Brasil Inicia a Reconstrução da Estação Antártica Comandante Ferraz, na Antártica
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota postada dia (18/01) no site do “Ministério
da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI)”, destacando que o
Brasil iniciou finalmente a reconstrução da Estação Antártica Comandante
Ferraz, na Antártica.
Duda Falcão
NOTÍCIAS
Brasil Inicia a Reconstrução da Estação
Antártica Comandante
Ferraz, na Antártica
Base voltará a ter uma estrutura permanente para pesquisas a
partir do verão de 2018.
"As obras estão seguindo o cronograma", diz o
coordenador-geral de Oceanos,
Antártica e Geociências do MCTIC, Andrei Polejack.
Por Ascom do MCTIC
Publicação: 18/01/2017 | 00:25
Última modificação: 19/01/2017 | 10:29
Crédito: Ascom/MCTIC
Reprodução da nova Estação Antártica Comandante Ferraz.
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Uma equipe composta por pedreiros, técnicos e
engenheiros deu início, neste mês de janeiro, à reconstrução da Estação
Antártica Comandante Ferraz (EAFC). Em dezembro último, os equipamentos para a
realização das obras, vindos da China, desembarcam no continente mais frio e
seco do planeta. Nessa primeira fase, serão instalados todos os blocos de
sustentação dos módulos que irão abrigar os laboratórios, refeitórios, oficina
e dormitórios. A meta é concluir a reconstrução da base no primeiro semestre de
2018.
"Vão começar a colocar as estruturas de
fundação agora. Os módulos que vão compor o projeto estão sendo fabricados na
China e, no verão deste ano, serão levados para a Antártica. As obras estão
seguindo o cronograma previsto, respeitando os prazos. Até março de 2018 a nova
estação será inaugurada", afirma o coordenador-geral de Oceanos, Antártica
e Geociências do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
(MCTIC), Andrei Polejack.
Ao custo de US$ 99,6 milhões, a nova base está
sendo construída pela empresa estatal Corporação Chinesa de Importações e
Exportações Eletrônicas (CEIEC, na sigla em inglês), vencedora da licitação.
Com uma área de aproximadamente 4,5 mil metros quadrados, a estação contará com
17 laboratórios, ultrafreezers para armazenamento de amostras e materiais
usados nas atividades científicas, setor de saúde, biblioteca e sala de estar.
A área de pesquisa científica foi projetada para atender a uma multiplicidade
de exigências, com prioridade para os projetos do Programa Antártico Brasileiro
(PROANTAR). Cerca de 300 pesquisadores realizam estudos na região a cada ano.
Todo o custo da obra, desde a infraestrutura à
logística, é financiado pela Marinha do Brasil e pelo Ministério da Defesa. O
MCTIC financia as pesquisas e os cientistas mantidos na base.
"Tudo vem montado da China. As obras na
estação têm pelo menos três fiscais ambientais brasileiros para fiscalizar a
reconstrução com respeito ao meio ambiente", comenta o capitão de
Mar-e-Guerra, Geraldo Juaçaba, coordenador do projeto de reconstrução e
fiscalização da estação.
Ele salienta que o trabalho representa um
posicionamento importante do país com relação às pesquisas e, também, na
questão geopolítica. "É importante o Brasil fazer parte da Antártica, por
uma questão estratégica de política e de posicionamento. O continente antártico
é uma vez e meio o Brasil. O mais importante é que a estação é o ponto de
referência do Brasil na Antártica e vários projetos de pesquisa são
desenvolvidos lá. É a nossa casa no continente mais frio do planeta",
afirma.
O Brasil, desde 1975, é país-membro signatário do
Tratado Antártico e desenvolve atividades científicas no continente. O tratado
foi estabelecido em 1959 por países que reivindicaram a posse de partes
continentais da Antártida e se comprometeram a suspender seus interesses
econômicos por período indefinido, e fazer uso somente de exploração científica
do continente, em regime de cooperação internacional. Nesse sentido, o PROANTAR,
coordenado pela Comissão Interministerial para os Recursos do Mar,
e a reconstrução da estação, carrega também um peso geopolítico considerável,
além das suas finalidades científicas.
