[Desatino Alada] Promessa de inovação ou atravessadora oficial? O papel real da Alada no setor (aero)espacial
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De acordo com publicação no site oficial da Alada (veja aqui), o presidente da empresa pública, Sérgio Roberto de Almeida, apresentou em 27 de agosto de 2025, durante a reunião do CONDEFESA em Florianópolis, as oportunidades de negócio que a companhia oferece à indústria. No entanto, os detalhes da apresentação — que deveriam destacar o papel da empresa como facilitadora das relações público-privadas — acabaram por confirmar preocupações já apontadas por analistas do setor, como o portal Brazilian Space, que desde o início alertava para o risco de a Alada se tornar um “pedágio” obrigatório para o setor.
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| Presidente da Alada palestrando no CONDEFESA/2025 (Crédito: Alada) |
A Alada, empresa pública vinculada à Força Aérea Brasileira (FAB), vem se revelando em sua verdadeira essência: a porta de entrada para o setor espacial e de defesa aeroespacial no Brasil. Embora se apresente como um facilitador para a indústria privada, suas recentes ações confirmam os alertas de longa data de analistas, como o próprio Brazilian Space, que desde o princípio enxergava na Alada mais uma “atravessadora” do que uma empresa inovadora de mercado — ao contrário da narrativa utilizada para seduzir os desavisados.
Essa realidade ficou ainda mais evidente após a palestra de Sérgio Roberto de Almeida no Conselho da Indústria de Defesa (CONDEFESA). A apresentação, que deveria abrir caminhos para oportunidades de negócio, acabou explicitando o verdadeiro papel da empresa: funcionar como “ponte” e “maçaneta oficial” para o acesso à infraestrutura tecnológica da União, leia-se FAB. O que antes era apenas suspeita agora se materializa: a Alada será a intermediária oficial para quem quiser utilizar os centros de lançamento de Alcântara (CLA) e Barreira do Inferno (CLBI), além dos laboratórios de ensaios do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA).
Desde sua criação, a Alada foi apresentada como a “SpaceX brasileira”, promessa de agilidade e inovação. Porém, o Brazilian Space sempre alertou que sua verdadeira face seria a de um “pedágio” obrigatório aos operadores privados. O discurso de “desburocratizar o acesso” parece, na prática, traduzir-se em centralizar esse acesso em uma única empresa, encarregada de gerir e monetizar os recursos públicos da FAB.
Em vez de se consolidar como um player de mercado competindo por serviços, a Alada assume o papel de intermediário compulsório, criando um monopólio de fato sobre ativos estratégicos do governo. Esse modelo, em vez de estimular a concorrência e a inovação, tende a impor novos custos à cadeia de valor, confirmando a previsão de que, sob o rótulo da facilitação, a Alada se transformará em um ponto adicional de fricção e encargo inevitável para o setor espacial brasileiro.
Aproveitamos para agradecer ao nosso apoiador e parceiro Raul Carlos, da Revista Foguetes Brasileiros, pelo envio da publicação da Alada.
Brazilian Space

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