Diretora da Blue Origin Detalhou em Simpósio o Progresso da Exploração Lunar da Empresa em Meio à Reestruturação do Contrato da Missão Artemis 3

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No dia 28/10, o portal SpaceFlight Now noticiou que uma diretora da Blue Origin havia detalhado nesta terça-feira (28), durante o Simpósio de Exploração Espacial von Braun 2025, o progresso da exploração lunar da empresa em meio à reestruturação do contrato da missão Artemis 3.
 
Gráfico: Blue Origin
Uma ilustração artística do módulo lunar Blue Moon Mark 1, da Blue Origin, na superfície da Lua

De acordo com a nota do portal, a Blue Origin ainda está a alguns anos de distância de sua missão contratada atualmente para levar astronautas ao Polo Sul lunar na missão Artemis 5. No entanto, a empresa tem vários veículos espaciais em desenvolvimento — com pelo menos um deles previsto para voar até a superfície da Lua possivelmente ainda este ano.
 
A empresa também está desenvolvendo planos que podem acelerar a missão Artemis 3, que será o primeiro pouso humano na Lua dentro do programa Artemis da NASA.
 
Jacqueline Cortese, diretora sênior de Espaço Civil da Blue Origin, representou a empresa em um painel na terça-feira durante o Simpósio de Exploração Espacial von Braun 2025, organizado pela Sociedade Astronáutica Americana. Sob o título “Artemis 3 e Além: Estabelecendo uma Presença Lunar Permanente”, Cortese apresentou os planos da Blue Origin para voos de astronautas e de carga à Lua.
 
Ela afirmou que a primeira missão da Blue Origin à Lua — com o módulo de pouso não tripulado Blue Moon Mark 1 — está passando pelas etapas finais de montagem na Flórida. O módulo de carga, com 8,1 metros de altura, ajudará no desenvolvimento contínuo da versão tripulada, chamada Blue Moon Mk.2, que mede 15,3 metros de altura.
 
Ambos são impulsionados pelos motores BE-7 da Blue Origin, que estão sendo testados em bancadas no Alabama, Texas e Washington. O CEO da empresa, Dave Limp, compartilhou um vídeo de 17 minutos de um teste de queima no Texas, projetado para simular a manobra de elevação de apogeu do Blue Moon Mk.1.
 

“Um grande marco para ficar de olho é que o Mk.1 é composto por três módulos — traseiro, dianteiro e intermediário — que estão sendo empilhados neste momento. Assim que ele estiver montado em sua configuração final, será transportado de barcaça até a Câmara A do Centro Espacial Johnson da NASA para uma campanha completa de testes térmicos a vácuo”, disse Cortese. “Então, quando o virem no barco, saberão que coisas grandes estão acontecendo.”
 
Ambas as versões do módulo usam uma combinação de hidrogênio líquido e oxigênio líquido. A principal diferença, porém, é que o Mk.1 pode ser lançado à Lua em um único voo do foguete New Glenn da Blue Origin, enquanto o Mk.2 exige reabastecimento em órbita.
 
Cortese afirmou que a montagem do primeiro Blue Moon Mk.1 está ocorrendo em uma planta dedicada à produção dessas espaçonaves em Port Canaveral, ao sul da Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral, na Flórida. Ela acrescentou que a Blue Origin está aumentando a linha de produção dos módulos Mk.1 e que a seção traseira do segundo veículo já está em testes estruturais.
 
“Esse primeiro Mk.1 não carrega intencionalmente 3.000 quilos de carga útil, pois é um voo de demonstração”, disse ela. “Está repleto de sensores e instrumentos, em parceria com a NASA, mas o veículo em si foi concebido para evoluir em uma linha de produção.”
 
O primeiro desses módulos transportará as cargas úteis SCALPSS (Stereo Cameras for Lunar-Plume Surface Studies) e LRA (Laser Retroreflective Array) da NASA. Cortese sugeriu que o lançamento pode ocorrer “nas próximas semanas”, mas não ofereceu mais detalhes sobre o cronograma.
 

Durante o Congresso Astronáutico Internacional de 2025, na Austrália, Pat Remias, vice-presidente de Desenvolvimento de Sistemas Espaciais da Blue Origin, afirmou que a empresa pretende recuperar o primeiro estágio do foguete que lançará a missão EscaPADE da NASA (prevista para o início de novembro) e reutilizá-lo no primeiro voo do Blue Moon Mk.1.
 
No mês passado, a NASA selecionou o Blue Moon Mk.1 para levar sua missão VIPER (Volatiles Investigating Polar Exploration Rover) ao Polo Sul lunar, dentro do programa CLPS (Commercial Lunar Payload Services). O novo contrato está avaliado em US$ 190 milhões e representará o segundo voo de um módulo Mk.1.
 
“Estamos muito empolgados com essa missão, não apenas como plataforma de testes para o que estamos fazendo no programa HLS (Human Landing System), mas também por seu papel futuro na infraestrutura logística e presença permanente na Lua”, disse Cortese.
 
Crédito da imagem: Blue Origin  
Este conceito artístico mostra o módulo de pouso Blue Moon Mark 1, da Blue Origin, e o VIPER (Volatiles Investigating Polar Exploration Rover) da NASA na superfície lunar.

