Brasil Integra Busca de Raios Gama no Espaço
Olá leitor!
Segue abaixo uma
interessante matéria publicada dia (21/08) no site do jornal “O Estado de São
Paulo”, destacando que o Brasil integra busca de Raios Gama no espaço.
Duda Falcão
CIÊNCIA
Brasil Integra
Busca de Raios Gama no Espaço
Consórcio de 32
países constrói mega-conjunto de
observação para
procurar fontes de radiação
Fábio de Castro,
O Estado de S.
Paulo
21 Agosto 2017 |
03h00
Foto: G. Pérez /
IAC / SMM
Ilustração mostra como deverão ficar dispostas
as antenas
no deserto do Atacama.
|
SÃO PAULO - Um consórcio de 32 países,
incluindo o Brasil, está construindo um observatório para estudar os raios
gama, ondas de altíssima energia vindas do espaço. Embora sejam conhecidas há
mais de um século, pouco se sabe sobre suas fontes no espaço e o papel que
desempenham nas galáxias. Assim como a luz visível, trata-se de radiação
eletromagnética, mas com energia 1 bilhão de vezes maior.
“Um dos
objetivos científicos do projeto é mapear as fontes cósmicas”, disse ao Estado uma
das cientistas brasileiras envolvidas com o projeto, a professora Elisabete Dal
Pino, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da
Universidade de São Paulo (USP). Os cientistas acreditam que, investigando a
origem dos raios gama no céu, será possível descobrir, por exemplo, quais são
os processos físicos que ocorrem perto de buracos negros, qual a natureza e a
distribuição da matéria escura e quais os mecanismos e objetos que criam
partículas aceleradas e energéticas no Universo.
Composto por cem
antenas, o observatório será o maior já construído para a observação de raios
gama. Batizado de Cherenkov Telescope Array (CTA), ele detectará dez vezes mais
objetos que emitem essa radiação, em comparação com os três observatórios que
já existem para estudá-la – e ficam na Namíbia, nas Ilhas Canárias (Espanha) e
no Arizona (EUA), com cinco antenas cada um.
O primeiro
protótipo foi inaugurado em junho e o CTA deverá ter o início das operações
programado para 2022. O arranjo terá três modelos de antenas de tamanhos
diferentes: 50 ficarão nas Ilhas Canárias e as outras 50 no Deserto do Atacama,
no Chile. Dessa forma, o observatório terá uma cobertura do céu de 360 graus. O
projeto, já em estágio avançado, de acordo com Elisabete, custará 400 milhões
de euros, financiados por um fundo internacional composto por nove países e por
recursos da União Europeia.
Brasil. O
País colabora em várias frentes científicas, com 11 universidades e institutos.
A principal vertente é coordenada por Elisabete. Em parceria com a Itália e
África do Sul, o grupo brasileiro é responsável pela construção de um arranjo
menor, com 9 antenas de 4,3 metros – batizado de Astri –, que será instalado no
Chile em 2018, para servir como um protótipo do CTA.
Cada um dos três
modelos de antenas será mais sensível a uma faixa do espectro de raios gama.
“Os de 4,3 metros são sensíveis às energias mais altas. Com eles, vamos atingir
uma faixa dessa radiação jamais alcançada”, afirmou Elisabete.
As antenas
maiores, com 23 metros de diâmetro, captarão os raios gama com energias mais
baixas. As antenas médias terão 12 metros de diâmetro e farão captação em uma
faixa intermediária. Essas serão distribuídas nos dois hemisférios. Já as
antenas menores – que terão 4 metros de diâmetro e captarão a faixa mais
energética da radiação gama – ficarão todas posicionadas no Chile.
O céu do
Hemisfério Sul está voltado para o centro da Via Láctea, que é a origem das
emissões mais energéticas”, explicou Elisabete.
Além do Astri,
há outras contribuições brasileiras. “Um grupo liderado por Luiz Vitor de Souza
Filho, da USP de São Carlos, está desenvolvendo os suportes de câmeras dos
telescópios de médio porte”, disse ela.
Além disso,
cientistas do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, no Rio, desenvolvem
componentes estruturais para as antenas de grande porte. “São estruturas
mecânicas que permitem o alinhamento perfeito dos espelhos desses telescópios,
em parceria com os alemães e os japoneses.”
Fonte: Site do
jornal O Estado de São Paulo - 21/08/2017
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