Anunciado no RN o '1º Workshop da Constelação Potiguar'. Como fica a Constelação CONASAT?
Caros leitores e leitoras do BS!
No dia 23 de maio, o portal do jornal Tribuna do Norte, de Natal (RN), publicou uma matéria sobre a chamada "Constelação Potiguar", um projeto de satélites que, segundo a reportagem, colocará o Rio Grande do Norte na rota do setor aeroespacial é assim promete impulsionar uma nova economia espacial no Nordeste, ampliando o protagonismo da região nesse segmento estratégico e inovador.
"OBS: Não sou norte-rio-grandense, mas sou nordestino e brasileiro. E, para mim, este é mais um exemplo da falta de seriedade e de comprometimento com os recursos públicos por parte dos chamados "Cabeças de ovo", que vêm, infelizmente, destruindo as atividades espaciais governamentais do nosso país. Querem um exemplo claro dessa incoerência? Por que iniciar uma nova constelação de satélites se já existia em andamento o Projeto CONASAT — Constelação de Nano Satélites Ambientais —, que envolvia o Centro Regional do Nordeste do INPE (CRN) e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)? Onde está a constelação CONASAT? O que foi feito dos recursos investidos ao longo de mais de uma década nesse projeto, aprovado no edital AEB/MCT/CNPq nº 033/2010? E as viagens internacionais de profissionais? Os equipamentos adquiridos para esse fim? Pois então, com base nesse exemplo — e em tantos outros episódios igualmente frustrantes — como podemos acreditar que, desta vez, os recursos públicos serão utilizados com competência, responsabilidade e entrega de resultados concretos? Essa situação é vergonhosa. Mais um capítulo de desrespeito com o contribuinte, de um programa espacial governamental marcado por improvisos, vaidades e decisões desconectadas da continuidade e do bom senso. No dia 22 de julho de 2014, entrevistei o engenheiro Manoel J. M. Carvalho, então pesquisador-chefe do Centro Regional do Nordeste (CRN/INPE) e principal responsável pelo Projeto CONASAT. Foi uma conversa importante, reveladora — e que vale a pena ser conferida na íntegra (veja aqui). Portanto, amantes da atividades espaciais, você que é norte-rio-grandense, nordestino ou brasileiro de qualquer parte do país, reflita: como disse o BS, esses “cabeças de ovo” — irresponsáveis, oportunistas e de moral no mínimo questionável — são os que ocupam os cargos de poder. E, infelizmente, permanecerão por muito tempo, destruindo qualquer chance de desenvolvimento do uma vez tão promissor (e hoje abandonado) Patinho Feio (PEB). Para essa gente, os recursos públicos são 'capim', e o povo, apenas um 'detalhe'. Será que precisa dizer mais alguma coisa? Lamentável!"
Foto: Ascom/FAB
Segundo a matéria o Rio Grande do Norte está prestes a dar um salto inédito rumo ao espaço. Com o projeto Constelação Potiguar, o estado entra no mapa da inovação aeroespacial ao liderar uma iniciativa para lançar uma rede de nanossatélites que operará na órbita equatorial. A proposta, que posiciona o RN como protagonista de uma nova economia espacial no Nordeste, será oficialmente apresentada nos dias 29 e 30 de maio, durante o 1º Workshop da Constelação Potiguar, em Natal.
O nanossatélite desenvolvido abriga sensores, circuitos, transmissores e antenas. Ao orbitar a Terra, estabelece uma rede de dados acessível a centros de pesquisa, empresas e órgãos públicos. A posição na órbita equatorial garante ampla cobertura do Nordeste e coleta de informações ao longo da Linha do Equador, com possibilidade de integração em redes internacionais.
A iniciativa é coordenada pelo Parque Científico e Tecnológico Augusto Severo (PAX-RN) e reúne um consórcio formado por universidades — como a UFRN —, centros de pesquisa, instituições públicas e representantes da indústria. O objetivo é criar uma infraestrutura científica e tecnológica capaz de gerar dados estratégicos para setores como meio ambiente, segurança pública, agricultura, logística e a chamada Economia do Mar.
Além do impacto tecnológico, o projeto prevê ganhos econômicos e sociais. A constelação servirá como plataforma para o monitoramento climático, gestão de desastres naturais e apoio a políticas públicas. Também deverá impulsionar o desenvolvimento de startups e a formação de mão de obra especializada, aproveitando o ecossistema de inovação existente no estado.
