Artigo: Tripulação da Artemis II: Sujeitos e Cientistas na Pesquisa da NASA no Espaço Profundo
Caros leitores e leitoras do BS!
Pois então amantes das atividades espaciais, estamos à beira de realizar a missão tripulada mais importante da humanidade desde 1972. Após mais de 50 anos desde o fim das Missões Apollo à Lua, trazemos para vocês um artigo fascinante publicado no dia 11 de setembro no portal da NASA. O tema é a Missão Artemis II, cujo lançamento histórico está previsto para algum momento do primeiro semestre de 2026. O artigo detalha as pesquisas científicas que serão conduzidas durante a missão, destacando, inclusive, a participação da Argentina, que contribuirá com seu Cubesat ATENEA. Vale muito a pena conferir!
Tripulação da Artemis II: Sujeitos e Cientistas na Pesquisa da NASA no Espaço Profundo
Crédito: NASA/Frank Michaux
Com a Artemis II, a NASA está levando a ciência de viver e trabalhar no espaço além da órbita baixa da Terra. Embora o voo de teste ajude a confirmar os sistemas e equipamentos necessários para a exploração humana do espaço profundo, a tripulação também atuará como cientistas e voluntários em pesquisas, realizando uma série de experimentos que permitirão à NASA entender melhor como a saúde humana pode mudar em ambientes de espaço profundo. Os resultados ajudarão a agência a desenvolver intervenções, protocolos e medidas preventivas para proteger melhor os astronautas em futuras missões à superfície lunar e a Marte.
A ciência na missão Artemis II incluirá sete áreas principais de pesquisa:
ARCHeR: Pesquisa Artemis para Saúde e Prontidão da Tripulação
A missão Artemis II oferece uma oportunidade para explorar como as viagens no espaço profundo afetam o sono, o estresse, a cognição e o trabalho em equipe — fatores essenciais na saúde e desempenho dos astronautas. Embora esses efeitos já sejam bem documentados em órbita baixa da Terra, eles nunca foram completamente estudados em missões lunares.
Os astronautas da Artemis II que concordaram em participar do estudo usarão pulseiras que monitoram continuamente os movimentos e padrões de sono durante toda a missão. Os dados serão utilizados para monitoramento de saúde em tempo real e avaliações de segurança. Avaliações antes e depois do voo fornecerão insights sobre cognição, comportamento, qualidade do sono e trabalho em equipe no ambiente único do espaço profundo e da espaçonave Orion.
As descobertas desse voo de teste informarão o planejamento de futuras missões e os sistemas de apoio à tripulação, ajudando a NASA a otimizar o desempenho humano para a nova era de exploração da Lua e de Marte.
Biomarcadores Imunológicos
A saliva oferece uma janela única para compreender como o sistema imunológico humano funciona no ambiente do espaço profundo. Ao rastrear mudanças na saliva dos astronautas antes, durante e depois da missão, os pesquisadores poderão investigar como o corpo humano responde ao espaço profundo de formas sem precedentes.
A saliva seca será coletada antes, durante e depois da missão. Ela será aplicada em papel especial, armazenado em cadernetas de bolso, já que os equipamentos necessários para preservar amostras úmidas — como a refrigeração — não estarão disponíveis devido às limitações de volume. Para complementar esses dados, amostras líquidas de saliva e sangue serão coletadas antes e depois do voo.
Crédito: NASA
Com essas amostras, os cientistas entenderão melhor como o sistema imunológico dos astronautas é afetado por estresses como radiação, isolamento e distância da Terra. Eles também investigarão se vírus latentes podem ser reativados no espaço, como já foi observado anteriormente com vírus que causam catapora e herpes-zóster.
As informações deste estudo, combinadas com dados de outras missões, ajudarão a desenvolver formas de manter os astronautas saudáveis em missões mais longas e distantes.
AVATAR: Resposta Analógica de Tecidos Virtuais de Astronautas
O AVATAR é outro componente importante da estratégia da NASA para entender de forma holística como o espaço profundo afeta os humanos. Cientistas planejam usar a tecnologia de “órgãos-em-chip” durante a Artemis II — a primeira vez que esses dispositivos serão usados além dos cinturões de Van Allen.
Do tamanho aproximado de um pen drive, os chips medirão como cada astronauta responde aos estresses do espaço profundo, como radiação extrema e microgravidade. Eles conterão células de medula óssea desenvolvidas a partir de doações de sangue feitas antes do voo. A medula óssea é sensível à radiação e crucial para o sistema imunológico.
Crédito: Emulate
O objetivo é validar se esses chips podem prever com precisão a resposta humana ao estresse. Os dados do AVATAR serão comparados aos da Estação Espacial e aos obtidos antes e depois do voo.
