A NASA Anunciou o Encerramento da Missão Lunar Trailblazer

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Crédito: Lockheed Martin Space
Com um de seus painéis solares implantado, o Lunar Trailblazer da NASA aparece em uma sala limpa da Lockheed Martin Space, no Colorado, durante testes realizados em agosto de 2024. A missão tinha como objetivo estudar a água da Lua, mas perdeu contato com a Terra um dia após o lançamento, em fevereiro de 2025.

No dia de ontem (04/08), A NASA anunciou em seu portal que a "Missão Lunar Trailblazer", um pequeno satélite desenvolvido pela agência para mapear a água lunar, foi oficialmente encerrada em 31 de julho de 2025. Apesar de intensas tentativas, os operadores não conseguiram restabelecer comunicação com a espaçonave após a perda de sinal no dia seguinte ao seu lançamento, em 26 de fevereiro.
 
De acordo com a nota do portal, o principal objetivo da missão era produzir mapas em alta resolução da água presente na superfície da Lua, identificar sua forma, quantificar sua abundância e compreender como ela varia ao longo do tempo. Esses dados seriam essenciais para apoiar futuras explorações humanas e robóticas, além de beneficiar interesses comerciais e ampliar o conhecimento sobre ciclos de água em corpos celestes sem atmosfera.
 
O Lunar Trailblazer viajou como carga secundária na missão IM-2 da Intuitive Machines, lançada às 19h16 (horário da Costa Leste dos EUA), a bordo de um foguete Falcon 9 da SpaceX, a partir do Centro Espacial Kennedy, na Flórida. O satélite foi liberado do foguete aproximadamente 48 minutos após o lançamento e iniciou sua jornada rumo à Lua. A equipe do IPAC, do Caltech, em Pasadena, estabeleceu contato inicial às 20h13, mas a comunicação foi perdida no dia seguinte.
 
Sem comunicação bidirecional, os operadores não conseguiram diagnosticar completamente o problema nem realizar as manobras de propulsão necessárias para manter a trajetória da espaçonave.
 
“Na NASA, assumimos missões de alto risco e alto retorno como o Lunar Trailblazer para buscar formas revolucionárias de fazer ciência,” afirmou Nicky Fox, administradora associada da Diretoria de Missões Científicas da NASA. “Embora não tenhamos alcançado o resultado desejado, a experiência adquirida com a missão contribui para reduzir riscos em futuros satélites de pequeno porte e baixo custo. Agradeço à equipe do Lunar Trailblazer pela dedicação e pelos aprendizados gerados até o fim da missão.”
 
Os dados limitados recebidos sugerem que os painéis solares da espaçonave não estavam corretamente orientados em relação ao Sol, o que causou o esgotamento das baterias.
 
Durante meses, organizações ao redor do mundo — muitas das quais colaboraram voluntariamente — tentaram captar sinais da espaçonave e rastrear sua posição. Observações por radar e telescópios indicaram que o satélite estava girando lentamente enquanto se afastava da Lua, rumo ao espaço profundo.
 
“Nossos modelos indicaram que, à medida que o Trailblazer se afastava, os painéis solares poderiam eventualmente captar mais luz solar, recarregando as baterias o suficiente para ativar o rádio,” explicou Andrew Klesh, engenheiro de sistemas do projeto no JPL. “O apoio global foi essencial para entender melhor o giro, o apontamento e a trajetória da espaçonave. A colaboração internacional é vital na exploração espacial.”
 
No entanto, com o passar do tempo, a distância tornou impossível restabelecer contato, pois os sinais de telecomunicação se tornaram fracos demais para transmitir dados ou comandos.
 
Legado Tecnológico
 
O satélite transportava dois instrumentos científicos avançados. O HVM3 (High-resolution Volatiles and Minerals Moon Mapper), desenvolvido pelo JPL, tinha a missão de mapear a distribuição de água e minerais na Lua. Já o Lunar Thermal Mapper (LTM), construído pela Universidade de Oxford e financiado pela Agência Espacial do Reino Unido, destinava-se a coletar dados térmicos e identificar a composição das rochas e solos lunares, ajudando a explicar variações na presença de água.
 
“Estamos extremamente desapontados por não termos chegado à Lua, mas os instrumentos e as equipes envolvidas são de classe mundial,” disse Bethany Ehlmann, investigadora principal da missão no Caltech. “O conhecimento e a tecnologia desenvolvidos continuarão a influenciar outros projetos enquanto a comunidade científica busca entender melhor a água lunar.”
 
Parte dessa tecnologia seguirá viva no UCIS-Moon (Ultra Compact Imaging Spectrometer for the Moon), um novo instrumento construído pelo JPL e selecionado pela NASA para uma missão orbital futura. O UCIS-Moon utilizará o mesmo design do HVM3 e fornecerá os dados com a maior resolução espacial já obtida sobre água e minerais na superfície lunar.
 
Sobre a Missão
 
O Lunar Trailblazer foi selecionado no programa SIMPLEx (Small Innovative Missions for Planetary Exploration) da NASA, que promove missões científicas de baixo custo com foco em inovação, aceitando um nível mais alto de risco técnico e menor exigência de gerenciamento.
 
A investigação científica da missão foi liderada pelo Caltech, que também gerenciou as operações através do IPAC. O JPL foi responsável por engenharia de sistemas, garantia da missão, design de voo, navegação e desenvolvimento do HVM3. A Lockheed Martin Space construiu a espaçonave, integrou o sistema de voo e prestou suporte operacional sob contrato com o Caltech. O LTM foi desenvolvido pela Universidade de Oxford, com apoio da Agência Espacial do Reino Unido. A missão fazia parte do Programa de Descoberta e Exploração Lunar da NASA e foi gerenciada pelo Planetary Missions Program Office, no Marshall Space Flight Center, em Huntsville, Alabama.
 
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