Estudo Coordenado Por Pesquisador da UNESP Explica Origem e Evolução de Menor Grupo de Asteroides do Sistema Solar
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota publicada hoje (30/07) no site da Agência FAPESP, destacando que um estudo de
grupo internacional coordenado por professor da Universidade Estadual Paulista (UNESP), explica origem e evolução de menor Grupo de Asteroides do Sistema Solar.
Duda Falcão
Notícias
Estudo Explica Origem e
Evolução
de Menor Grupo de Asteroides
Elton Alisson
30 de julho de 2015
(Imagem: NASA/JHUAPL)
Asteroide Eros em imagem capturada pela missão NEAR
(Near
Earth Asteroid Rendezvous) da NASA em 2000.
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Agência FAPESP – Na borda do cinturão principal de
asteroides, entre as órbitas de Marte e Júpiter, há uma classe de objetos
astronômicos chamada Cybele.
Essa classe de
asteroides intriga os astrônomos por ter um baixo número de integrantes, a
despeito de estar situada em uma região bastante estável do Sistema Solar, sem
registro de grandes perturbações após as migrações planetárias.
Um grupo
internacional de pesquisadores, coordenado por Valerio Carruba, professor da
Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus de Guaratinguetá, pode ter
encontrado agora uma explicação para esse mistério.
Resultado do
projeto “Família de asteroides em ressonâncias seculares”,
realizado com apoio da FAPESP, a hipótese dos pesquisadores sobre como ocorreu
a evolução dinâmica dos asteroides Cybele foi relatada em um artigo publicado
na Monthly Notices of the Royal
Astronomical Society (MNRAS).
A pesquisa será
apresentada na próxima assembleia geral da União Astronômica Internacional
(IAU, na sigla em inglês), prevista para ocorrer no início de agosto no Havaí,
nos Estados Unidos.
“Nós mostramos,
por meio de simulações numéricas, que asteroides, como os Cybele, não podem ser
primordiais, mas que chegaram à região onde estão hoje após o fim da última
fases de migração planetária, durante o bombardeamento lunar tardio há,
aproximadamente, 4 bilhões de anos [quando inúmeros asteroides
impactaram a Terra e demais objetos do Sistema Solar]”, disse
Carruba à Agência FAPESP.
“Isso poderia
explicar porque há apenas 1,5 mil corpos Cybele conhecidos contra mais de meio
milhão de objetos no cinturão principal de asteroides”, afirmou.
Os pesquisadores
fizeram as simulações numéricas da evolução dinâmica dos Cybele com base em
cenários de migrações planetárias como o “jumping-Jupiter”.
Estabelecido por
David Nesvorný, pesquisador do Departamento de Estudos Espaciais do Southwest
Research Institute, dos Estados Unidos, e um dos autores do artigo na MNRAS, o
cenário “jumping-Jupiter” estima
que o planeta Júpiter se encontrou com um quinto planeta gigante e gasoso entre
3,8 e 4,2 bilhões de anos atrás.
O choque teria
feito com que o planeta gigante gasoso fosse ejetado e Júpiter “pulasse” para a
região onde está localizado hoje.
Essa migração
planetária fez com que toda a região onde a classe de asteroides Cybele está
situada fosse afetada por uma série de ressonâncias de movimento médio entre
corpos celestes – quando dois ou mais corpos em órbita exercem influência
gravitacional um sobre o outro – que desestabilizaram e deixaram poucos objetos
naquela área.
“Os objetos que
estavam na atual região onde estão situados os asteroides Cybele hoje não
poderiam ter sobrevivido a essa fase de migração planetária”, afirmou Carruba.
“Isso reforça
nossa hipótese de que os objetos que estão hoje na região do Cybele chegaram
muito depois dessa fase de migração planetária. Por isso são tão poucos em
comparação com o número de objetos que há no cinturão principal de asteroides”,
estimou.
Os mapas
dinâmicos da região ocupada hoje pelo Cybele – entre as ressonâncias de
movimento médio 2J:-1A e 5J:-3A com Júpiter – mostram que a área tornou-se
dinamicamente estável após o posicionamento dos planetas, depois da migração
planetária.
Essa constatação
afasta a hipótese de que há um número relativamente baixo de asteroides na
região do Cybele em comparação com outras do cinturão principal porque a região
estaria perdendo objetos nos últimos milhões de anos, apontou Carruba.
“A região onde
está situada a classe de asteroides Cybele poderia ter muito mais objetos”,
afirmou.
Maior Extensão
De acordo com o
pesquisador, os objetos da classe Cybele são, em sua maioria, asteroides
escuros, de baixa densidade e associados a grupos taxonômicos primitivos.
Muitos dos
objetos são do tipo C – o tipo de asteroide mais comum –, com pouca capacidade
de refletir luz, baixa densidade e associados a regiões mais externas do
Sistema Solar.
“Os objetos do
tipo C são menos evoluídos do ponto de vista químico e de composição e originam
de corpos menos diferenciados ao longo de sua evolução”, explicou Carruba.
Segundo o
pesquisador, diversos asteroides binários e triplos – quando dois ou três
asteroides “companheiros” possuem tamanhos similares – também foram
identificados na região de Cybele.
Entre eles o 87
Sylvia – um asteroide triplo associado com a família dinâmica de asteroides
mais numerosa da região –, contou Carruba.
“Reidentificamos
as famílias de asteroides na região do Cybele e conseguimos constatar, com
algumas dúvidas, que uma nova família de asteroides, chamada Helga – proposta
por um grupo de pesquisadores russos em 2014 –, é a que está situada mais longe
na área do Cybele e pode ser o grupo mais externo do cinturão principal de
asteroides”, explicou.
“Dessa forma, os
Cybele podem se estender para mais longe do que se pensava”, afirmou.
Outra conclusão
feita a partir das simulações realizadas pelos pesquisadores é que nenhum dos
grupos de asteroides observados na região do Cybele poderia ter uma idade
superior a 3 bilhões de anos.
O artigo “Dynamical evolution of the
Cybele asteroids” (doi:
10.1093/mnras/stv997), de Carruba e outros, pode ser lido por assinantes da Monthly Notices of the Royal
Astronomical Society em mnras.oxfordjournals.org/content/451/1/244.abstract.
Fonte: Site da Agência FAPESP
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