Estudo de Equipe Franco-Brasileira Deverá Tornar Mais Precisa a Previsão de Tempestades
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota publicada hoje (06/0706/07) no site da Agência FAPESP, destacando que um estudo
de uma equipe franco-brasileira deverá tornar mais precisa a previsão de
tempestades.
Duda Falcão
Notícias
Estudo Deve Tornar Mais Precisa
a Previsão de Tempestades
Karina Toledo
Agência FAPESP
06 de julho de 2015
(Imagem: Wikimedia Commons)
Em um estudo divulgado recentemente na revista Monthly Weather Review, uma equipe de
pesquisadores franco-brasileira identificou e corrigiu uma falha existente em
modelos matemáticos usados para simular os processos de formação de nuvens e de
chuva.
De acordo com os autores,
o trabalho deverá tornar mais precisa a previsão de tempestades. “Comparamos
uma simulação feita com um modelo de alta resolução com dados observacionais
coletados em 2012, na cidade de Santa Maria (RS), situada em uma região
considerada berço das maiores tempestades do planeta”, disse Luiz Augusto
Toledo Machado, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
“Notamos que, no
modelo, apareciam muitas nuvens pequenas que não haviam sido observadas na
realidade por meio de satélites e radares de chuva e decidimos investigar por
que isso ocorria”, disse Machado. O estudo integra um Projeto Temático apoiado
pela FAPESP e coordenado pelo pesquisador.
A coleta de dados
em Santa Maria integrou uma grande campanha científica realizada entre os anos
de 2010 e 2014 no âmbito do Projeto Chuva, cujo objetivo é desvendar os
processos físicos que ocorrem no interior das nuvens, descobrir a variação de
parâmetros como o tamanho das gotas de chuva, a proporção das camadas de água e
de gelo e o funcionamento das descargas elétricas para, desta forma, aprimorar
a previsão de eventos extremos (leia mais em: http://agencia.fapesp.br/20320).
Conforme explicou
Machado, o tipo de tempestade que costuma se formar nessa região do Sul do
Brasil é conhecido como complexo convectivo de mesoescala (CCM) e para
simulá-lo foi usado um modelo desenvolvido na França conhecido como Meso-NH
(modelo atmosférico de mesoescala não hidrostática).
O trabalho foi
feito em parceria com Jean-Pierre Chaboureau, do Laboratoire d’Aérologie,
vinculado ao Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS).
“Comumente, os
modelos regionais que simulam a formação de nuvens trabalham com uma escala da
ordem de 10 quilômetros (km), ou seja, são capazes de gerar uma informação a cada
10 km. O Meso-NH gera uma informação a cada 2 km e por isso é considerado de
alta resolução, resolvendo de forma mais explícita a nuvem. Essa é a tendência
para o futuro, que nos permitirá prever, por exemplo, a ocorrência de chuva em
cada bairro de uma cidade”, disse Machado.
A comparação entre
os dados reais e simulados foi feita com uma técnica inovadora de rastreamento
capaz de calcular a distribuição do tamanho e do tempo de vida das nuvens e da
chuva e produzir histogramas que permitem comparar o tamanho e a altura das
nuvens simuladas e observadas por satélite e radar.
Ao investigar por
que os dados simulados não condiziam com os reais, os pesquisadores descobriram
que o modelo não representava com exatidão como ocorria a mistura do ar
existente dentro e fora da nuvem – processo conhecido como entranhamento.
“O entranhamento é
uma medida determinada pela turbulência [ mistura do ar de dentro e de fora].
No modelo, a turbulência era parametrizada em uma dimensão. Nós então fizemos
uma parametrização tridimensional e alteramos o comprimento de mistura [
distância entre a parcela de ar que vai entrar na nuvem e a parcela que já está
dentro] para torná-lo um pouco maior”, disse Machado.
Com as
modificações, contou o pesquisador, foi possível tornar mais similar a
distribuição de tamanho e altura das nuvens simuladas e reais.
“Isso sem dúvida
terá impacto na qualidade da previsão de chuva. Em um estudo de caso,
demonstramos que o grau de acerto melhora com a correção da turbulência”, disse
Machado.
Estudos
anteriores, contou o pesquisador, haviam sugerido a existência de problemas
semelhantes em outros modelos matemáticos de formação de nuvens, que poderão
ser corrigidos usando abordagem semelhante.
O artigo é um dos
primeiros desdobramentos do Projeto Chuva, que incluiu, além de Santa Maria,
campanhas de coleta de dados nas cidades de Alcântara (MA), Fortaleza (CE),
Belém (PA), São José dos Campos (SP) e Manaus (AM). As regiões escolhidas para
a pesquisa de campo representam os diferentes regimes de precipitação
existentes no Brasil.
Fonte: Site da Agência FAPESP
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