Astrônomos Descobrem Novo Mundo Misterioso na Borda do Sistema Solar
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Crédito: NASA/JPL-Caltech; imagem de 2017 OF201: Sihao Cheng et al.
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| Uma imagem composta mostrando os cinco planetas anões reconhecidos pela União Astronômica Internacional, além do recém-descoberto objeto transnetuniano 2017 OF201. |
No dia 02/09, o portal SciTechDaily noticiou que um novo objeto transnetuniano, 2017 OF201, foi encontrado com uma órbita vasta e tamanho potencial de planeta anão. A descoberta sugere a existência de mais corpos ocultos além de Netuno.
De acordo com a nota do portal, uma equipe de pesquisa liderada por Sihao Cheng, da Escola de Ciências Naturais do Instituto de Estudos Avançados, identificou um notável objeto transnetuniano (TNO) nos confins do sistema solar. O objeto recebeu a designação 2017 OF201.
Com base em seu tamanho estimado, 2017 OF201 pode atender aos critérios para classificação como planeta anão, colocando-o na mesma categoria de Plutão. É um dos objetos mais distantes já observados no sistema solar e indica que a região além de Netuno, na Cintura de Kuiper — antes considerada quase vazia — pode, na verdade, abrigar mais corpos do que se imaginava.
Cheng, em colaboração com Jiaxuan Li e Eritas Yang, da Universidade de Princeton, detectou o objeto usando técnicas computacionais avançadas projetadas para revelar padrões orbitais distintos no céu. A descoberta foi confirmada pelo Minor Planet Center da União Astronômica Internacional em 21 de maio de 2025 e também descrita em um pré-print publicado no arXiv.
Crédito: Jiaxuan Li e Sihao Cheng
Objetos transnetunianos são planetas menores cujas órbitas, em média, ficam mais distantes do Sol do que a de Netuno. O que torna 2017 OF201 particularmente notável são suas características orbitais extremas e seu tamanho incomumente grande.
“O afélio do objeto — o ponto mais distante de sua órbita em relação ao Sol — é mais de 1.600 vezes a distância da órbita da Terra”, explica Cheng. “Enquanto isso, o periélio — o ponto mais próximo do Sol — é 44,5 vezes a distância da órbita da Terra, similar à órbita de Plutão.”
História Complexa de Encontros Gravitacionais
Essa órbita extrema, que leva aproximadamente 25.000 anos para ser completada, sugere uma história complexa de interações gravitacionais. “Deve ter passado por encontros próximos com um planeta gigante, o que causou sua ejeção para uma órbita tão ampla”, diz Yang. “Pode ter havido mais de uma etapa em sua migração. É possível que esse objeto tenha sido ejetado inicialmente para a Nuvem de Oort — a região mais distante do sistema solar, onde vivem muitos cometas — e depois tenha retornado”, acrescenta Cheng.
“Muitos TNOs extremos têm órbitas que parecem se agrupar em orientações específicas, mas 2017 OF201 foge desse padrão”, afirma Li. Esse agrupamento já foi interpretado como evidência indireta da existência de outro planeta no sistema solar — o Planeta X ou Planeta Nove — que estaria guiando gravitacionalmente esses objetos em padrões observáveis. A existência de 2017 OF201 como um ponto fora da curva pode desafiar essa hipótese.
Crédito: Jiaxuan Li e Sihao Cheng
Cheng e sua equipe estimam que 2017 OF201 tenha cerca de 700 km de diâmetro, o que o tornaria o segundo maior objeto descoberto com uma órbita tão extensa. Para comparação, Plutão tem 2.377 km de diâmetro. Os pesquisadores observam que serão necessárias mais observações, possivelmente com radiotelescópios, para medir com precisão o tamanho real do objeto.
Identificando o Objeto em Dados de Telescópio
Cheng descobriu o objeto como parte de um projeto de pesquisa contínuo para identificar TNOs e possíveis novos planetas no sistema solar exterior. O objeto foi identificado ao localizar pontos brilhantes em um banco de dados de imagens astronômicas do Telescópio Victor M. Blanco e do Telescópio Canadá-França-Havaí (CFHT), e tentar conectar grupos de pontos que se moviam pelo céu da mesma forma que um único TNO. Essa busca foi realizada com um algoritmo computacional eficiente desenvolvido por Cheng. No final, eles identificaram 2017 OF201 em 19 exposições diferentes, capturadas ao longo de 7 anos.
A descoberta tem implicações significativas para nossa compreensão do sistema solar exterior. A área além da Cintura de Kuiper, onde o objeto está localizado, era anteriormente considerada praticamente vazia, mas a descoberta da equipe sugere que isso não é verdade.
“2017 OF201 passa apenas 1% de seu tempo orbital perto o suficiente de nós para ser detectado. A presença desse único objeto sugere que pode haver outras centenas com órbitas e tamanhos semelhantes; eles apenas estão distantes demais para serem detectados no momento”, afirma Cheng. “Mesmo com os avanços dos telescópios que nos permitem explorar partes distantes do universo, ainda há muito a descobrir sobre o nosso próprio sistema solar.”
A detecção também demonstra o poder da ciência aberta. “Todos os dados que usamos para identificar e caracterizar esse objeto são arquivos disponíveis publicamente, não apenas para astrônomos profissionais”, diz Li. “Isso significa que descobertas revolucionárias não estão limitadas a quem tem acesso aos maiores telescópios do mundo. Qualquer pesquisador, estudante ou até cientista cidadão com as ferramentas e o conhecimento certos poderia ter feito essa descoberta, o que destaca o valor do compartilhamento de recursos científicos.”
Saibam mais:
Autores: Sihao Cheng, Jiaxuan Li and Eritas Yang
DOI: 10.48550/arXiv.2505.15806
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