Brasil Constrói Radiotelescópio na Paraíba Para Conhecer Universo Jovem
Olá leitor!
Segue abaixo uma notícia postada ontem (07/09) no "Portal UOL" destacando que o Brasil está construindo Radiotelescópio na Paraíba para
conhecer Universo Jovem.
Duda Falcão
UOL Notícias - CIÊNCIA E SAÚDE
Brasil Constrói Radiotelescópio na
Paraíba Para Conhecer
Universo Jovem
Por André Carvalho
Do UOL, em São Paulo
07/09/2017 - 04h00
Foto: Divulgação
Radiotelescópio Bingo será construído em uma área
na
serra do Urubu, no sertão da Paraíba.
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A partir do fim de 2019, o Brasil terá um radiotelescópio
erguido no meio do sertão da Paraíba. A estrutura com dois espelhos e diâmetro
de cerca de 40 metros é parte de um projeto internacional que terá a maior
parte de seus recursos bancada pela fundação de apoio a ciência de São Paulo.
O Bingo (sigla para Observações de Gás Neutro das
Oscilações Acústicas Bariônicas, em inglês) tem como foco o estudo da
energia escura, que constitui 68% do Universo e sobre a qual muito pouco
sabemos.
A energia escura tem por característica
"anular" a gravidade, e não é possível detectá-la diretamente --ela
não se manifesta na forma de partícula ou luz, pelo menos não da forma como
conhecemos.
Dada essa dificuldade, os cientistas precisam encontrar
outras formas de captar a energia escura, como a medição de oscilações
acústicas bariônicas. Essas oscilações podem ser utilizadas como uma
"régua fundamental do Universo", e explica Élcio Abdalla, do
Instituto de Física da USP e coordenador do projeto.
O radiotelescópio será capaz de detectar ondas de rádio,
produzidas por uma emissão de hidrogênio neutro, na frequência de 1420 MHz.
Essas ondas permitirão mapear as oscilações de bárions, que carregam
informações sobre a interação entre fótons e bárions, congeladas depois do
desacoplamento da matéria com a radiação. Os pesquisadores pretendem medir a
frequência específica da radiação eletromagnética do hidrogênio quando o
Universo era "jovem", há bilhões de anos.
Essas informações devem ajudar a entender a energia
escura do Universo de uma forma diferente do que é feito por outros
telescópios, que utilizam outras técnicas, afirma Carlos
Alexandre Wuensche, pesquisador titular da Divisão de Astrofísica do INPE
(Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e também coordenador do
projeto.
Uma Joia no Sertão
O radiotelescópio brasileiro será construído na serra
do Urubu, na região de Piancó (PB), cidade de apenas 16 mil habitantes
localizada a 225 km de Campina Grande e 337 km de João Pessoa.
De acordo com o projeto, o Bingo terá dois espelhos, de
cerca de 40 metros de diâmetro. Eles serão sustentados por uma estrutura
de metal de 80 toneladas. Outra estrutura, semelhante a esta, sustentará
50 caixas com cones de 4,7 m de altura por 1,8 m de diâmetro.
O projeto custará cerca de U$ 4,2 milhões
(cerca de R$ 13,1 milhões) --76% (R$ 10,1 milhões) virá do financiamento da FAPESP
(Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). E já começou a ser executado
com a construção das peças. A obra no sertão está prevista para acabar em
agosto de 2019.
No grupo que lidera a construção há cientistas do INPE,
da USP, e da UFCG (Universidade Federal de Campina Grande), além de
pesquisadores do Reino Unido, da Suíça, do Uruguai e da China.
O radiotelescópio brasileiro deverá complementar
as informações de dois outros telescópios internacionais, um canadense, já em
atividade, e um chinês, ainda em construção.
O canadense Chime é composto por quatro
equipamentos de 100m de comprimento por 20m de largura, dispostos um
ao lado do outro. Segundo o pesquisador do INPE, já está em funcionamento,
mas sua performance ainda apresenta uma série de problemas.
Foto: Universidade de Toronto
O telescópio canadense Chime também tem
por objetivo o
estudo do Universo jovem.
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O radiotelescópio chinês Tianlai, em obras, terá
cerca de 2.000 unidades receptoras em uma área de 120 metros quadrados.
Wuensche destaca que o Bingo vai estudar o Universo em
uma época mais recente do que esses dois telescópios --a análise do Bingo
vai de "muitos milhões de anos após o Big Bang até dois bilhões de
anos". Uma época que, segundo o pesquisador do INPE, a Via Láctea já
estava formada e a "matéria já estava aglutinada".
Do Uruguai Para o Sertão da Paraíba
A princípio, o telescópio seria construído no norte do
Uruguai. Questões de financiamento e infraestrutura locais, no entanto,
inviabilizaram a escolha --o local deveria ficar longe de sinais de celular e
de rádio, bem de como rotas de avião.
"Nós tivemos alguns problemas na definição do sítio
uruguaio e começamos a procurar alternativas no Brasil", diz Abdalla.
"Avaliamos duas unidades regionais do INPE, em Santa Maria (RS) e
Cachoeira Paulista (SP), regiões próximas a Brasília e noroeste da Bahia. No
fim, acabamos decidindo por um sítio na Paraíba. O ambiente é bastante livre de
poluição eletromagnética e geograficamente é muito adequado para a construção
do telescópio".
Fonte: Portal UOL - http://www.uol.com.br/
Comentário: Pois é leitor, projeto abordado aqui no Blog pela
primeira vez em janeiro deste ano (veja aqui), parece que realmente vai se
tornar uma realidade o que será muito bom para a Astronomia e Astrofísica
brasileira. Em um momento em que a ciência do país passa por talvez o pior
momento de toda a sua conturbada história, realmente é um alivio ver este
projeto avançar, mas ao mesmo tempo não surpreende, já que diferentemente do
Setor Espacial que vem desfiando ano após ano, o Setor Astronômico brasileiro
vem obtendo um grande e contínuo avanço nos últimos 20 anos, graças a esta pequena, porem ativa e dinâmica comunidade astronômica que, mesmo vivendo dificuldades
inimagináveis, sempre encontra soluções e caminhos para alcançar os seus objetivos e
obtendo resultados fantásticos como a descoberta recente do primeiro planeta
extrassolar brasileiro (veja aqui). Aproveitamos para agradecer publicamente ao nosso leitor
Pe. Paulo Giovanni pelo envio dessa noticia.
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