ACS: Comentários Sobre o Rompimento do Acordo Com a Ucrânia
Olá leitor!
Segue abaixo uma interessante nota
postada ontem (25/07) pelo companheiro André
Mileski em seu no Blog Panorama Espacial analisando o
rompimento do acordo espacial com a Ucrânia.
Duda Falcão
ACS: Comentários Sobre o
Rompimento
do Acordo Com a Ucrânia
Ao longo desta semana, o que já
se confirmava nos bastidores há vários meses, veio a público a comunicação
oficial do governo brasileiro à Ucrânia sobre o rompimento do acordo binacional
que deu origem à Alcântara Cyclone Space (ACS).
Desde a criação de um grupo de trabalho em julho de 2014, integrado
por membros do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Defesa e Relações
Exteriores, para a análise da situação da ACS, já se tinha como quase certeza o
fim do acordo binacional.
Em abril, o governo rompeu o
silêncio e começou a dar ao público indicativos mais claros, em entrevista dada por um diretor da Agência Espacial
Brasileira (AEB). “É um acúmulo de coisas”, afirmou o diretor,
destacando problemas com orçamento, aspectos tecnológicos, relacionamento entre
o Brasil e a Ucrânia e o mercado disponível para exportação.
Neste meio tempo, o lado
ucraniano se esforçou em ações de "propaganda", em críticas até mesmo
diretas (e não mais indiretas ou nas entrelinhas, como de costume) sobre a
postura do lado brasileiro.
Fato é que, sem prejuízo da
postura passível de críticas do governo brasileiro, não havia melhor opção do
que o rompimento. O projeto, desde a sua concepção, apresentava problemas
bastantes críticos que impossibilitavam sua viabilidade comercial (isto é,
gerar lucros depois de amortizados todos os investimentos exigidos, na casa dos
bilhões de reais). A começar pela performance do lançador: o Cyclone 4 é muito
grande para missões de órbita baixa e, ao mesmo tempo, pequeno para missões de
órbita de transferência geoestacionária, os dois segmentos, em tese, mais
“rentáveis” em serviços de lançamento. Ainda, a falta de um acordo de
salvaguardas tecnológicas com os Estados Unidos, o que dificultaria o acesso ao
mercado, e a tecnologia relativamente antiga do lançador ucraniano, em
particular, de sua propulsão, bastante tóxica.
Ainda que o Brasil tenha boa
parcela de culpa para o insucesso do programa, os argumentos públicos do
governo ucraniano sobre a perda de um mercado em potencial (constelações de
satélites de comunicações), pressões da Rússia e todos os investimentos realizados,
dentre outros, ignoram sua realidade interna.
A Ucrânia transmite a imagem de
que o acordo foi rompido em razão da crise econômica brasileira, mas omite suas
dificuldades passadas para integralizar o capital da ACS e avançar com o
desenvolvimento do lançador, de sua responsabilidade. Sua situação financeira
foi ainda mais agravada com a anexação da Criméia pela Rússia e movimentos
separatistas em determinadas regiões. Nesse sentido, reportagem publicada no jornal “Valor Econômico” de
sexta-feira (24), reproduzida do “Financial Times”, revela as dificuldades do
país europeu, próxima de um calote a credores internacionais.
Desta situação, duas são as
consequências certas: deve haver um litígio internacional, com pedido de
indenização pela Ucrânia (uma pessoa familiarizada, tempos atrás chegou a
mencionar ao blog um pedido de R$800 milhões), e perde o Programa Espacial
Brasileiro, não pelo rompimento, mas por ter destinado centenas de milhões de
reais ao longo de anos numa iniciativa sem qualquer ganho tecnológico ou
retorno comercial.
Fonte: Blog Panorama Espacial - http://panoramaespacial.blogspot.com.br/
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