O AVATAR pode ajudar a personalizar kits médicos para cada astronauta. Para o público na Terra, essa tecnologia pode ajudar a desenvolver tratamentos personalizados para doenças como o câncer.
O AVATAR é uma parceria público-privada entre a NASA, NIH, BARDA, Space Tango e Emulate.
Medidas Padrão da Artemis II
A tripulação também será a primeira no espaço profundo a participar do estudo “Spaceflight Standard Measures”, que coleta dados sobre o corpo e a mente de astronautas desde 2018. O estudo tem como objetivo coletar um retrato abrangente dos corpos e mentes dos astronautas, reunindo um conjunto consistente de medições principais da resposta fisiológica.
A equipe fornecerá amostras biológicas — sangue, urina e saliva — para avaliar nutrição, saúde cardiovascular e função imunológica. Também serão feitos testes sobre equilíbrio, função vestibular, desempenho muscular, microbioma, saúde ocular e cerebral. Durante o voo, serão monitorados sintomas de enjoo espacial. Após o pouso, haverá testes de movimentos dos olhos, cabeça e corpo. A coleta de dados continuará por um mês.
Todas essas informações ficarão disponíveis para cientistas por meio do repositório de dados da NASA. Os resultados podem ajudar a prever a adaptação de equipes em missões a Marte.
Sensores de Radiação Dentro da Orion
Durante a missão não tripulada Artemis I, a Orion foi equipada com milhares de sensores de radiação. Eles comprovaram que a nave pode proteger os astronautas. Mas ainda há muito a se aprender.
Na Artemis II, seis sensores ativos chamados “Avaliadores Eletrônicos Híbridos de Radiação” serão posicionados na cápsula. A tripulação também usará dosímetros nos bolsos. Esses sensores alertam sobre níveis perigosos de radiação causados por eventos solares. Se necessário, a missão pode instruir os astronautas a montar um abrigo para proteção.
A NASA também fez parceria com a agência espacial alemã DLR para uma versão atualizada do sensor M-42 (M-42 EXT), com seis vezes mais resolução que o anterior. A Artemis II levará quatro sensores M-42 EXT posicionados na cápsula.
Esses dados ajudarão a interpretar os resultados dos estudos ARCHeR, AVATAR, Standard Measures e Biomarcadores Imunológicos.
Campanha de Observações Lunares
A tripulação da Artemis II também observará a Lua do espaço. Serão os primeiros humanos a vê-la de perto desde 1972. Registrarão fotos e áudios para compartilhar a experiência e contribuir com a ciência.
Dependendo da data de lançamento, eles podem ser os primeiros a observar certas áreas do lado oculto da Lua. Apesar dos mapeamentos feitos por sondas como a Lunar Reconnaissance Orbiter, os olhos humanos são sensíveis a sutilezas que sensores não captam.
Essas observações podem inspirar novas investigações científicas sobre a geologia lunar, impacto de meteoritos ou até gelo nos polos lunares.
Crédito: NASA Goddard/Ernie Wright
Simulação do que a tripulação da Artemis II poderá ver ao se aproximar da Lua, comprimindo 36 horas em pouco mais de um minuto.
A missão também permitirá que, pela primeira vez, um oficial científico em terra colabore diretamente com os astronautas, fornecendo análises em tempo real a partir da Sala de Avaliação Científica no Centro Espacial Johnson, em Houston.
O aprendizado com a Artemis II será fundamental para operações científicas em futuras missões lunares.
CubeSats
Outros experimentos estarão a bordo da Artemis II na forma de CubeSats — pequenos satélites do tamanho de uma caixa de sapatos. Embora não façam parte dos objetivos principais da missão, podem ajudar a entender o ambiente espacial.
Crédito: NASA
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| Técnicos instalam o CubeSat K-Rad da Coreia no adaptador da Orion no Centro Espacial Kennedy, em 2 de setembro de 2025. |
Quatro agências espaciais internacionais participarão com CubeSats, lançados a partir do segundo estágio do foguete SLS:
ATENEA (Argentina) – Coletará dados sobre radiação, testará métodos de blindagem, GPS e links de comunicação de longo alcance.
K-Rad Cube (Coreia) – Usará dosímetro com material que imita tecido humano para avaliar efeitos biológicos da radiação nas faixas de Van Allen.
Space Weather CubeSat (Arábia Saudita) – Medirá radiação, raios-X solares, partículas solares energéticas e campos magnéticos em várias distâncias da Terra.
TACHELES (Alemanha) – Medirá efeitos do ambiente espacial em componentes elétricos para veículos lunares.
Essas pesquisas vão orientar o planejamento de futuras missões dentro da campanha Artemis. Por meio dela, a NASA enviará astronautas para explorar a Lua em busca de descobertas científicas, benefícios econômicos e para estabelecer as bases das primeiras missões tripuladas a Marte.
Brazilian Space
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