DARPA Diz Que Redução nos Custos de Lançamento e Nova Análise Levaram ao Cancelamento do Projeto de Propulsão Nuclear DRACO
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Crédito: NASA
No dia de ontem (02/07), o portal SpaceNews noticiou que um representante da "Defense Advanced Research Projects Agency (DARPA)" dos EUA, afirmou que essa agência cancelou um projeto de propulsão nuclear espacial que estava desenvolvendo em conjunto com a NASA, em parte porque o esforço foi superado por avanços em sistemas convencionais mais modernos.
De acordo com a nota do portal, a DARPA e a NASA vinham trabalhando no Demonstration Rocket for Agile Cislunar Operations (DRACO), um projeto conjunto anunciado no início de 2023. O DRACO testaria a propulsão térmica nuclear (NTP), em que um reator nuclear aquece um propelente — neste caso, hidrogênio líquido — para gerar empuxo.
Ambas as agências vinham divulgando poucas atualizações recentes sobre o status do DRACO até que a NASA publicou sua proposta orçamentária detalhada para o ano fiscal de 2026 no final de maio, zerando o financiamento para o DRACO. “A solicitação também reflete a decisão de nosso parceiro de cancelar o projeto Demonstration Rocket for Agile Cislunar Operations (DRACO)”, afirmava o documento, sem mais detalhes.
Questionado sobre o cancelamento do DRACO durante um webinar recente do Instituto Mitchell, Rob McHenry, vice-diretor da DARPA, disse que a agência “está constantemente reavaliando” os programas em desenvolvimento, o que incluiu uma reanálise dos motivos para levar adiante o DRACO.
Segundo ele, o DRACO foi iniciado antes de uma “queda acentuada nos custos de lançamento”, impulsionada pela SpaceX, e com base na crença de que a NTP seria a melhor abordagem para atender a certas missões de segurança nacional — que ele não especificou.
“Durante a execução do programa, ambas as premissas começaram a enfraquecer cada vez mais”, disse ele. “À medida que os custos de lançamento caíram, a eficiência obtida com a propulsão térmica nuclear em comparação com os enormes custos de P&D necessários para alcançar essa tecnologia começou a parecer um retorno sobre investimento (ROI) cada vez menos positivo”, afirmou. “Assim, o interesse operacional da segurança nacional na tecnologia diminuiu proporcionalmente a essa percepção.”
Um segundo fator, segundo ele, foi uma análise posterior que favoreceu uma tecnologia alternativa: a propulsão elétrica nuclear (NEP). Essa tecnologia usa um reator nuclear para gerar eletricidade que alimenta um sistema de propulsão elétrica. A NEP oferece eficiência muito maior do que a NTP — que já é mais eficiente do que os sistemas de propulsão química —, mas com impulso significativamente menor.
“A propulsão elétrica nuclear provavelmente é uma solução mais ideal a longo prazo”, disse ele, tanto para a exploração científica quanto para aplicações de segurança nacional. “Essa capacidade de gerar energia no espaço pode ser tão importante quanto a eficiência da propulsão.”
McHenry acrescentou que a DARPA estava enfrentando “barreiras de infraestrutura” relacionadas ao lançamento de um reator nuclear, como a capacidade de realizar testes em solo. “A compreensão dos riscos e desafios de lançar um reator provavelmente foi subestimada no início do programa.”
Isso, segundo ele, desestimulou a agência em relação ao DRACO. “Queremos trabalhar com tecnologias disruptivas. Não queremos gastar grandes somas de dinheiro melhorando a infraestrutura central de outras instalações governamentais.”
Ele disse que a DARPA está interessada em sistemas de propulsão elétrica nuclear e que os gerentes de programas da agência estão explorando essas oportunidades, mas não deu mais detalhes.
A decisão da DARPA de cancelar o DRACO ocorre no momento em que a NASA também propõe abandonar suas próprias tecnologias de propulsão nuclear. A proposta orçamentária para o ano fiscal de 2026 remove todo o financiamento tanto para os projetos de NEP quanto de NTP dentro da diretoria de tecnologia espacial da NASA.
“Esses esforços são investimentos caros, levariam muitos anos para se desenvolver e não foram identificados como o modo de propulsão para missões ao espaço profundo”, afirmou a NASA no documento orçamentário. “Os projetos de propulsão nuclear estão sendo encerrados para obter economia de custos e porque há alternativas de propulsão de curto prazo para o trânsito até Marte.”
A DARPA não está sozinha ao mudar seu foco da NTP para a NEP. Em entrevistas após a Casa Branca retirar sua indicação para administrador da NASA, Jared Isaacman afirmou que prefere a NEP e que teria apoiado seu desenvolvimento na NASA, caso tivesse sido confirmado.
“Olha, não sou fã da propulsão térmica nuclear. Gosto da elétrica nuclear”, disse Isaacman no podcast “All-In” publicado em 4 de junho. “A propulsão térmica nuclear, para testá-la, você estaria liberando detritos radioativos aqui na Terra. Isso não será bem aceito por ninguém.”
Ele também observou que os sistemas NTP precisariam ser reabastecidos no espaço com hidrogênio líquido, então “isso não resolve realmente o problema de reabastecimento”.
Um relatório de 2021 das Academias Nacionais, no entanto, foi mais otimista quanto ao desenvolvimento de sistemas NTP para missões a Marte do que para sistemas NEP, citando a falta de progresso em subsistemas-chave necessários para a NEP. Mesmo a NTP, porém, exigiria um “programa agressivo” para ter um sistema pronto para uma missão tripulada a Marte até o final da década de 2030.
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