Dança das cadeiras da AEB: Quem pode dançar mais é a ética e o compromisso com a coisa pública!

Olá, leitor!

Como havíamos anunciado anteriormente, está ocorrendo nesse momento a dança das cadeiras da Agência Espacial Brasileira (AEB) e o que já estava ruim parece piorar ainda mais.

A saída base de todas as demais movimentações, de trocas de favores e compadrio, gira em torno da exoneração do Brig. R/1 PAULO EDUARDO VASCONCELLOS do cargo de Diretor de Inteligência Estratégica e Novos Negócios, originalmente designado como Diretor de Transportes e Licenciamento, conforme a publicação abaixo:

PORTARIA Nº 12, DE 5 DE JANEIRO DE 2021 

MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÕES 

O MINISTRO DE ESTADO CHEFE DA CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, no uso de suas atribuições e tendo em vista o disposto no art. 4º do Decreto nº 9.794, de 14 de maio de 2019, resolve: EXONERAR, a pedido, *PAULO EDUARDO VASCONCELLOS* do cargo de Diretor de Inteligência Estratégica e Novos Negócios da Agência Espacial Brasileira - AEB, código DAS 101.5, a partir de 5 de janeiro de 2021. 

WALTER SOUZA BRAGA NETTO

A saída do Brig. Vasconcellos já estava prevista há mais de 1 mês, depois que o mesmo fez uma crítica, dentro da AEB, ao Ministro Marcos Pontes e essa referida informação foi direto para a Assessoria Espacial do MCTI, que passou a mesma ao Ministro.

Aliás se o "cagoete" e o "puxa-saquismos" já é algo que eu testemunhei dentro da AEB, quando da minha passagem por lá, agora a coisa está potencializada aos extremos. Segundo informações, tem servidor (que recebeu cargo / função) designado para rastrear e delatar os colegas que acessam os arquivos no sistema SEI. Mas isso e outros informes que chegaram ao BS são motivo para outras matérias. Aguardem!

Voltando a dança das cadeiras, o Brig. Vasconcellos ainda tentou indicar seu substituto (na verdade, substituta, doutora em economia, com experiência comprovada em gestão estratégica e análise de mercados, mas, fraca no quesito "sabujisse"). 

No entanto, o nome que está sendo ventilado para substituir o Brigadeiro é PhD em vender a alma para ganhar uma boquinha, inclusive ocultar informações de processos e assinar pareceres (não citando tais informações) para aprovar repasses de recursos para projetos jurássicos do INPE, pois na antiga gestão da AEB a frase principal era "pode faltar tudo, mas não pode faltar recurso para o CBERS" e esse pretenso indicado era a mão que dava suporte técnico-formal em pareceres para aprovar esses repasses, sem nenhum tipo de questionamento.

Cria do "puxa-saquismo" da antiga gestão da  AEB, na qual, logo após aprovar projetos reprovados por pareceres de 8 tecnologistas e analistas de C&T, como o descrito acima, o pretenso indicado ganhou nesse período a sua primeira boquinha e, aproveitando-se de que o poder inebria e aumenta o ego, continuou bajulando e sobrevivendo na presente gestão, a ponto de ser cotado para ser diretor.

Ou seja, se com a assunção da atual gestão da AEB e do MCTI a esperança de que as antigas práticas e vícios da Agência estariam abolidos, com essa nomeação, se a mesma se confirmar, teremos um representante da jurássica guarda, que dominou a AEB e o INPE por 30 anos, em uma posição-chave para defender seus interesses.

Todos sabem que eu sempre defendi o PEB e a AEB, mesmo discordando de atos dos seus gestores, mas com esse informe de agora, só posso concordar com o Duda Falcão: "Fomos todos enganados!".

Lastimável!

Aproveito a presente situação para compartilhar com todos algo que busco minha vida de mais de 27 anos dedicados ao serviço público, pelo que continuo  defendendo e lutando: "Um Estado Ético-Democrático de Direito".

Para mim, ser um Estado Democrático de Direito é pouco, a grande luta e novo marco de evolução da nossa sociedade passa pela evolução para um "Estado Ético-Democrático de Direito".

Nessa linha, aproveito também para indicar a leitura do livro abaixo de autoria dos excelentes pensadores Mario Sergio Cortella e Clóvis de Barros Filho:

Imagem: Capa do Livro "Ética e Vergonha na Cara!".

Sugiro também a leitura do texto visceral de Guto Ferreira "POR QUÊ A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE STARTUPS DEVERIA SER REFUNDADA OU FECHADA?" (Obs: Não é a Aliança das Startups Espaciais (ASB), não viu?)

Essas leituras vão ajudar na compreensão de como os pequenos ilícitos no Brasil, dentro e fora da Administração Pública, não são combatidos e muitas vezes são premiados.

