Um Conto da Carochinha, Uma História Mal Contada
Olá amigos leitores do BS!
Por Duda Falcão
16/01/2021
Aproveitando-me de uma vaguinha em minha agenda neste sábado de Sol na bela capital baiana, resolvi escrever um artigo sobre algo recorrente
no setor espacial que me incomoda há bastante tempo, ou seja, a defesa intransigente
e irresponsável de gestores do setor espacial em nome de suas instituições vendendo
inverdades a Sociedade Brasileira a qual deviriam responder com seriedade, competência
e comprometimento, cumprindo também dessa forma uma promessa feita por mim ao
Prof. Rui Botelho (atual editor do BS) de uma vez ou outra colaborar com
artigos, bem como também a uma outra promessa feita a um profissional do setor
espacial que merece todo meu respeito e admiração, mesmo confessando aqui há ambos
não ter mais motivação para seguir abordando algo (o Programa Espacial Brasileiro-PEB) que para mim não tem mais
futuro. Porém amigos do BS, diferentemente de muitos que militam nos bastidores
PEB por várias razões e na maioria das vezes por razões nefastas (não sendo por acaso a situação em que o programa se encontra), eu cumpro as minhas promessas,
sendo assim vamos ao assunto desse artigo.
Pois então, todos que acompanharam minha trajetória como
editor do BS por onze longos anos (bota longo nisso) sabem de minha admiração e
apreço pelo nosso ‘Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE)’, instituto este com
grandes e históricos serviços prestados ao Setor Aeronáutico e Espacial Brasileiro
(algo que tem de ser enaltecido), mas que já vinha vivendo de um enfraquecimento desde antes
dos malfadados e corruptos governos de esquerda, com perda de funcionários por
diversas razões, perda de recursos financeiros, má gestão administrativa e
acomodação de todo seu quadro, tanto civil como militar, e nos últimos 6 a 8
anos, este descaso governamental com esta importante instituição fez com que a
mesma (já bem enfraquecida e ainda mais militarizada com regras estúpidas e incompatíveis
com uma instituição de pesquisa) fizeram com que o IAE perdesse completamente o
rumo, tornando-se uma instituição de pesquisa de fantasia, principalmente para
o setor espacial do país.
Recentemente leitores do BS uma grande e grave prova da inoperabilidade
atual deste instituto ficou clara no caso do ‘Veículo Acelerador Hipersônico
(VAH)’, um foguete VSB-30 modificado para ser utilizado na “Operação Cruzeiro”,
que visava lançar em outubro ou novembro do ano passado, o primeiro experimento
do Projeto do 14-X do Instituto de Estudos Avançados (IEAv), ou seja, o primeiro
protótipo de um motor aeroespacial hipersônico brasileiro, experimento este
denominado de 14-XS (veja abaixo) de suma importância estratégica para o Departamento
de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) do Comando da Aeronáutica (COMAER),
mas que teve de ser adiado graças a falta de comprometimento do IAE em fazer a
sua parte, mesmo está tendo sido acertada entre os dois institutos com bastante
antecedência. Conclusão deste bizarro exemplo, o experimento o IEAv ficou
pronto para lançamento (tinha previsão de ser entregue agora no inicio de novembro, pois houve
um pequeno atraso na montagem do mesmo devido ao atraso na entrega de algumas
peças encomendadas pelo instituto) e o IAE simplesmente não se movimentou no
período para desenvolver a parte que lhe cabia, ou seja, o desenvolvimento do
VAH, adiando assim para este ano o lançamento desta missão. Será mesmo
leitor????
Fonte: Site do Instituto de Estudo Avançados
Pois então, o leitor agora como eu pode estar se perguntando se essa
gente (leia DCTA/COMAER) entende mesmo o significado de ESTRATÉGICO, né verdade???
Ou então qual é o verdadeiro significado do DCTA e de seus institutos para o
Comando da Aeronáutica???? Ao que parece leitor o COMAER e o Governo Brasileiro não tem o menor
compromisso ou interesse em fazer do DCTA um centro de desenvolvimento
científico e tecnológico de excelência, como são os centros militares nos EUA e
em outros países mundo afora, e sim de fazer só propaganda fantasiosa sem comprometimento
nenhum com seus projetos, vide este agora do IEAv e os Projetos SARA, VLS-1 e
VLM-1 do próprio IAE.
