Cientistas Capturam o Objeto Interestelar 3I/ATLAS Desenvolvendo Uma Cauda

Caros leitores e leitoras do BS!
 
No dia 05/09 o portal Space.Com anunciou que Astrônomos capturaram uma imagem impressionante de uma cauda se formando no cometa interestelar 3I/ATLAS. A imagem foi registrada em 27 de agosto de 2025 por uma equipe de cientistas e estudantes utilizando o Telescópio Gemini South, localizado no Cerro Pachón, no Chile.
 

De acordo com a nota do portal, descoberto em 1º de julho pelo ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System), o 3I/ATLAS é apenas o terceiro objeto já encontrado vagando pelo nosso sistema solar que se acredita ter se originado ao redor de outra estrela. Os dois invasores interestelares anteriores foram o objeto em forma de charuto ‘Oumuamua (oficialmente designado 1I/2017 U1), descoberto em 2017, e o híbrido cometa/asteroide 2I/Borisov, descoberto dois anos depois, em 2019.
 
Todos esses objetos oferecem aos cientistas uma oportunidade única de estudar material vindo de outro sistema planetário, e o crescimento da cauda de 3I/ATLAS é uma visão tentadora do material contido nesse cometa. Mas essa oportunidade é limitada: assim como aconteceu com ‘Oumuamua e 2I/Borisov, a órbita de 3I/ATLAS eventualmente o levará para fora do sistema solar.
 
(Crédito da imagem: International Gemini Observatory/NOIRLab/NSF/AURA/Shadow the Scientist. Processamento de imagem: J. Miller & M. Rodriguez (International Gemini Observatory/NSF NOIRLab), T.A. Rector (University of Alaska Anchorage/NSF NOIRLab), M. Zamani (NSF NOIRLab)).
Observações do cometa 3I/ATLAS feitas usando o Observatório Gemini Sul.

Independentemente de sua origem — do sistema solar ou além —, quando cometas como o 3I/ATLAS se aproximam do Sol, a radiação solar aquece os gelos em seu núcleo. Isso faz com que o gelo sólido se transforme diretamente em gás, pulando a fase líquida, num processo chamado sublimação. Esse gás então escapa do cometa, formando sua característica cabeleira (ou "coma") e sua cauda. À medida que o cometa se aproxima mais do Sol, ele libera mais material e sua cauda se alonga — um processo que essas novas imagens do Gemini Sul mostram acontecendo com o 3I/ATLAS.
 
"À medida que o 3I/ATLAS retorna às profundezas do espaço interestelar, esta imagem é tanto um marco científico quanto uma fonte de admiração", disse Karen Meech, líder da equipe e astrônoma do Instituto de Astronomia da Universidade do Havaí. "Ela nos lembra que nosso sistema solar é apenas uma parte de uma galáxia vasta e dinâmica — e que até os visitantes mais passageiros podem deixar um impacto duradouro."
 
As imagens do 3I/ATLAS foram coletadas em colaboração com a iniciativa Shadow the Scientists, que conecta pesquisadores ao público geral durante a realização de experimentos científicos reais — como capturar um cometa interestelar com um telescópio de classe mundial como o Gemini South, utilizando o instrumento Gemini Multi-Object Spectrograph (GMOS).
 
(Crédito da imagem: ESA)
3I/ATLAS viajando por um fundo repleto de estrelas, visto pelos telescópios terrestres do Las Cumbres Observatory.

Na imagem capturada pela equipe, a ampla coma do 3I/ATLAS pode ser claramente vista, assim como sua cauda, que se estende por cerca de 1/120 de grau no céu (um grau equivale aproximadamente à largura do seu dedo mindinho com o braço esticado). Como esperado, à medida que o cometa se aproxima do Sol e se torna mais ativo, essas características aumentaram desde a última vez em que foi observado.
 
(Crédito da imagem: International Gemini Observatory/NOIRLab/NSF/AURA/Shadow the Scientist. Processamento de imagem: J. Miller & M. Rodriguez (International Gemini Observatory/NSF NOIRLab), T.A. Rector (University of Alaska Anchorage/NSF NOIRLab), M. Zamani (NSF NOIRLab)).
O cometa 3I/ATLAS cruza um campo denso de estrelas nesta imagem capturada pelo espectrógrafo GMOS do Gemini South no Cerro Pachón, no Chile. Os traços multicoloridos são estrelas ao fundo da imagem.

Além do valor estético das imagens, esta observação do 3I/ATLAS permite que os cientistas analisem os comprimentos de onda da luz — ou espectro — que ele emite. Isso é útil porque diferentes substâncias químicas emitem e absorvem luz em comprimentos de onda característicos, o que significa que os componentes químicos do 3I/ATLAS deixam suas “impressões digitais” no espectro da coma e da cauda do cometa.
 
“Os principais objetivos das observações eram analisar as cores do cometa, que fornecem pistas sobre a composição e o tamanho das partículas de poeira na coma, e também capturar espectros para uma medição direta da química”, explicou Meech. “Ficamos empolgados ao ver o crescimento da cauda, sugerindo uma mudança nas partículas em relação às imagens anteriores do Gemini, e tivemos o nosso primeiro vislumbre da química por meio do espectro.”
 
Essas novas observações sugerem que a composição química do 3I/ATLAS é semelhante à dos cometas que se originam no sistema solar. Como os cometas se formam na mesma época que os planetas e asteroides de um sistema planetário, isso sugere que os processos que formaram os planetas do nosso sistema solar, há cerca de 4,6 bilhões de anos, são comuns em outros sistemas planetários ao redor de estrelas diferentes do Sol.
 
O telescópio Gemini South terá outra chance de examinar o 3I/ATLAS quando ele emergir do outro lado do Sol, em novembro de 2025, e os cientistas já estão ansiosos por essa rara oportunidade.
 
“Essas observações proporcionam tanto uma vista de tirar o fôlego quanto dados científicos cruciais”, disse Bryce Bolin, cientista pesquisador da Eureka Scientific, que auxiliou a equipe nas observações. “Todo cometa interestelar é um mensageiro de outro sistema estelar, e ao estudar sua luz e cor, podemos começar a entender a diversidade de mundos além do nosso.”
 
Brazilian Space
 
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