“Estamos retomando uma tecnologia que é nossa, nacional, e adaptando-a a novos desafios, com um olhar voltado para o desenvolvimento regional”, afirma Olavo Bueno, diretor do PAX-RN e ex-pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Bueno integrou a equipe que construiu os primeiros satélites brasileiros, os SCD-1 e SCD-2, e lidera o projeto potiguar com base nas experiências acumuladas em Santa Catarina e no próprio INPE.
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desempenha papel central na pesquisa e montagem dos nanossatélites, por meio do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Aeroespacial (PPGEA). “Além de fortalecer a ciência e a inovação, a iniciativa pretende viabilizar a produção local desses sistemas, reduzindo a dependência de equipamentos importados e impulsionando a criação de startups na área”, explica o professor Douglas do Nascimento Silva, da Escola de Ciência e Tecnologia da UFRN.
O projeto também dialoga com outras iniciativas em curso no estado, como o Cluster Tecnológico Naval do RN, coordenado pela FIERN, e a atuação do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), que pode voltar a ser protagonista em missões espaciais a partir da Constelação Potiguar. A localização geográfica do RN, próxima à Linha do Equador, é estratégica para lançamentos e observações.
O consórcio formado pelo PAX integra um ecossistema robusto, com participação da UFRN, UFERSA, UERN, IFRN, EMPARN, Marinha, Defesa Civil, INPE e Agência Espacial Brasileira (AEB). Esse conjunto de instituições reforça o potencial do estado em consolidar um polo aeroespacial.
“Queremos gerar impacto aqui, com dados que sirvam à pesquisa, mas também ao desenvolvimento de soluções concretas para os desafios do semiárido, da costa e das cidades”, destaca Olavo Bueno.
Investimento e Próximos Passos
Com previsão de investimento de R$ 36 milhões em seis anos, o projeto será financiado por fontes públicas e privadas, nacionais e internacionais. Parcerias com empresas estrangeiras especializadas em nanossatélites já estão em andamento, aguardando apenas a conclusão do Procedimento para Seleção e Adoção de Missões Espaciais (ProSAME), coordenado pela AEB. A expectativa é que o primeiro satélite seja lançado até 2027.
O Workshop que acontece nos dias 29 e 30 de maio marca o início da fase operacional do projeto. O evento reunirá especialistas, gestores, empresas e pesquisadores para definir estratégias e consolidar as próximas etapas. Mais do que um encontro técnico, o workshop representa o momento em que a Constelação Potiguar sai do papel e começa a orbitar as agendas de inovação do país.
Dizendo assim, parece enredo de filme de ficção científica, mas, por sorte, não é. A constelação ainda está em fase de desenvolvimento, mas já projeta luz sobre o futuro da ciência brasileira — com protagonismo vindo do Nordeste.
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Uma dúvida aqui, um dos satélites a ser lançado no HANBIT-NANO não é o Conasat-1?
ResponderExcluirOutra coisa Raul!
ExcluirEmbora seja verdade — inclusive algo que já havíamos anunciado no BS e que eu havia esquecido — a Constelação CONASAT tinha objetivos muito mais ambiciosos, mesmo em relação ao seu primeiro satélite. Por isso, conhecendo bem o 'MODUS OPERANDI' desse gente, não me surpreenderia se isso não passasse de uma medida paliativa, apenas para "calar a boca" momentaneamente. Porém mais adiante, ter a sua sequencia interrompida e, assim, validar o lançamento de uma nova constelação. Enfim...
Olá Raul! Se é então me equivoquei, realmente eu não sei. Até onde eu sei, a constelação CONASAT foi descontinuada sem qualquer explicação a Sociedade.
ResponderExcluirEu achei essa postagem aqui da AEB, https://www.gov.br/aeb/pt-br/assuntos/noticias/aeb-anuncia-cargas-uteis-que-farao-voo-orbital-programado-para-2025, eles não falam muito sobre essa missão só falam que ela é um dos satélites lançados
ExcluirOlá Raul!
ExcluirÉ verdade, como mencionei anteriormente, acabei lembrando desse detalhe um pouco tarde. No entanto, se não me falha a memória, já havia comentado sobre isso da primeira vez que essa tal “Constelação Potiguar” apareceu na mídia. Pouco tempo depois, alguém — não lembro exatamente quem — enviou uma mensagem contestando a nossa visão sobre o assunto (creio que foi em 2024). Curiosamente, logo em seguida, surgiu essa informação da nota da AEB citada por você. Essa gente, Raul, não dá ponto sem nó.
Concordo totalmente, e como eles não explicaram nada desse satélite eles devem ter substituído a constelação por um único cubesat só pra falar que lançaram algo
ExcluirOlá Raul!
ExcluirPois é, infelizmente este é o "Modus operandi" dessa gente, eles não valem nada.