"Vou Te Dizer Uma Coisa, Vou Ficar Indignado Se Essa For a História Que Contarmos.": Chefe Interino da NASA Está “Irritado” Com Conversas de Que a China Superará os EUA na Volta à Lua
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No dia de ontem (05/09), o portal ars TECHNICA noticiou que o Chefe Interino da NASA, Sean Duffy está “Irritado” com conversas de que a China superará os EUA na volta à Lua.
Crédito: NASA/Bill Ingalls
De acordo com a nota do portal O administrador interino da NASA, Sean Duffy, disse nesta quinta-feira que tem ouvido os comentários recentes de que algumas pessoas começaram a acreditar que a China vai levar humanos à Lua antes que a NASA consiga voltar com o Programa Artemis.
"Tivemos um testemunho dizendo que a NASA não vencerá a China na corrida à Lua," comentou Duffy durante uma reunião geral com funcionários da NASA. "Isso foi uma crítica direta a toda a NASA. Eu ouvi, e vou te dizer, talvez eu seja competitivo, mas isso me irritou. E vou te dizer mais: vou ficar indignado se essa for a história que a gente escrever. Nós vamos vencer os chineses na chegada à Lua."
As declarações de Duffy vieram após uma audiência no Congresso na quarta-feira, durante a qual o ex-congressista Jim Bridenstine, que foi administrador da NASA no primeiro mandato do presidente Trump, afirmou que a China havia ultrapassado a NASA e os EUA na segunda corrida espacial.
"A menos que algo mude, é altamente improvável que os Estados Unidos consigam vencer o cronograma projetado da China para chegar à superfície da Lua," disse Bridenstine, que liderou a criação do Programa Artemis em 2019. A China já afirmou diversas vezes que pretende levar taikonautas à Lua antes do ano de 2030.
Muitas Aparições na TV
As declarações de Duffy são características de sua gestão desde sua nomeação, há dois meses, por Trump, como administrador interino da agência espacial. Ele tem feito aparições frequentes na Fox News e tem se mostrado geralmente otimista quanto à posição da NASA na competição com a China pela supremacia no espaço. E na sexta-feira, em um vídeo com produção refinada, ele afirmou: "Estou comprometido em nos levar de volta à Lua antes que o presidente Trump deixe o cargo."
Fontes indicam que Duffy, que já é membro do gabinete como secretário de transportes, também está buscando remover o título de "interino" de sua posição na NASA. Assim como Bridenstine, ele tem um sólido histórico político e uma ideologia alinhada com a administração Trump. É um excelente orador público e entende o valor de se comunicar com o presidente por meio da Fox News. Até o momento, no entanto, ele demonstrou pouco reconhecimento da realidade da atual competição com a China.
Não é só Bridenstine que está preocupado com a possibilidade de a NASA perder para a China no espaço. O respeitado analista da China, Dean Cheng, disse recentemente à Ars: "No ritmo em que as coisas estão indo, infelizmente, parece bastante provável que os chineses cheguem à Lua antes da NASA."
A NASA está programada para realizar uma missão de sobrevoo lunar no início de 2026 (a agência trabalha atualmente com uma data de lançamento em fevereiro para a Artemis II), e o governo certamente tentará promover isso como uma evidência de sucesso. Mas isso, na prática, não é.
Os elementos principais dessa missão — incluindo a espaçonave Orion (iniciada em 2005) e o foguete Space Launch System (iniciado em 2011) — estão em desenvolvimento há décadas e já custaram mais de US$ 50 bilhões. Em certo momento, a Artemis II estava prevista para voar em 2021. Nada deve tirar o mérito da bravura dos astronautas que farão a missão, mas ela nem chega a ser tão ambiciosa quanto a Apollo 8 em 1968, que entrou em órbita lunar, ao contrário da Artemis II, que apenas dará a volta na Lua e retornará.
Para realmente pousar na Lua com a Artemis III, a NASA precisará que a SpaceX entregue uma versão do veículo Starship apta para humanos, que a Axiom forneça trajes espaciais prontos, e que seus próprios engenheiros montem e aprovem um plano complexo, repleto de riscos. A meta nominal atual para essa missão é 2027, mas nenhum observador razoável acredita que isso seja viável. Para que Duffy cumpra sua promessa de "nos levar de volta à Lua" antes do fim do mandato presidencial, seria necessário um pouso até janeiro de 2029 — ou então Trump teria que violar a 22ª Emenda da Constituição.
Mudar a Cultura de Segurança?
Uma forma de a NASA acelerar o pouso na Lua seria cortar parte da sua cultura de segurança, que é composta por diversas camadas. Para algumas pessoas dentro da agência, as várias revisões de segurança nas missões da NASA são uma salvaguarda necessária após as tragédias do ônibus espacial Challenger e Columbia. Para outras, trata-se de uma burocracia exagerada que atrapalha o progresso. Durante sua reunião com os funcionários na quinta-feira, Duffy expressou essa última visão.
"Somos guiados pela segurança, e devemos ser guiados pela segurança," disse Duffy durante a reunião geral. "Mas às vezes podemos deixar a segurança ser a inimiga do progresso. Precisamos ser capazes de dar alguns saltos. Precisamos avançar em nossa inovação e impulsionar essa missão. E sempre há um equilíbrio nisso. Mas não podemos ficar do lado da inação só porque temos medo de correr riscos. Precisamos seguir em frente."
Na prática, a NASA provavelmente precisará flexibilizar sua cultura de segurança e torcer para que a SpaceX, com seu ambicioso veículo Starship, realize uma série de feitos quase milagrosos nos próximos anos, para que astronautas americanos consigam pousar na Lua antes de 2030. Dada a história de realizações da SpaceX, isso não deve ser descartado — mas a empresa ainda tem um longo caminho a percorrer.
Até agora, Duffy tem falado muito sobre a corrida espacial. A grande questão é: será que tudo isso é apenas discurso político elevado de pessoas que já terão saído de cena quando o mandarim se tornar a língua oficial na Lua?
Pouco mais de cinco anos atrás, o vice-presidente Mike Pence fez um discurso empolgante no Alabama, estabelecendo a meta de levar humanos à Lua até 2024 e lançando as bases políticas do Programa Artemis e de tudo que o seguiu. Ele disse que a NASA teria que mudar para ter sucesso. "Se nossos atuais contratados não conseguirem cumprir esse objetivo, encontraremos outros que conseguirão," disse Pence na época.
Estamos em 2025 — e os contratados continuam os mesmos.
Brazilian Space
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