INPE e SOS Mata Atlântica Lançam Dados do Atlas dos Remanescentes Florestais no Período de 2014 a 2015
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota postada hoje (30/05) no site do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), destacando que o instituto e o SOS
Mata Atlântica lançaram dados do Atlas dos Remanescentes Florestais no período de
2014 a 2015.
Duda Falcão
INPE e SOS Mata Atlântica Lançam Dados
do Atlas dos Remanescentes Florestais
no Período de 2014 a 2015
Segunda-feira, 30 de Maio de 2016
A Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE) apresentaram os novos dados do Atlas dos
Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, no período de 2014 a 2015. A
divulgação aconteceu na última quarta-feira (25), na semana em que se comemora
o Dia Nacional da Mata Atlântica (27 de maio).
O estudo aponta desmatamento de 18.433 hectares (ha), ou
184 Km², de remanescentes florestais nos 17 Estados da Mata Atlântica no
período de 2014 a 2015, um aumento de apenas 1% em relação ao período anterior
(2013-2014), que registrou 18.267 ha.
Minas Gerais, que vinha de dois anos de queda nos níveis
de desmatamento, voltou a liderar o desmatamento no país, com decréscimo de
7.702 ha (alta de 37% na perda da floresta). A vice-liderança fica com a Bahia,
com 3.997 ha desmatados, 14% a menos do que o período anterior. Já o Piauí,
campeão de desmatamento entre 2013 e 2014, ocupa agora o terceiro lugar, após
reduzir o desmatamento em 48%, caindo de 5.626 ha para 2.926 ha.
A exemplo dos últimos anos, os três estados se destacam
no ranking por conta do desmatamento identificado nos limites do Cerrado. O
Piauí abriga o município Alvorada do Gurguéia, responsável pela maior área
desmatada entre todas as cidades do Brasil. Entre 2014 e 2015, foi identificado
decremento florestal de 1.972 hectares no local. Os municípios baianos de
Baianópolis (824 ha) e Brejolândia (498 ha) vêm logo atrás, seguidos pelas
cidades mineiras de Curral de Dentro (492 ha) e Jequitinhonha (370 ha),
localizadas na região conhecida como triângulo do desmatamento, que abriga
ainda Águas Vermelhas (338 ha), Ponto dos Volantes (208 ha) e Pedra Azul (73).
Em Minas Gerais, a principal perda de florestas foi da
atividade de mineração. Um fato marcante foi o registro de um desmatamento de
258 hectares na cidade de Mariana, 65% deles (169 ha) decorrentes do rompimento
de uma barragem em novembro do ano passado. Há cerca de três semanas, a
Fundação SOS Mata Atlântica entregou relatórios de desmatamento do município e
de qualidade da água do Rio Doce a uma comitiva formada pelo ministro do Meio
Ambiente, Sarney Filho, pelo prefeito de Mariana, vereadores e autoridades
locais, durante visita à região. Mapas compilados em parceria com o INPE
mostraram o impacto do maior desastre ambiental já ocorrido na Mata Atlântica.
Acompanharam também a visita a Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda),
representantes do movimento Mar e Serras de Minas, da Samarco e de movimentos
de comunidades locais. Porém, a maior parte do total de desmatamento no estado
aconteceu na região de Jequitinhonha, no noroeste do estado, denominado
Triângulo do desmatamento.
Além de Minas Gerais, Piauí e Bahia, o Paraná também se
encontra em estado de atenção. Enquanto os três primeiros lideram a lista
geral, o Paraná foi o que apresentou o aumento mais brusco, saltando 116%, de
921 ha de florestas nativas entre 2013-2014 para 1.988 ha no último período. O
retorno do desmatamento nas florestas com araucária é o principal ponto de
alerta, responsável por 89% (1.777 ha) do total de desflorestamento no estado
paranaense no período 2014-2015. Restam somente 3% das florestas que abrigam a
Araucaria angustifolia, espécie ameaçada de extinção conhecida também como
pinheiro brasileiro.
Nesta edição, todos os 17 Estados apresentaram
desmatamento. Enquanto o período anterior trouxe 9 estados no nível do
desmatamento zero, ou seja, com menos de 100 hectares de desflorestamento,
nesta edição há apenas 7 nesta situação: São Paulo (45 ha), Goiás (34 ha),
Paraíba (11 ha), Alagoas (4 ha), Rio de Janeiro (27 ha), Ceará (3 ha) e Rio
Grande do Norte (23 ha).
No período de 2014 a 2015 foi identificada supressão da
vegetação de mangue apenas em Santa Catarina, em uma área total de 4 hectares.
Bahia (62.638 ha), Paraná (33.403 ha), São Paulo (25.891 ha) e Sergipe (22.959
ha) são os Estados que possuem as maiores extensões de mangue.
Já a supressão de vegetação de restinga foi de 680 ha. O
maior desmatamento ocorreu novamente Ceará, com 336 ha, seguido do Piauí (224
ha), Santa Catarina (55 ha), Paraíba (49 ha), Paraná (12 ha) e Rio Grande do
Norte (4 ha).
Os dados completos e o relatório técnico podem ser
acessados nos sites www.sosma.org.br e www.inpe.br.
Histórico
Criado em 1985, o monitoramento feito pelo Atlas permite
nesta edição quantificar o desmatamento acumulado em alguns Estados nos últimos
30 anos. O Paraná lidera este ranking, com 456.514 hectares desmatados, seguido
por Minas Gerais (383.637 ha) e Santa Catarina (283.168 ha). O total
consolidado de desmatamento identificado pelo Atlas desde a sua criação, que
não incluiu alguns Estados em determinados períodos, chega a 1.887.596 hectares.
Flávio Jorge Ponzoni, pesquisador e coordenador técnico
do estudo pelo INPE, ressalta os avanços tecnológicos obtidos ao longo dos anos
de monitoramento. "O trabalho começou em formato analógico, tudo era feito
no papel e identificávamos fragmentos acima de 40 hectares. Hoje, na tela do
computador, observamos áreas acima de 3 hectares. E há total transparência,
tudo o que mapeamos e produzimos é aberto ao público de maneira gratuita. É um
serviço que prestamos para toda a sociedade com o objetivo final de garantir a
conservação de um patrimônio nacional", diz o pesquisador do INPE.
Confira o total de desflorestamento na Mata Atlântica identificados pelo estudo em cada período (em hectares):
Desmatamento Observado | Total Desmatado (ha) | Intervalo (anos) | Taxa anual (ha) |
Período de 2014 a 2015 | 18.433 | 1 | 18.433 |
Período de 2013 a 2014 | 18.267 | 1 | 18.267 |
Período de 2012 a 2013 | 23.948 | 1 | 23.948 |
Período de 2011 a 2012 | 21.977 | 1 | 21.977 |
Período de 2010 a 2011 | 14.090 | 1 | 14.090 |
Período de 2008 a 2010 | 30.366 | 2 | 15.183 |
Período de 2005 a 2008 | 102.938 | 3 | 34.313 |
Período de 2000 a 2005 | 174.828 | 5 | 34.966 |
Período de 1995 a 2000 | 445.952 | 5 | 89.190 |
Período de 1990 a 1995 | 500.317 | 5 | 100.063 |
Período de 1985 a 1990 | 536.480 | 5 | 107.296 |
Fonte: Site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE)
Comentários
Postar um comentário