Trazendo Esclarecimentos ao Artigo "Propulsão Térmica Nuclear (NTP) e PROSUB, Why?"

Prezados leitores e leitoras do BS!
 
No último dia 11 de agosto, compartilhei com vocês um artigo-opinião intitulado “Propulsão Térmica Nuclear (NTP) e PROSUB, Why?”. Lembram? O texto foi escrito por um certo Jorge Silva Junior, que se apresentou como CEO da empresa WHYBIM ENERGY — especializada em energias renováveis e, ao que tudo indica, sediada no Rio de Janeiro (RJ)
 
Nele, o autor discorre sobre a Propulsão Térmica Nuclear (Nuclear Thermal Propulsion – NTP), uma tecnologia em desenvolvimento através de uma parceria entre o Departamento de Energia dos EUA (DOE) e a NASA. Segundo o autor, a adoção e o avanço dessa tecnologia pelo Brasil poderiam IMPACTAR — como ele próprio enfatizou — o Programa de Desenvolvimento de Submarinos da Marinha do Brasil (PROSUB). Mais do que isso: segundo ele, a NTP poderia até mesmo contribuir para um futuro programa nacional de propulsão nuclear aeroespacial, entre outras possibilidades.
 
Diante de algumas afirmações presentes no artigo em questão — as quais me causaram certo desconforto —, decidi submetê-lo à avaliação de um dos maiores especialistas brasileiros em propulsão nuclear (senão o maior): o agora aposentado Dr. Lamartine Nogueira Frutuoso Guimarães, ex-gerente do Projeto TERRA (Tecnologia de Reatores Rápidos Avançados) do Instituto de Estudos Avançados (IEAv), vinculado ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) da outrora gloriosa Força Aérea Brasileira (FAB). E assim gentilmente, o Dr. Lamartine nos enviou os esclarecimentos que reproduzo a seguir.
 
"Bom dia Duda!! Li com muita atenção este artigo. E acho que ele merece alguns esclarecimentos. Começo pela relação DARPA-DRACO. O projeto DRACO é da DARPA. A DARPA se associou a NASA para utilizar de espertise que a NASA possui, no desenvolvimento do DRACO. Infelizmente, esta associação se encerrou. A DARPA anunciou em março deste ano que encerrou o projeto DRACO por razões de custo. Esta notícia foi inclusive postada no BS (veja aqui).
 
A NASA por sua vez declarou que não tem interesse em continuar, sozinha, com a linha de NTP. O interesse da NASA é no NEP. O engraçado nesta estória é que para o ano fiscal de 2026, o orçamento da NASA não contempla recurso para o NEP. Contudo, a NASA não desistiu do NEP. Parece que foi um paradinha estratégica. Na semana passada, o Secretário de Transporte americano, Sean Duffy, respondendo a uma pergunta de uma repórter, numa entrevista sobre DRONES (veja aqui), disse que a NASA continuará com o NEP, pois este é importante para as fases seguintes do programa ARTEMIS. Segundo o Secretário, eles querem montar uma base na Lua e o microreator é peça fundamental para esta Base.
 
Um último esclarecimento. A Marinha do Brasil (MB) não tem interesse ainda no NTP. Propulsão espacial e naval apesar de serem nuclear, tem tecnologias bem diferentes. Basta fazer uma busca no Wikipedia, para ver. Quanto ao acompanhamento do que ocorre no cenário de propulsão espacial, no Brasil, é feito no ITA. Tenho um aluno que está pra defender a dissertação de mestrado exatamente neste tema, NTP. Um abraço à todos do Brazilian Space!"
 
Finalizando, o Dr. Lamartine afirmou que, caso haja algum questionamento por parte do autor original do artigo, ele estará inteiramente à disposição para conversar diretamente, tendo grande prazer em esclarecer quaisquer dúvidas.
 
Aproveitamos a oportunidade para agradecer publicamente ao Dr. Lamartine Guimarães por sua habitual disponibilidade e cordialidade em atender ao BS.
 
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