Retornando Humanos à Lua
 
Enquanto a Blue Origin se prepara para enviar esses módulos de carga à Lua, o desafio maior é criar uma passagem segura para astronautas viajarem de e para a superfície lunar. Em maio de 2023, a NASA concedeu à empresa um contrato de US$ 3,4 bilhões para desenvolver um módulo de pouso tripulado para a missão Artemis 5, então prevista para 2029.
 
O contrato exige pelo menos um pouso de demonstração não tripulado do Blue Moon Mk.2 antes que o veículo possa transportar astronautas como parte do programa HLS.
 
Para a missão Artemis 5, o Blue Moon Mk.2 usará o Lunar Transporter, que realizará a transferência criogênica de propelente no espaço. Sistemas para armazenar combustível nas temperaturas necessárias e evitar a evaporação estão sendo preparados há algum tempo.
 


“A Blue Origin vem aprimorando nossas capacidades criogênicas há vários anos e, com hardware de proto-voo, estamos mantendo 90 e 20 Kelvin em ambientes de laboratório”, disse Cortese. “Tivemos grandes marcos neste verão em conjunto com a NASA.”
 
O Mecanismo de Transferência Utilitária da Blue Origin também foi recentemente testado na câmara térmica a vácuo TS300, no Centro de Voos Espaciais Marshall da NASA, no Alabama. Cortese afirmou que o Lunar Transporter usará tanques de propelente semelhantes aos do foguete New Glenn.
 
Assim como os módulos lunares, o Lunar Transporter também utilizará sete motores BE-7 como sistema principal de propulsão. Ambos estão sendo construídos na instalação Lunar Plant 1, no campus Rocket Park da Blue Origin, na Flórida.
 
Enquanto essas espaçonaves tomam forma, Cortese afirmou que a empresa também trabalha em estreita colaboração com a NASA na área de habitação do Blue Moon Mk.2, que abrigará dois astronautas durante o pouso e o retorno à estação Gateway, atualmente em desenvolvimento pela NASA e parceiros internacionais.
 
Imagem: Blue Origin
As equipes de desempenho lunar da Blue Origin testam a tecnologia de zero evaporação da empresa, projetada para armazenar hidrogênio líquido e oxigênio líquido a bordo de seu Transportador Lunar. Isso apoiará o sistema que permitirá operações de transferência de propelente no espaço para o lander lunar Blue Moon Mk. 2.

“Decidimos internalizar boa parte dos sistemas ambientais e de suporte à vida (ECLSS)”, explicou Cortese. “Queríamos ter mais robustez e redundância na cadeia de suprimentos. Observamos alguns problemas nesse setor e, portanto, estamos verticalizando várias áreas. Já tivemos ótimos avanços nisso.”
 
Cortese acrescentou que há “sinergias incríveis” entre o trabalho do HLS e o projeto Orbital Reef, a proposta da Blue Origin e seus parceiros para suceder a Estação Espacial Internacional.
 
Poeira Lunar
 
O painel “Artemis 3 e Além” também abordou o futuro da própria missão Artemis 3. Em meio à paralisação do governo — que impediu funcionários da NASA de participarem da conferência —, o administrador interino da agência, Sean Duffy, declarou que reabriria o contrato da missão, pois a SpaceX está atrasada em seu trabalho no HLS.
 
A empresa de Elon Musk desenvolve uma versão do Starship capaz de levar tripulações à superfície lunar. Ela recebeu US$ 2,89 bilhões para a missão Artemis 3, em abril de 2021, e mais US$ 1,15 bilhão para a Artemis 4.
 
A SpaceX completou 11 voos integrados do foguete Starship–Super Heavy e se prepara para a terceira grande versão do veículo. No entanto, o teste de transferência de propelente em órbita, previsto inicialmente para meados de 2025, agora só deve ocorrer entre o início e meados de 2026.
 
A NASA ainda lista o lançamento da Artemis 3 para meados de 2027, embora muitos acreditem que a data será adiada.
 
Crédito: SpaceX
Uma ilustração artística da versão do Starship do Sistema de Pouso Humano (Human Landing System) acoplando-se à espaçonave Orion da NASA em órbita lunar.

“A SpaceX tinha o contrato para a Artemis 3. Aliás, adoro a SpaceX — é uma empresa incrível. O problema é que estão atrasados. E estamos em uma corrida contra a China”, disse Duffy em entrevista à CNBC em 20 de outubro.
 
“O presidente e eu queremos chegar à Lua ainda neste mandato. Por isso, abriremos o contrato e deixaremos outras empresas, como a Blue Origin, competir. Quem chegar lá primeiro, iremos com ela.”
 
Elon Musk respondeu duramente no X (antigo Twitter), criticando a competência de Duffy para administrar a NASA enquanto também ocupa o cargo de secretário de Transportes.
 
Questionada durante o painel sobre o que a Blue Origin está fazendo para aproveitar essa nova oportunidade, Cortese foi cautelosa:
 
“Como o ambiente é competitivo, não posso falar muito, mas acabamos de iniciar o trabalho com a NASA e estamos muito animados. Temos muitas ideias”, afirmou.
 
“Diria o seguinte: com o Mk.1 e outros projetos que já desenvolvemos, acreditamos ter boas propostas para uma abordagem mais incremental — que pode ser aproveitada para um cenário de aceleração —, ainda alinhada com o objetivo final de sustentabilidade a longo prazo.”
 
Aarti Matthews, diretora dos programas de tripulação e carga do Starship na SpaceX, estava listada como participante do painel, mas acabou ausente da sessão final.
 
Brazilian Space
 
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