Cooperação Brasil - Rússia - 20 Anos


Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria da Revista Espaço Brasileiro (Núm. 5 - 2009) relatando um pequeno histórico da parceria na área espacial entre o Brasil e a Rússia que esta completando 20 anos de cooperação bilateral.

Duda Falcão

Brasil e Rússia de
Mãos Dadas
Rumo ao Espaço


Andréia Araújo

O primeiro acordo formal entre os dois países foi estabelecido em 1988, quando o Brasil e a ainda União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) assinaram um Protocolo sobre Cooperação no Campo da Pesquisa Espacial e da Utilização do Espaço para Fins Pacíficos. Esse documento teve a intenção de fixar os parâmetros de cooperação bilateral para o setor.

No ano seguinte, representantes do Instituto da Aviação de Moscou (MAI) encaminharam ao Brasil uma proposta de intercâmbio entre técnicos e estudantes dos dois países. Em setembro desse mesmo ano, uma comitiva soviética visitou o Brasil para traçar uma cooperação. Foram discutidos vários temas até que, em 1992, foi assinado um Memorando Preliminar de Entendimento entre o Comando da Aeronáutica e instituições de pesquisa e empresas russas para o fornecimento de materiais e serviços para o Veículo Lançador de Satélites (VLS).

Em 1995, recebemos mais uma vez uma delegação russa, dessa vez da agência espacial daquele país - Roskosmos -, que visitou ainda o Centro de Lançamento de Alcântara. Na ocasião, os presidentes da Agência Espacial Brasileira (AEB) e da Roskosmos assinaram um documento identificando áreas de interesse mútuo. Um ano depois, uma comitiva brasileira foi a Moscou, onde foram firmados dois contratos. Um com o intuito de realizar estudos para o desenvolvimento de um veículo a propulsão líquida e outro para criar o intercâmbio de profissionais para uma especialização sobre o assunto.

A especialização em propulsão líquida começou em 1997, no Brasil, e foi ministrada por 11 professores do MAI. O curso foi concluído no final de 1998. Vários acordos comerciais entre empresas russas e institutos brasileiros aconteceram nessa época.

Em 2003, o Brasil passou pela pior tragédia do Programa Espacial – o acidente com o foguete brasileiro VLS (Veículo Lançador de Satélites). Uma ignição involuntária de um dos motores do primeiro estágio, com o foguete ainda na Torre de Lançamento, vitimou 21 técnicos brasileiros. Logo após o acidente a Roskosmos ofereceu ao governo brasileiro apoio à investigação do ocorrido.

Especialistas da empresa russa State Rocket Center Makeyev (SRC), indicados pela Agência Espacial Russa, acompanharam as investigações do acidente e forneceram um relatório sobre os problemas verificados. A partir desse fato, o relacionamento bilateral se intensificou e a cooperação passou a apresentar novas perspectivas.

Cooperação
Russa-Brasileira
Comemora
20 Anos

A revisão do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), ocorrida em 2005, reacendeu o interesse brasileiro no desenvolvimento de veículos movidos a combustível líquido, apresentando a evolução do VLS, com um estágio. O Instituto de Aeronáutica e Espaço, em 2006, estabeleceu um protocolo de entendimento com o MAI e o Centro de Testes Russo NIICHIMMASH, para a realização de um curso de especialização nos moldes do realizado em 1997 e 1998. Em fevereiro do mesmo ano, começaram as aulas, com a formação de seis militares, dois servidores civis e seis alunos do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), sem vínculos com a Força Aérea Brasileira. Sete meses depois, os alunos estavam estagiando na Rússia.

Em dezembro do mesmo ano, foi celebrado entre os dois países um Acordo Internacional sobre Proteção Mútua de Tecnologia Associada à Cooperação na Exploração e Uso de Espaço Exterior para Fins Pacíficos. Esse documento prevê o estabelecimento de salvaguardas tecnológicas durante a cooperação bilateral.


Fonte: Revista Espaço Brasileiro - Jan, Fev, Mar de 2009 - Número 5 - Págs: 26 e 27

Comentário: Essa matéria faz um pequeno relato histórico da cooperação bilateral entre o Brasil e a Rússia que esta completando 20 anos, demonstrando o porquê do grande avanço brasileiro na tecnologia de motores líquidos nos últimos três anos. A expectativa é grande para os próximos cinco anos com o domínio do desenvolvimento dessa tecnologia que permitirá assim que o Brasil desenvolva foguetes com capacidade de cargas bem maiores que o atual VLS.

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