Descoberta de Fóssil nos Confins do Sistema Solar, Complica a Existência do Hipotético Planeta 9

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[Imagem: NAOJ]
A órbita do 2023 KQ14 (em vermelho) comparada às órbitas dos outros três sednoides (em branco). Ele foi descoberto próximo ao seu periélio, a uma distância de 71 unidades astronômicas.

Sednoide
 
No dia de ontem (16/07), o portal, Inovação Tecnológica noticiou que enquanto os astrônomos se esforçam para entender a origem e as características do 3I/ATLAS, o terceiro objeto interestelar a transitar por nossas vizinhanças, outra equipe descobriu uma relíquia aqui mesmo do Sistema Solar.
 
De acordo com a nota, uma equipe do Telescópio Subaru, no Japão, descobriu um pequeno corpo celeste além de Plutão, com implicações para a formação, evolução e a estrutura atual do Sistema Solar Externo, incluindo a existência do ainda hipotético Planeta Nove.
 
O objeto foi encontrado por meio de observações feitas em março, maio e agosto de 2023, durante o Projeto de Rastreio FOSSIL (Formação do Sistema Solar Exterior), que tira proveito do amplo campo de visão do telescópio Subaru. Ele foi inicialmente designado como 2023 KQ14, com um nome mais clássico devendo ser futuramente atribuído pela União Astronômica Internacional.
 
Para confirmar a descoberta, a equipe realizou observações de acompanhamento em julho de 2024, usando o Telescópio Canadá-França-Havaí, e fez uma ampla pesquisa em dados antigos de outros observatórios, procurando avistamentos do objeto que tenham passado despercebidas.
 
Isso permitiu rastrear a órbita do 2023 KQ14 ao longo de 19 anos. Devido à sua órbita peculiarmente distante, o corpo celeste foi classificado como um "sednoide", tornando-se apenas o quarto exemplo conhecido desse tipo raro de objeto - o nome é uma referência ao Sedna, um planeta anão que por muito tempo manteve o título de objeto conhecido mais distante do Sol, quando se acreditava que ele seria um caso isolado e único.
 
Simulações computadorizadas indicam que o 2023 KQ14 manteve uma órbita estável por pelo menos 4,5 bilhões de anos. Embora sua órbita atual seja diferente da dos outros sednoides, as simulações sugerem que suas órbitas eram notavelmente semelhantes há cerca de 4,2 bilhões de anos. E isso é importante.
 
[Imagem: Ying-Tung Chen et al. - 10.1038/s41550-025-02595-7]
Aos poucos vai se desenhando uma rica história do Sistema Solar externo.

Implicações Para o Planeta 9
 
O fato de que o 2023 KQ14 segue hoje uma órbita diferente da dos outros sednoides indica que o Sistema Solar externo é mais diverso e mais complexo do que os astrônomos acreditavam. E isso também impõe novas restrições ao hipotético Planeta Nove: Se o Planeta Nove realmente existir, sua órbita deve estar mais distante do que os astrônomos vinham prevendo.
 
"O fato de a órbita atual do 2023 KQ14 não se alinhar com a dos outros três sednoides diminui a probabilidade da hipótese do Planeta Nove. É possível que um planeta tenha existido no Sistema Solar, mas tenha sido ejetado posteriormente, causando as órbitas incomuns que vemos hoje," comentou o professor Yukun Huang, do Observatório Astronômico Nacional do Japão.
 
"O 2023 KQ14 foi encontrado em uma região distante, onde a gravidade de Netuno tem pouca influência. A presença de objetos com órbitas alongadas e grandes distâncias de periélio nessa área sugere que algo extraordinário ocorreu durante a era antiga, quando o 2023 KQ14 se formou. Compreender a evolução orbital e as propriedades físicas desses objetos únicos e distantes é crucial para compreender a história completa do Sistema Solar," acrescentou seu colega Fumi Yoshida.
 
Saibam Mais:
 
Autores: Ying-Tung Chen, Patryk Sofia Lykawka, Yukun Huang, JJ Kavelaars, Wesley C. Fraser, Michele T. Bannister, Shiang-Yu Wang, Chan-Kao Chang, Matthew J. Lehner, Fumi Yoshida, Brett Gladman, Mike Alexandersen, Edward Ashton, Young-Jun Choi, A. Paula Granados Contreras, Takashi Ito, Youngmin JeongAhn, Jianghui Ji, Myung-Jin Kim, Samantha M. Lawler, Jian Li, Zhong-Yi Lin, Hong-Kyu Moon, Surhud More, Marco Muñoz-Gutiérrez, Keiji Ohtsuki, Lowell Peltier, Rosemary E. Pike, Tsuyoshi Terai, Seitaro Urakawa, Hui Zhang, Haibin Zhao, Ji-Lin Zhou
Revista: Nature Astronomy
DOI: 10.1038/s41550-025-02595-7
 
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