeto. Por fim: sabe aquela ponte que liga o nada a lugar algum, que às vezes aparece nos noticiários? É exatamente este tipo de troféu à insensatez que se produzirá com a interligação das bacias dos rios Atibainha e Jaguari. Será o casamento de duas bacias falidas, acometidas pela mesma sede de água ao custo de quase 1 bilhão de reais! Boa leitura!


Fonte: Jornal do SindCT - Edição 38ª - Junho de 2015

Comentário: Pois é leitor, o que o autor deste editorial chama de falta de uma visão de Estado eu diria falta de vontade de todos (sociedade e governo) de realmente buscar a construção de uma verdadeira nação, sendo a atual situação do PEB apenas um reflexo disto.  O que todos precisam compreender é que não se constrói um país pensando em seus próprios interesses e sim nos interesses da sociedade e da nação como um todo. Para que fique mais claro todos tem que ter em mente o bem comum e não o conhecido venha nós, só assim formaremos uma sociedade culturalmente comprometida com a seriedade necessária para atingir este objetivo, e a partir daí formar os representantes políticos que o país precisa. Enquanto essa mudança cultural não ocorrer, continuaremos formando os políticos corruptos e ineficientes que infestam a classe política deste país em todos os níveis de governo e poder. Ontem como esportista tive a oportunidade de assistir na TV a vitória espetacular da Seleção Brasileira de Volei Masculina sobre os EUA na Liga Mundial 2015. Neste jogo (este comentário vale como reflexão para todos, inclusive algum leitor que tenha estado presente na partida) a torcida brasileira presente no Maracanãzinho deu um espetáculo a parte nas dependências deste ginásio carioca, cantando em um só coro o refrão: “Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”, realmente um espetáculo que certamente deve ter impressionado todo o “Planeta Volei” que acompanhava a transmissão internacional da partida. Pois então, é este entusiasmo em defesa das cores verde e amarela que sobra nos brasileiros quando da realização desses eventos esportivos que falta a sociedade como um todo quando da condução dos interesses do país, e evidentemente isto reflete na classe política, formando populistas e não estadistas. É isso que você brasileiro que ama seu país precisa entender, só assim poderemos então dar início a mudança cultural que este país precisa, a começar em sua própria residência na educação de seus filhos. É uma escolha, queremos formar cidadãos e uma nação de verdade, ou continuaremos formando oportunistas e aproveitadores de uma nação pirata? A escolha é sua.

Comentários

  1. " JÁ CHEGUEI Á CONCLUSÃO : O BURACO NEGRO BRASILEIRO....SEM SAÍDA E SEM SOLUÇÃO APARENTE"

    Há tantos burros e ignorantes, mandando em homem de pura inteligência intelectual e científica no Brasil, que as vezes fico pensando que a "BURRICE" é uma ciência, ( Ruy Barbosa).
    O preço a pagar pela tua NÃO PARTICIPAÇÃO na política, é seres governado por quem é inferior, ( Platão).
    Educação não é transformar o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo, ( Paulo Freire).
    Algumas pessoas, recebem POUCOS para: Arriscar a vida; Para salvar vidas; Para preparar para a vida ( PROFESSORES); Manter á vida. A maioria dos POLÍTICOS CORRUPTOS, para FERRAR A NOSSA VIDA.( Autor Desconhecido).
    Em fim, como sempre comento: segundo ( Rutherford - Físico e Químico Neozelandês, 1871 - 1937), que narra: " Os POVOS SEM INVESTIMENTO NA CIÊNCIA E SEM TECNOLOGIA. NÃO PASSAM DE CORTADORES DE LENHA E CARREGADORES DE ÁGUA, PARA OS POVOS MAIS ESCLARECIDOS E DESENVOLVIDOS". Essa aí, estou fora! Nem pensar em nós brasileiros, carregarmos o fardo, para o TIO SAM!

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  2. Sou argentino, respeitosamente gosto e quero este país como minha segunda patria.
    Concordo plenamente com o autor, no meu país esse mesmo panorama se viviou na década dos 90, ao final no 2001 so ficou um buraco, del qual Argentina ainda nao consigue se recuperar. Felizmente hoje o programa espacial ala transita o caminho oposto, eu torço pela Agencia Espacial Sulamericana, mais o principal inconveniente é a oposiçao brasileira mesma.
    Cordialmente.

    Enrique Cabral

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    1. Olá Enrique!

      Agradecemos o seu comentário e devo dizer que também torcemos por uma Agencia Espacial regional, mas neste caso mais ampla, ou seja, uma Agência Espacial Latino-Americana. Entretanto o Brasil no momento não tem condições de junto com a Argentina e outros países latino-americanos liderarem esta iniciativa, já que primeiro meu país precisa arrumar a casa, como a Argentina vem fazendo neste setor. O PEB há mais duas décadas está sob a direção de gente que não tem o menor compromisso em realizar nada, sem falar na total e completa incompetência gerencial por parte de uma Agência Espacial que na verdade é uma piada e não tem importância nenhuma para o desgoverno em vigor, há não ser como agência de propaganda de fantasias políticas desta "Ogra" debiloide.

      Cordialmente,

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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  3. Ruy Barbosa, quebrou a Bolsa de Valores no final do século XIX, o Rui tinha uma excelente memória , mais era fraco nos números.
    .
    eu já disse , as Forças Armadas , a Política , a Religião protestante e a maioria dos Civis estão abduzidos pelos EUA, eles são influenciados pela Rede Globo , e propagandas de Hollywood, que conta só vantagens e vitórias a Nação dos Americanos do Norte, o Brasil levou 50 anos só lançando Foguetes de Miniatura , Sonda e V1-4 , e seu VLS é uma Piada , muitos chama-o de Viado - Lésbicas e Simpatizantes, pq a Porra do Foguete pequeno não sobe nem com Viagra, e se tentar pela 3° vez , morre antes da hora !
    .
    claro que tem pessoas trabalhando seriamente para que os Programas Brasileiros não saiam do papel, todos os países que hoje ganham bilhões de dólares por ano e controlam esse restrito clube de países que dominam e não ajudam nenhum outro país a desenvolver.
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    Aristóteles III

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