VENG dos Foguetes ao Petróleo: A Empresa Espacial Argentina Agora Atua em Vaca Muerta

Caros leitores e leitoras do BS!
 
Trago para vocês uma interessante artigo publicada ontem 19 de agosto pelo portal argentino ESPACIOTECH, enviado por nosso amigo e colaborador argentino Martín Marteletti, ao qual agradecemos desde já.
 
Fonte: Portal Espaciotech

Segundo o artigo, a VENG S.A., empresa argentina reconhecida pelo desenvolvimento de sistemas de lançamento espacial, expandiu sua capacidade tecnológica para o setor industrial de petróleo e energia. A companhia decidiu se diversificar, aproveitando suas competências tecnológicas para explorar outros mercados. A premissa é aplicar o conhecimento desenvolvido para operar no espaço em outros ambientes desafiadores, onde precisão, segurança e engenharia avançada são essenciais.
 
Um dos casos mais notáveis é a adaptação de cargas pirotécnicas, originalmente desenvolvidas para sistemas de terminação de voo em lançadores espaciais, para uso em poços de fraturamento hidráulico. Longe de ser uma aplicação forçada, ambas as tecnologias compartilham exigências similares: tempos de ativação precisos, condições extremas e alta confiabilidade. A VENG redesenhou essa solução espacial para cumprir um novo papel, atendendo aos desafios operacionais do fracking.
 
Fonte: Portal Espaciotech
Lançador espacial Tronador II, em desenvolvimento pela VENG.

Terminação de Voo e Detonações Controladas: Uma Mesma Lógica de Segurança
 
Nos sistemas espaciais, o Flight Termination System (FTS) é um mecanismo de segurança projetado para evitar catástrofes em terra. Se durante o lançamento um foguete desviar de sua trajetória prevista, pode representar um risco para áreas povoadas ou instalações sensíveis. Nesse caso, o FTS permite destruí-lo de forma remota e controlada, antes que atinja qualquer local não planejado.
 
Esse sistema é composto por cargas explosivas integradas, que podem ser ativadas remotamente em questão de milissegundos. Seu design deve garantir uma detonação confiável e precisa, mesmo sob condições extremas de pressão, vibração e temperatura. Trata-se de uma medida de última instância, mas fundamental para garantir a segurança dos lançamentos.
 
Esse mesmo nível de exigência é aplicável ao processo de fraturamento hidráulico, no qual cargas explosivas são inseridas em poços de petróleo para gerar as primeiras fraturas na rocha. Essas detonações devem ser ativadas com precisão milimétrica a grandes profundidades, em condições severas de pressão e temperatura. A VENG adaptou sua experiência em FTS para desenvolver dispositivos pirotécnicos confiáveis e seguros, capazes de operar nos ambientes extremos do subsolo.
 
O fracking é essencial para a extração de hidrocarbonetos não convencionais, como os de Vaca Muerta. Ele consiste em gerar fraturas controladas em formações rochosas de baixa permeabilidade para liberar gás ou petróleo aprisionado. A tecnologia desenvolvida pela VENG permite iniciar esse processo com cargas projetadas segundo padrões aeroespaciais, otimizadas para funcionar com máxima eficiência em operações energéticas de alta demanda.
 
Fonte: Portal Espaciotech.
Esquema do processo de fracking.

VENG, a Indústria do Petróleo e Outra Transferência Bem-Sucedida
 
Além do uso de pirotecnia, a VENG também aplicou sua experiência em materiais compostos no design e fabricação de tanques de fibra de carbono bobinados para o transporte de gás natural comprimido (GNC) em caminhões. Esses tanques foram desenvolvidos com base em tecnologias utilizadas em estruturas aeroespaciais, e combinam alta resistência mecânica com baixo peso, permitindo maior capacidade de carga útil e melhor eficiência logística. Os recipientes são projetados para operar a pressões de até 250 bar e mantêm sua integridade estrutural diante de ciclos térmicos e mecânicos extremos, o que os torna uma alternativa competitiva e segura para o transporte de energia.
 
A Indústria Espacial Como Motor Transversal de Desenvolvimento
 
A expansão da VENG para o setor energético é muito mais do que uma estratégia de diversificação empresarial. Representa uma aposta na autonomia tecnológica do país e uma demonstração concreta do potencial da indústria espacial como catalisadora de soluções em múltiplos setores. O que antes era uma tecnologia reservada ao lançamento de satélites, hoje se aplica no subsolo, em jazidas, dutos e caminhões. E o faz com uma mesma premissa: que a engenharia nacional pode desenvolver, adaptar e escalar soluções críticas com padrões internacionais de qualidade.
 
Em um país que busca consolidar sua soberania energética e fortalecer sua matriz industrial, a experiência da VENG mostra que é possível fazer isso com tecnologia própria, com talento local e com uma visão que não teme desafios extremos. Dos céus às profundezas da Terra, a ciência argentina demonstra que não há fronteiras para quem se atreve a repensar o próprio rumo.
 
Brazilian Space
 
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