Assim sendo leitor uma prova de que a metodologia empregada e a
falta de cobrança por resultados são duas das grandes responsáveis por
estamos vivenciando hoje essa total inoperabilidade do IAE (bem como nos outros
institutos militares e civis governamentais, em doses diferentes, é claro) estar
bem descrita nas inverdades ditas em parte no recente discurso de passagem do
comando do IAE pelo ‘Brig. Eng. César Demétrio Santos’ para o ‘Cel. Av. César
Augusto O’Donnell Alván’, evento este ocorrido no dia 15 de dezembro do ano passado.
Assim disse o Brig. Demétrio: “Uma organização militar de excelência, fruto
ontem, hoje e tenho certeza que amanhã do espírito de corpo, da ética
profissional, do comprometimento, do rigor científico e da responsabilidade
social, qualidades do efetivo do IAE, denominados por mim com Família IAEense”.
Ora leitor, que me perdoe o Brig. Demétrio, profissional
que até então merecia meu respeito, mas que comprova com essas palavras ser
parte do problema e não da solução. Afinal caro leitor, os fatos mais que comprovam que o IAE não é há muito tempo (como já dito) uma organização militar de
excelência e sim de fantasias, e as palavras recentes do Brig. Demetrio só dão sustento a esse
conto da carochinha, uma história mal contada. Lamentável!
Muito triste ver um profissional sério como o Brigadeiro Demétrio se deixar ser convencido de que é mais importante preservar a imagem da instituição mesmo que às custas da verdade. O IAE não tem mostrado nenhum resultado relevante que justifique sua existência faz anos.
ResponderExcluirBrasil = Novelas da Globo * Carnaval ³ ^1/5 Evangélicos + Políticos Corruptos= 3º Mundo
ResponderExcluirOIá Heisenber! Olá Duda!
ResponderExcluirGostaria de agradecer ao Duda (memória viva das últimas décadas do PEB) pelo artigo e por sempre trazer a baila tópicos que muitas vezes podem cair no esquecimento ou na falta de atenção das pessoas e, principalmente, do Leitor do BS.
Sei que todos estamos frustrados com a gestão do nosso PEB, muitas vezes do lado civil outras do lado militar, mas o que importa é que, do lado do Brasil (o lado que importa, o lado da nossa nação) e do nosso futuro é o que mais está prejudicado.
No entanto, me permitam fazer uma ressalva quanto ao que foi observado no texto, respeitando o opinativo de vocês, mas, apresentando o meu ponto de vista. 1) O grande problema do PEB é a gestão, não a capacidade técnica. Na verdade, a capacidade técnica é vítima da má gestão (a nossa história conta isso). 2) Se as intituições (IAE, AEB, INPE, IEAv, etc) não estão cumprido as suas missões, devemos apontar os problemas (como vocês fizeram), mas devemos ter em mente que as instituições não são culpadas e não devem ser extintas pelos erros dos seus gestores ou dos chefes dos gestores, devemos cobrar desses gestores, seja na esfera jornallística, seja na esfera administrativa, seja na esfera política e, se for o caso, na esfera judicial. 3) O Brig. Demétrio é um militar e por isso está limitado na sua atuação no cargo, independente das suas convicções pessoais, no entanto, os problemas do IAE não são novos e não surgiram na gestão do Brigadeiro. Lembrem-se que ele não foi indicado pelo alto comando da FAB para a promoção ao próximo posto general da Força Aérea, tendo sido encaminhado para a passagem para a reserva. Quem sabe essa promoção, por ter silenciosamente e dentro da própria FAB se posicionado (dentro dos limites da hierarquia e da disciplina) de maneira diferente de quem estava acima dele? Quem sabe, de forma reservada, ele não defendeu o IAE e pagou o preço com a não promoção?
Não estou aqui para defender, nem passar pano para ninguém, somente peço que o nome do Brig. Demétrio não seja associado indevidamente ao declínio do IAE, pois, com certeza, isso não começou com ele.
Aproveito aqui para registrar que sempre vi no Brig. Demétrio uma pessoa preparada, mas, enquanto eu ainda estava na AEB, em uma apresentação Brig. Otero, fiz uma pergunta sobre a viabilidade comercial do VLM-1, pergunta essa que o Brig. Demétrio notoriamente não gostou e, mesmo assim, ele respondeu tecnicamente e se prontificou a me esclarecer mais pontos, caso eu quisesse e ele pudesse revelar.
Em tempo, mesmo discordando em alguns temas, mantenho a minha consideração e respeito pelo Brig. Demétrio!
ResponderExcluirOlá Prof. Rui!
