Astrônomos Querem Explorar as 'Eras Sombrias do Universo' a Partir do Lado Oculto da Lua
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Credito: Space Daily
No dia 09/07, o portal Space Daily noticiou que Astrônomos estão querendo desvendar os segredos da "Aurora Cósmica" enviando uma espaçonave em miniatura para escutar um "sussurro antigo" no lado oculto da Lua.
De acordo com a nota do portal, a missão proposta estudará o universo muito primitivo, logo após o Big Bang, quando ele ainda era bastante escuro e vazio, antes do surgimento das primeiras estrelas e galáxias.
Mas para investigar as "Eras Sombrias" do cosmos, o silêncio é essencial. E a Terra é um lugar muito "barulhento" para sinais de rádio, com interferência da nossa atmosfera e de todos os nossos dispositivos eletrônicos.
"É como tentar ouvir um sussurro enquanto um show barulhento está acontecendo ao lado", disse o Dr. Eloy de Lera Acedo, que está apresentando a proposta na Reunião Nacional de Astronomia 2025 da Sociedade Real de Astronomia, em Durham.
"Isso torna muito difícil captar aqueles sinais fracos de bilhões de anos atrás. Para detectar um sinal especial de rádio vindo do hidrogênio — o primeiro, mais básico e mais abundante elemento químico — no universo primitivo, precisamos de silêncio.
"Por isso estamos propondo enviar um pequeno satélite para orbitar a Lua e detectar um sinal que pode conter pistas sobre como tudo começou e como estruturas como galáxias se formaram."
A Missão CosmoCube, liderada pelo Reino Unido, faria observações a partir do lado oculto da Lua, que funciona como um escudo gigante, bloqueando todo o ruído de rádio vindo da Terra.
Isso criaria um local claro e silencioso para "ouvir" esse "sussurro antigo" e aprender mais sobre as Eras Sombrias do universo e a Aurora Cósmica — períodos que ainda são amplamente inexplorados.
"Com isso, o CosmoCube pretende nos ajudar a entender melhor como nosso universo se transformou de um estado simples e escuro para o cosmos complexo e repleto de luz que vemos hoje, com todas as suas estrelas e galáxias", disse de Lera Acedo, chefe da Divisão de Radioastronomia e Cosmologia Cavendish, da Universidade de Cambridge.
"Crucialmente, isso também ajudará os cientistas a investigar a misteriosa matéria escura e seu papel na formação dessas estruturas cósmicas."
O CosmoCube contará com um radiômetro de rádio de baixa potência e calibragem precisa, operando a partir de uma plataforma de satélite de baixo custo em órbita lunar. Ele funcionaria em baixas frequências (10-100 MHz), projetado para detectar sinais extremamente fracos em meio a um mar de ruído.
A missão poderá ajudar a esclarecer a chamada "tensão de Hubble", que se refere à discrepância nas medições da taxa de expansão do universo — especificamente entre o valor obtido por observações do universo primitivo e o valor obtido por observações do universo local.
Ela também pode oferecer insights sobre interações entre matéria escura e bárions (interações potenciais e não gravitacionais entre partículas de matéria escura e matéria comum) e sobre a física do universo primitivo.
Esse chamado período das "Eras Sombrias" é uma das últimas fronteiras inexploradas da cosmologia observacional. A época pré-estelar oferece uma visão imaculada sobre a formação de estruturas, as propriedades da matéria escura e a evolução inicial do cosmos.
"É incrível como essas ondas de rádio viajaram tão longe, chegando agora com notícias da história do universo", disse o professor David Bacon, também pesquisador do CosmoCube, da Universidade de Portsmouth.
"O próximo passo é ir ao lado mais silencioso da Lua para ouvir essas notícias."
O CosmoCube é apoiado pelo Programa Bilateral de Ciência da Agência Espacial do Reino Unido e está sendo desenvolvido por um consórcio internacional liderado pelo Reino Unido, com pesquisadores da Universidade de Cambridge, Universidade de Portsmouth e do STFC RAL Space.
O desenvolvimento dos instrumentos está bem avançado, com protótipos funcionais em laboratório, testes ambientais em andamento e colaboração fundamental com parceiros da indústria, como a SSTL Ltd, que está desenvolvendo a plataforma espacial e o conceito da missão.
A equipe por trás do projeto está planejando um cronograma de 4 a 5 anos até o lançamento, com o objetivo de alcançar a órbita lunar antes do fim da década.
Relatório de pesquisa: CosmoCube: Probing the Cosmic Dark Ages with a Miniature Radiometer in Lunar Orbit
Brazilian Space
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