Rui Botelho
(Brazilian Space)

Comentários

  1. professor, tenho imensa curiosidade de saber o que tem de bom e moderno ( ou não ) nessa plataforma utilizada da série CBERS, que herança nos deixa, que nos valeu , que evolução pode ter, também o porque a china não nos concedeu ou partilhou qualquer de suas tecnologias....Agradeceria muito se vc pudesse nos dar uma luz sobre este tão longevo projeto e talvez entendermos porque para esses satélites nunca faltou recursos !?

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    1. Caro Luiz,
      Mais uma vez obrigado pela sua participação no BS.
      Não há como responder a essa pergunta aqui de forma apropriada e minuciosa, como talvez você queira. A ideia de uma parceria com a China na década de 80, quando o Brasil era pressionado internacionalmente para não desenvolver armas nucleares e mísseis de longo alcance (tirando o viés ideológico) não foi de todo o mal. Por outro lado, temendo represálias dos países ocidentais, o Brasil, que na época estava tão bem posicionado quanto a China em termos de satélites, preferiu colocar uma clausula na parceria que previa que a cooperação não deveria incluir transferencia tecnológica.
      Como a China evolui a passos largos (fazendo outras coisas muito melhores além de CBERS) e nós ficamos para trás, praticamente não herdamos diretamente nada dessa parceria, a não ser a preparação do nosso pessoal envolvido no projeto, o conhecimento e validação de alguns sistemas e subsistemas nacionais, alguma mobilização nacional da indústria para as partes de menor tecnologia do projeto e na operação / rastreio dos satélites e, é claro, algumas aplicações resultantes da produção de imagens dos satélites.
      Contudo, quando o CBERS foi concebido, a MECB já previa um satélite de sensoriamento remoto (SR) óptico nacional (derivado dos SCds) na faixa de 150 kg, contra os 1500 kg do 1o CBERS, o que ia de encontro ao que o mundo, já naquela época começava a pensar: smallsats! (satéliters com massa menor do que 500 kg).
      Com essa escolha, que criou um Programa Espacial paralelo ao PEB, nosso satélite de 150 kg nunca saiu do papel e, a medida que o mundo todo diminuia a massa dos seus satélites de SR ópticos (incluindo os da própria China, exceto o CBERS) o CBERS ia aumentando a sua massa até chegar a mais de 2100 kg.
      Consumindo boa parte (chegou a ser 60% do orçamento do PEB), com o valor de 1 CBERS seria possível construir uma constelação de 20 satélites de 150 kg, com resolução de imageamento de 5m colorida, enquanto a melhor resolução do CBERS atual é de 5m em preto e branco.
      Eu escrevi um nota técnica na AEB apresentando uma análise sobre isso (que deve ter sido engavetada) e, depois de pedir demissão da AEB, escrevi um artigo baseado nessa nota técnica, o qual apresentei no I Congresso Aeroespacial Brasileiro (I CAB), em 2018. Seguem os links do artigo (https://www.researchgate.net/publication/337059180_Revisao_da_Realidade_Brasileira_em_Termos_da_Aplicabilidade_de_Pequenos_Satelites_para_Missoes_de_Sensoriamento_Remoto) e da respectiva apresentação (https://www.researchgate.net/publication/337059258_Revisao_da_Realidade_Brasileira_em_Termos_da_Aplicabilidade_de_Pequenos_Satelites_para_Missoes_de_Sensoriamento_Remoto) para você dar uma aprofundada nesse tema.
      O assunto é mais complexo e tem mais nuance que esse resumo, mas espero ter ajudado. Abraço!

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    2. Lembro que esse projeto começou no governo Sarney, e a ideia era uma troca mais ampla de tecnologias, inclusive no campo de propulsores, sólidos, por parte do Brasil e propulsão líquida por parte dos Chineses. Tudo conversa mole. Não demorou muito veio o acordo MCTR. O Brasil, pelo jeito, entrou de otário nessa e em outras histórias, para o grande público foi um grande avanço, na prática um grande engodo.
      Quanto ao tema do artigo, parabéns pela iniciativa. Vai que um dia alguma autoridade acorda de verdade para esse engano chamado PEB.

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  2. agradeço demais , professor, com certeza já nos da um boa luz, mas parece que o destino dessa plataforma tende a ser abandonada....mesmo.
    vamos esperar que a série amazonas nos traga alegrias

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  3. Olá amigos do BS!

    Quero aqui parabenizar o Prof. Rui Botelho pelo trabalho que vem realizando desde que assumiu o lugar de editor desse grande meio de informações sobre as atividades espaciais brasileiras. Endosso as suas colocações em gênero, número e grau e lhe agradeço pela coragem, determinação e disposição que teve em aceitar esse grande desafio de seguir com as atividades do Blog. Siga firme Prof. Rui, sempre trazendo para Sociedade a verdade dos fatos, pois essa gente irá continuar por todas as formas negar e escorder do povo brasileiro a sua incompetencia e má conduta.

    Abs

    Duda Falcão

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