ExcluirEntendo seu ponto de vista e concordo em parte com o que disse, mas quero que fique claro que em momento algum defendi a extinção do IAE ou de qualquer outra instituição civil ou militar ligada ao PEB, muito pelo contrário. Acredito sim que todas essas instituições podem funcionar com eficiência caso sejam gerenciadas como deveriam é caso haja um ambiente propício para tal. Minha abordagem foi justamente em cima da metodologia de gestão e contra a defesa intransigente e irresponsável adotada há anos por gestores como o Brig. Demetrio se valendo de uma imagem irreal, e expecificamente no caso do IAE, exemplificada pelas palavras do próprio Brigadeiro quando o mesmo passa para Sociedade que o IAE é um instituição de excelência, coisa que já não
é ha muito tempo, caracterizando uma inverdade, desnecessária e que podia ser evitada. E outra, em momento algum prof. Rui coloquei em dúvida a capacidade técnica dos servidores do IAE ou de qualquer das instituições governamentais ligada ao PEB, e sim falei da falta de interesse de alguns em apresentar resultados e da acomodação de outros devido as dificuldades impostas pela metodogia gerencial equivocada e pela própria falta de interesse do governo em resolver o problema. As colocações feitas pelo Brig. Demétrio em seu discurso desmonstram que o mesmo e parte do problema e nunca se esforçou para ser parte da solução. Enfim...
Abs
Duda Falcão
Não é somente problema de gerenciamento! É problema de caráter, compromisso, patriotismo, de fazer a coisa certa.
ExcluirE isto está em todos os níveis, mas sobretudo nos cargos de chefias e nos comissionados.
Nestes, impera o fisiologismo, a panelinha, o "puxa-saquismo".
Afinal, todos querem manter seus cargos, suas comissões, que passam a ser o objetivo de suas carreiras, em detrimento dos resultados.
Resultados? Ah, muitos têm, mas são aqueles resultados baseados em discurso, em retórica.
Que prevalece pela ignorância da platéia, pela conivência dos similares.
Ou então, pelo eterno discurso de que faltam apoio e dinheiro?
Para fazer o quê mesmo?
E isto é impregnado no DCTA, no IAE, no INPE, no Brasil.
Está na hora de, como cidadãos, exigirmos do governo que intervenha com seriedade no programa espacial - que se tornou uma piada sem graça, às nossas custas. Ou um PEB sério ou que se encerrem essas atividades. Que se usem os recursos em atividades que deem retorno aos contribuintes.
ExcluirEu digo é repito...o programa espacial é uma farsa ( no sentido que pode existir mas não pode gerar produto final tanto civil ou militar que seja BALÍSTICO.....)
ResponderExcluirNa hora H sempre ocorre um questão é a coisa não acontece....vemos o ministro astronauta em.nenhum momento...vemos ele preocupado com.o veículo lançador....os projetos dele são sempre tangentes....
Uma vergonha
Tudo segue o mesmo padrão. Enfim, nada vai para a frente.
ResponderExcluirA impressão que se tem é a de que o país como um todo está sendo desmontado e que o está acontecendo agora só os historiadores saberão no futuro.
ResponderExcluirConcordo plenamente. É um processo de desmonte, e as autoridades civis e militares parecem apenas esperar o desfecho de uma sinfonia patética e anti-nacional.
ExcluirEste processo de desmonte não existe. Foi e é uma teoria pregada sempre pelo lado que não ocupa a cadeira atualmente. Pesquisem e verão que a geração atual não é a primeira a utiliza-la.
ExcluirOs principais problemas do nosso país são dois: Gestão e Gerenciamento. E não apenas no setor estatal. O privado também possui estas falhas, mas no primeiro é mais acentuado. E isto é bem conhecido no mercado estrangeiro, infelizmente.
Nosso país não possui gestão estratégica alguma. Se tivesse, já teríamos um planejamento de Estado muito bem definido. Sem isto, não existe a menor possibilidade dos três poderes andarem em uníssono.
Nosso país não possui uma quantidade de cidadãos capacitados no nível gerencial para atender a demanda. O que existe sim são pseudo-gerentes.
Mas o real problema está mais profundo, na raiz. A Educação Nacional, permeada por uma ideologia retrógrada que já provou, a mais de uma década, que não tem capacidade alguma de formar cidadãos, quem dirá técnicos, engenheiros, pesquisadores, gerentes e gestores de alto nível.
Senhores, não se enganem, é ali que está o processo de desmonte.
Efetivo tanto do IAE quanto do IEAv são bastante comprometidos com os projetos e com a nação!, o problema sempre foi e continua sendo empresas corruptas e lobistas que entram nesses projetos sempre com objetivos de lucrar e sem intenção de entregar nada! Esses empresários sim são o câncer do PEB!!!
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