Pesquisador do IAE Lança Livro Didático Sobre Tecnologia de Foguetes
Olá leitor!
Segue abaixo uma interessante matéria publicada na edição
de Julho do ”Jornal do SindCT“, tendo como destaque o lançamento do livro
sobre tecnologia de foguetes do pesquisador do IAE, Ariovaldo Palmeiro.
Duda Falcão
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Pesquisador do IAE Lança Livro
Didático Sobre Tecnologia
de Foguetes
Ariovaldo Palmerio, o autor, lança “grito misto de
socorro e esperança”
Shirley Marciano
Jornal do SindCT
Edição nº 59
Julho de 2017
Obra tem viés didático e pretende chamar a atenção da
juventude para a exploração espacial. Ao mesmo tempo, busca construir a memória
das atividades do instituto. Patrocinada pelo SindCT, a sua distribuição é
gratuita. No dia 12 de maio, foi lançado o livro Introdução à Tecnologia
de Foguetes, de autoria de Ariovaldo Félix Palmerio, pesquisador do Instituto
de Aeronáutica e Espaço (IAE/DCTA).
O evento, no Auditório do Memorial Aeroespacial
Brasileiro (MAB), contou com a presença de diversas autoridades do setor
aeroespacial, como os diretores do DCTA, major-brigadeiro do ar Carlos Augusto
Amaral Oliveira, do IAE, brigadeiro Augusto Luiz de Castro Otero, do INPE,
Ricardo Galvão, e outras.
A obra, que tem distribuição gratuita e foi patrocinada
pelo SindCT, desenvolve nas suas 269 páginas mais anexos explicações bem
didáticas sobre foguetes, desde sua concepção, modelos e história até uma
abordagem técnica geral sobre sua construção e montagem.
Engenheiro mecânico e de automóveis pelo Instituto
Militar de Engenharia (IME), Palmerio é mestre em Engenharia Aeronáutica pelo
Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e doutor em Engenharia Mecânica pelo
Virgínia Polytechnic Institute & State University. Sua carreira
profissional transcorreu inteiramente no IAE, onde atuou no desenvolvimento de
foguetes de sondagem e lançadores de satélites, como engenheiro estrutural e de
sistemas. “Muitas são as razões para compilar e registrar informações sobre a
atividade de desenvolvimento de foguetes espaciais que ocorre no Brasil,
atividade esta ignorada por parcela significativa de sua sociedade”, diz o
autor na introdução do livro.
“Essas razões são apresentadas sob várias formas ao longo
do texto, no qual subjaz, ou é audível, um grito misto de pedido de socorro e
de esperança derradeira de que nosso país procure, e encontre, com autonomia e
equilíbrio, um lugar digno de sua grandeza na árdua e gloriosa exploração
espacial. É intenção deste texto chamar a atenção da sociedade brasileira, em
especial dos jovens, para essa atividade apaixonante e, ao mesmo tempo,
necessária”.
“Memória”
A preocupação de Palmerio é estender o conhecimento para
que as pessoas conheçam um pouco sobre foguetes, mas, sobretudo, saibam também
o que é realizado no IAE. “A ideia é resgatar a memória dos fatos
ocorridos no IAE, na área espacial; seus feitos concretos, sob o meu ponto de
vista, inclusive minhas opiniões a respeito. Tentei satisfazer um público
amplo”, explica. Em entrevista exclusiva ao Jornal do SindCT, ele conta que sua
inspiração veio de uma preocupação com o pessoal que entrava no IAE sem
experiência e conhecimento suficiente na área de foguetes.
“No final da década de 1990, pensando no pessoal novo,
montei um curso introdutório com apostilas. Assim, as pessoas se inscreviam e
participavam do curso, o qual ministrei umas quinze vezes. Este foi, portanto,
o embrião do livro. A cada vez que eu dava o curso, fazia uma revisão. Então,
quando saí do IAE, decidi transformar esse material de aula em livro”,
explica.
“Quando resolvi fazer o livro, tinha várias intenções.
Uma era fazer um registro do IAE, porque não temos muita coisa na área. Somos
muito pobres para elaboração de materiais de memória”, continua Palmerio.
“Também queria divulgar para a sociedade brasileira o que foi feito ali e que,
infelizmente, está morrendo. E, por último, homenagear as pessoas que fizeram
parte, como é o caso do Jayme Boskov, do [major-brigadeiro-do-ar Hugo de
Oliveira] Piva e de diversos outros nomes de igual importância”.
VLS-1 e o Acidente
Então, conclui, o livro é “dividido”. “Quem só quer saber
da história, lê a parte de resgaste da memória. Quem tem curiosidade sobre a
parte técnica, também estará contemplado porque ali tem as explicações. Enfim,
a intenção é atingir vários públicos de uma forma bastante didática”, diz. Na
conversa com a repórter ele teceu algumas observações sobre o VLS- 1, projeto
recentemente encerrado pelo DCTA. “Foi válido o investimento, mas foi realizado
de uma forma muito prejudicial ao próprio projeto. Escrevi no meu livro, então
posso comentar com você.
O Boscov tinha desenvolvido um motor para o Sonda-4. Ele
seria o motor base do VLS. Isso constituiu um problema, devido à complexidade
de se trabalhar. Pior ainda se pensar que eram quatro motores. Embora ele fosse
viável, o nível de dificuldade era muito alto em termos de projeto. Eu não
faria o que foi feito, mas na época eu também não tinha essa visão. Se fosse
uma configuração mais simples, talvez hoje teríamos realizado e com menos
problema”, analisa Palmério.
Sobre a tragédia de Alcântara, ele diz que também se
sente parte do erro cometido porque sabia da situação e, assim como os demais, nada
falou. Explica que havia um número muito reduzido de pessoas e os recursos
estavam bem escassos, o que colocou a todos, de certa forma, em risco. Para ele
o acidente está ligado diretamente a estas questões. Quanto ao futuro do setor
aeroespacial brasileiro, Palmerio foi taxativo. Para ele o IAE está definhando
e esses projetos podem estar em vistas de se acabar no Brasil. Para adquirir o
livro, basta entrar em contato com o SindCT no telefone (12) 3904-6655.
Fonte: Jornal do SindCT - Edição 59ª – Julho de 2017
Comentário: Bom leitor, em relação ao que disse o
pesquisador Palmério no ultimo paragrafo da matéria acima, eu vou mais além. Ou
se começa a levar a sério as atividades espaciais brasileiras (não só na área
de foguetes) transformando-as em atividades de Programa de Estado, ou elas
serão extintas ou mesmo assimiladas pelas raposas estrangeiras. Esse movimento
já existe, é forte, e eu até diria que na atual conjuntura política de descaso, falta
de brasilidade e irresponsabilidade do governo e da classe política, não vejo saída, vamos perder essa guerra. O
VLM-1, por exemplo, já perdemos, pois o mesmo já não é mais brasileiro.
Recebi um exemplar do livro, através do Dr.Bezerra, do IAE.
ResponderExcluirAchei a obra um primor. Excelente mesmo.
Parabéns ao autor.
Gontran
CEGAPA
Pelotas - RS