Governo Argentino Liquida a Empresa CEATSA, Que Realizava Testes em Satélites em Bariloche

Prezados leitores e leitoras do BS!

 

Fonte: Portal EspacioTech

No dia 30 de agosto passado, o portal EspacioTech noticiou que o Centro de Ensaios de Alta Tecnologia S.A. (CEATSA), criado em 2010 como uma sociedade entre a INVAP e a ARSAT para testar satélites e equipamentos de alta complexidade, foi colocado em processo de liquidação pela Agência de Transformação de Empresas Públicas. A medida implica a suspensão imediata de seus serviços e marca o encerramento de um dos marcos mais ambiciosos da política espacial argentina.

 

De acordo coma matéria do portal, o centro, localizado dentro do complexo da INVAP em Bariloche, havia demandado um investimento próximo a US$ 40 milhões. Sua construção respondia à necessidade de contar com um laboratório nacional capaz de testar satélites de última geração, sem depender de dispendiosos traslados ao exterior. Desde sua inauguração, em setembro de 2013, transformou-se em um espaço único na América do Sul e em um verdadeiro orgulho para a ciência e tecnologia argentinas.

 

Notificação exibida ao acessar o site da CEATSA.

Durante mais de uma década, a CEATSA foi palco de testes decisivos para projetos que hoje fazem parte da memória tecnológica do país. Por lá passaram o ARSAT-2, os dois satélites de observação SAOCOM e o satélite ambiental SABIA-Mar, todos avaliados em condições que reproduziam com precisão os desafios do espaço: vibrações nos três eixos, ruídos de até 141 decibéis, variações térmicas extremas e exposição ao vácuo em câmaras de termovacuum. Também foram realizadas medições em câmaras anecoicas, fundamentais para garantir o desempenho adequado das antenas.

 

Cada um desses ensaios representava um passo a mais na consolidação da soberania tecnológica argentina. O fechamento do centro hoje implica, de fato, a perda de uma ferramenta que permitiu ao país olhar para o espaço com independência.

 

Do Investimento Milionário à Liquidação

 

No ano passado, a INVAP já havia antecipado que o fechamento da CEATSA se devia a uma "otimização administrativa". Desde então, o governo nacional e a ARSAT mantêm um acordo para alugar as instalações a terceiros, embora até agora não tenham sido registrados avanços concretos nessa direção. Chegou-se a cogitar a possibilidade de aplicar o complexo a setores como telefonia ou indústria automobilística, mas o futuro do local segue indefinido.

 

O fechamento não apenas deixa a INVAP sem um parceiro estratégico para consolidar o desenvolvimento satelital. Também coloca em dúvida a continuidade de uma política espacial que havia encontrado em Bariloche um polo de referência e projeção.

 

Fonte: Portal EspacioTech

ARSAT-2, satélite geoestacionário de telecomunicações argentino, lançado em 2015 a partir da Guiana Francesa.

O Orgulho de Bariloche Que Se Apaga

 

A CEATSA foi concebida em 2010 e começou a operar em 2012. Era composta por 80% de capital da ARSAT e 20% da INVAP. Durante anos, sua existência assegurou que os satélites argentinos pudessem ser validados em território nacional, sem depender de países terceiros.

 

A liquidação do centro não significa que a infraestrutura desaparecerá. As câmaras de termovacuum, os sistemas de vibração e as salas anecoicas continuam em Bariloche. O que se perde é a estrutura organizada que garantia sua operação, a continuidade de uma equipe especializada e a disponibilidade imediata para projetos espaciais.

 

Sem uma entidade que gerencie e sustente essas capacidades, a Argentina volta a ficar atrelada à necessidade de contratar ensaios no exterior, com custos elevados e perda de autonomia. Mais do que o fechamento de um edifício, a dissolução da CEATSA implica a renúncia a uma ferramenta que havia fortalecido a soberania tecnológica e tornado o país um ator relevante na região.

 

O BS agradece publicamente ao nosso amigo Raony Victor, do Canal Dissuasão e Defesa, pelo envio desta notícia — infelizmente, nada positiva para o Programa Espacial Argentino.

 

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