O Que Sabemos Sobre o Programa Espacial Brasileiro e Seu Papel na Vigilância das Fronteiras?
Olá leitor
Segue abaixo
artigo publicado dia (08/06) no site “Huffpost Brasil” tendo como tema o papel
do PEB na vigilância das fronteiras.
Duda Falcão
VOZES
O Que Sabemos Sobre o Programa
Espacial Brasileiro e Seu Papel
na Vigilância das Fronteiras?
O Brasil tem um grande potencial tecnológico espacial
e pouca abrangência e conhecimento desses projetos.
Tassio Franchi *
Historiador, doutor em
Desenvolvimento Sustentável pela UnB
08/06/2017 - 14:13 -03
Atualizado 08/06/2017 14:17 -03
Foto: KYODO Kyodo / Reuters
Brasil lançou no início de maio o Satélite
Geoestacionário
de Defesa e Comunicações Estratégicas dará ao país
independência e segurança para as comunicações nacionais.
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Existe um Programa Espacial Brasileiro? O Brasil possui
uma agência espacial? Qual nossa autonomia tecnológica na construção de
satélites? Qual a importância destes satélites para a Defesa Nacional? São
inúmeras perguntas que surgem no mês em que o país lança mais um satélite ao espaço.
O Brasil possui 10 satélites próprios em órbita, sendo 8
de comunicações e 2 de observação terrestre. O Programa
Espacial Brasileiro teve seus primeiros investimentos nos anos 1960, quando
diversos países começaram a desenvolver seus programas espaciais durante a
Guerra Fria, impulsionados pela Corrida Espacial entre Estados Unidos e União
Soviética. Porém, somente em 1994 foi criada a Agência Espacial Brasileira
(AEB), responsável pela formulação e coordenação da política espacial no
Brasil.
Em 4 de maio, foi lançado o Satélite Geoestacionário de
Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), na plataforma de lançamento da
cidade de Kourou, na Guiana Francesa. Por sua proximidade à linha do Equador,
aproveita a rotação terrestre e utiliza menos combustível para efetuar o
lançamento, com mais economia.
O Centro Espacial de Kourou pertence à Agência Espacial
Europeia (ESA), e é utilizado pela Arianespace, empresa francesa que produz,
opera e comercializa foguetes espaciais e é a proprietária do veículo lançador
– o Ariane 5. Apesar da cooperação com a França, o satélite será integralmente
controlado pelo Brasil e terá aplicações civis e militares.
Conforme o governo brasileiro, o projeto do SGDC é uma
parceria entre os ministérios da Defesa e da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações, envolvendo investimentos de R$ 2,1 bilhões. A empresa francesa
Thales Alenia Space desenvolveu e construiu o satélite, em contrato assinado
com a Visiona
– joint venture entre Embraer e Telebras para a integração de sistemas
espaciais.
Esse satélite terá uma Banda KA, utilizada para
comunicações estratégicas do governo e para a implementação do Programa Nacional de Banda Larga (PNBL). Seu objetivo é
expandir o acesso à internet no país, principalmente em áreas mais remotas.
Militarmente, o Ministério da Defesa apresentou
investimento de cerca de R$ 500 milhões para a utilização da Banda X pelos
próximos 18 anos, tempo de vida estimado do satélite. A Força Aérea Brasileira
(FAB) será responsável pela operação e pelo monitoramento do satélite. Por
isso, criou uma nova organização militar, o Centro de Operações Espaciais
Principal (Cope-P), em Brasília, em que cerca de 100 profissionais se revezarão
para dar suporte ao funcionamento do satélite 24 horas por dia.
O Programa Nacional de Atividades Espaciais 2012 – 2021,
documento lançado pelo governo brasileiro em 2012, ressalta que a soberania e a
autonomia de um país estão proporcionalmente relacionadas à sua capacidade de
desenvolvimento tecnológico. E a tecnologia espacial é a de maior amplitude
nesse cenário.
Considerando este histórico e o contexto atual de
desenvolvimento nacional, por que a visibilidade das tecnologias espaciais
ainda é tão pequena? Por que pouco se ouve falar sobre o Programa Espacial
Brasileiro e sua evolução? Estes questionamentos nos remetem a duas respostas:
a sensibilidade de compartilhar informações que impactem na defesa e o pouco
destaque dado pela mídia.
Com o sucesso do lançamento do SGDC e o início de suas
atividades, previstas para setembro de 2017, o Brasil diminuirá a dependência
de aluguel de equipamentos de empresas privadas, além de prover maior segurança
para as comunicações nacionais.
O uso da Banda X permitirá ao Brasil que todas as
transmissões governamentais sejam 100% feitas e controladas pelo Cope-P,
evitando que informações estratégicas, militares e governamentais circulem em
satélites de outras nações. Como há poucos anos o governo viveu escândalos
associados ao monitoramento de informações presidenciais por governos
estrangeiros, esta é uma resposta em direção à independência e à segurança
destas comunicações críticas.
Outro aspecto de fundamental importância do SGDC é
aumentar a vigilância nas fronteiras e na costa marítima brasileira, à medida
que este satélite irá somar esforços com: Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON);
o Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM), que utiliza
imagens do Satélite
Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS-4); e com projetos como o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAZ). Todos
programas e projetos voltados para o monitoramento dos mais de 23mil
quilômetros de fronteiras.
Além disso, ressalta-se a importância que o Programa
Espacial Brasileiro ganha internacionalmente, além de trazer a questão espacial
para debate e entendimento da sociedade brasileira. O investimento em
tecnologia espacial serve não só para os interesses estratégicos do país, mas
também para a apresentação e a aplicação de avanços sociais, como a
democratização do acesso à internet.
É de interesse de todos os brasileiros que continuemos
investindo em tecnologia espacial, consequentemente em desenvolvimento nacional
e defesa de soberania. Para isso, precisamos continuar propagando informações
sobre os recursos espaciais, o desenvolvimento das telecomunicações, o impacto
do espaço no uso sustentável de recursos naturais, ao realizar o acompanhamento
de mudanças ambientais e climáticas.
O Brasil tem um grande potencial tecnológico espacial e
pouca abrangência e conhecimento desses projetos. Quem sabe quando começarmos a
aumentar a divulgação dessas iniciativas nosso país seja definitivamente um
ator relevante na Era Espacial?
*Este artigo é
de autoria de colaboradores ou articulistas do HuffPost Brasil e não representa
ideias ou opiniões do veículo. Mundialmente, o HuffPost oferece espaço para
vozes diversas da esfera pública, garantindo assim a pluralidade do debate na
sociedade.
Fonte: Site Huffpost Brasil – http://www.huffpostbrasil.com
Interessante o artigo do historiador; descobri que nunca existiu um INPE nesse país!
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