A Startup Argentina 'Epic Aerospace' Instalará no Uruguai um Shaker (Provador de Vibração) Sem Igual na América Latina
Prezados leitores e leitoras do BS!
Trago para vocês uma matéria que, embora não seja recente — publicada em 18 de julho deste ano pelo portal América Económica — chegou até nós ontem (12/08), enviada por nosso amigo e colaborador argentino Martín Marteletti, ao qual agradecemos desde já. Segundo a reportagem, a startup argentina Epic Aerospace planeja instalar no Uruguai um shaker (equipamento de teste de vibração) sem precedentes na América Latina. Embora o foco inicial seja o setor espacial, o equipamento também tem potencial de aplicação na indústria automobilística brasileira.
A empresa argentina aposta que seu novo shaker, um instrumento de testes de vibração, possa ser utilizado por setores além do espacial para testar equipamentos muito pesados, já que será o maior da América Latina no setor privado, disse à Agência Sputnik seu responsável no Uruguai, Leonardo Rojas.
"A operação aqui no Uruguai é construir uma instalação para todos os testes de vibração, com a compra do shaker eletrodinâmico que já está a caminho, um shaker de 300 kilonewtons que será o maior da América Latina", explicou Rojas, engenheiro químico que supervisiona os testes de vibração dos veículos espaciais da empresa, fabricados na Argentina e montados no Uruguai.
A empresa argentina constrói veículos de transferência orbital (OTV), uma espécie de rebocador que leva cargas ao espaço para deixá-las em diferentes órbitas.
Após uma apresentação da empresa durante uma jornada de palestras sobre astronomia, ciência e tecnologia espacial organizada pela empresa Astranova Uruguai no Planetário de Montevidéu, Rojas comentou à agência que também se dedicarão à parte de montagem, integração e testes (AIT, na sigla em inglês) dos rebocadores, além da fabricação do sistema de proteção térmica da nave (Multi-layer Insulation, MLI), que atualmente é feito na Argentina.
"O shaker é a cereja do bolo do que estamos fazendo aqui (no Uruguai)", afirmou Rojas.
Um teste de vibração é um ensaio para comprovar que o aparelho resistirá a movimentos bruscos ou quedas, sendo feito tanto em marca-passos e celulares quanto em baterias de carros elétricos e naves espaciais.
Por isso, o equipamento da Epic Aerospace — com dois metros de altura, dois de largura e cerca de quatro metros de comprimento — também poderá ser utilizado pelo setor automotivo do Brasil, já que essa indústria normalmente não conta com esse tipo de equipamento, comentou Rojas.
"O Brasil é um país que, por exemplo, produz muita tecnologia, entre elas tudo relacionado ao setor automotivo. As baterias dos novos carros elétricos são muito pesadas, especialmente as de caminhonetes, então os shakers disponíveis hoje no Brasil não têm capacidade para vibrar essa quantidade de massa", explicou o especialista.
Para esse setor, um shaker seria um investimento muito caro, pois se testa apenas uma bateria, e como o modelo não muda, as demais são fabricadas sem passar por novos testes.
O instrumento, que chegará à empresa no Uruguai em 22 de agosto, localizada na zona franca Zonamérica, nos arredores de Montevidéu, pode suportar até 3.000 quilos de peso, acrescentou.
O último OTV construído e lançado ao espaço pela Epic, até uma órbita lunar, pesava 150 quilos, enquanto o que está sendo fabricado atualmente, com lançamento previsto para o final de agosto, pesa 700 quilos, comparou Rojas.
TESTE VITAL
Na indústria espacial, tudo o que viaja em um foguete deve passar por um teste de vibração, que é quase uma das etapas finais, depois que a nave já está montada, explicou Rojas.
Fabricantes de satélites de todo o continente poderiam utilizar o equipamento da Epic, comentou, já que shakers de tamanho semelhante são encontrados na Europa e na Ásia.
"O mais fácil, realmente, é que façam os testes com a gente, porque temos capacidade de sobra, podemos testar massas de até 3.000 quilos. Não há, aqui na América Latina, um shaker que se aproxime", afirmou.
O custo de um equipamento de testes de vibração gira em torno de 1,5 milhão de dólares para um de 200 kilonewtons, dependendo de sua origem; os de fabricação chinesa são os mais econômicos atualmente, dependendo do sistema de controle utilizado.
No entanto, o investimento total é maior, pois é necessário instalar um sistema de refrigeração, o sistema elétrico, entre outros, disse Rojas.
O engenheiro trabalha com outro colega na ampliação das atividades da empresa no Uruguai, que planeja contratar até mais quatro profissionais.
A Epic Aerospace também planeja fabricar no Uruguai os cobertores térmicos usados na construção de naves espaciais, serviço atualmente terceirizado, que protege os veículos das diferentes temperaturas.
"Nós compramos os cobertores na Argentina, há muitas empresas lá que os produzem, quase todas são estatais, mas a ideia é fabricarmos aqui, porque, na verdade, há mão de obra no Uruguai que sabe fazer MLI", disse Rojas.
Em fevereiro, a Epic lançou o veículo Chimera Geo 1, pela primeira vez com um motor de foguete construído totalmente na Argentina, em uma missão da empresa Intuitive Machines com a SpaceX rumo à Lua.
Em janeiro de 2023, a empresa havia lançado seu primeiro "rebocador" espacial, Chimera Leo 1, também com a SpaceX.
Brazilian Space
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