Pesquisas
Como oceanógrafo, o pesquisador do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Ronald Buss de Souza, chefe do Centro
Regional-Sul de Pesquisas Especiais do instituto, em Santa Maria (RS), destaca
que a estação atesta a posição do Brasil como um dos signatários do Tratado
Antártico, que, entre outras coisas, proíbe o uso militar do continente e do
oceano circunvizinho, chamado de Oceano Austral - e não Oceano Antártico, como
muitas pessoas o denominam.
"Não é uma base militar, é uma estação
científica. O Brasil, no entanto, optou por determinar que a Marinha do Brasil
fosse o órgão público responsável pela criação e manutenção da estação desde a
década de 1980. Havia na época uma ação geopolítica dos países vizinhos, Chile
e Argentina, de projetar seus territórios até o polo sul, e isso era uma ameaça
à política externa brasileira. Portanto, a ação do Brasil através da Marinha
foi cabida e bem empregada. Até hoje, nossos vizinhos utilizam suas
Forças Armadas para marcar presença na Antártica e o Brasil segue na mesma
linha", conta.
Na estação existem trabalhos importantes ligados ao
monitoramento de fenômenos da alta atmosfera, como sua temperatura e ondas gravitacionais,
ao monitoramento da dinâmica do buraco de ozônio atmosférico e dos raios
ultravioleta; de parâmetros atmosféricos de superfície; inventários de fauna e
flora locais (ambos terrestres e marinhos); qualidade do ar, impactos
ambientais locais (contaminação de solos) e outros.
"A maior parte dos meus trabalhos são
realizados no mar, a bordo de navios. A Antártica é reconhecidamente um dos
ambientes mais importantes para a manutenção do clima do planeta. Entre as
estações de verão e inverno, a massa de gelo marinho que se forma ao redor do
continente mais que duplica a área coberta de gelo ao redor do polo sul, e essa
massa de gelo impede que a radiação solar penetre nos solos ou no mar, sendo
retornada à atmosfera. Meus estudos atuais estão focados em entender os
processos de interação entre a atmosfera, o oceano e o gelo marinho e sua
importância em controlar o clima e o tempo na América do Sul", relata.
A reconstrução da estação vai possibilitar dar
continuidade às pesquisas nas áreas de biologia, meteorologia, aeronomia e
relações Sol e Terra, que se iniciaram em sua implantação, em 1984, e que só
tiveram períodos de descontinuidade devido ao incêndio ocorrido em fevereiro de
2012.
A pesquisadora do INPE, Emília Correia, ressalta
que os resultados das pesquisas brasileiras no continente têm contribuído de
maneira expressiva para as pesquisas no contexto internacional, principalmente,
nas áreas de ciências biológicas, físicas e geofísicas.
"Na área da aeronomia [ciência que estuda as
camadas superiores da atmosfera, particularmente suas características
fisioquímicas], o local é estratégico para estudos da alta atmosfera, pois
lá os efeitos do geoespaço são mais intensos. As pesquisas resultam numa melhor
caracterização das relações Sol-Terra e, assim, em um melhor entendimento dos
processos físicos envolvidos. A integração das medidas feitas lá na Antártica
com as feitas por redes de instrumentação na América do Sul estão dando
subsídios para o melhor entendimento da dinâmica dos fenômenos e a escala espacial
de sua abrangência desde as altas até as baixas latitudes, com especial
interesse sobre o território brasileiro. Estes estudos são importantes, pois
dão subsídios aos modelos de variação climática", explica.
Fonte: Site do Ministério da Ciência,Tecnologia, Inovações e
Comunicações (MCTI)
Comentário: Nos acreditamos que tanto o PROANTAR como o Programa
Nuclear Brasileiro (PNB) deveriam estar atuando com mais efetividade em
projetos de interesse comum com o Programa Espacial Brasileiro (PEB), e a
Estação Comandante Ferraz é de suma importância para que essas parcerias possam
ocorrer. Entretanto é difícil acreditar que estando no Território de Piratas em
que vivemos, essas inúmeras possibilidades de interesse comum possam ser
desenvolvidas como deveriam e poderiam,
mas não há como negar que esse laboratório antártico, quando pronto, será de
fundamental importância para os interesses da Comunidade Científica do país.
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